11 de junho de 2015

Indústria Mundial
O Brasil na contramão da
indústria mundial no início de 2015


   

 
O relatório da UNIDO sobre a produção de manufaturas no primeiro trimestre de 2015 aponta crescimento moderado de 2,8% em relação ao primeiro trimestre de 2014. As variações trimestrais em 2014 foram superiores à dos três meses inaugurais de 2015, mas desacelerando: 4,8% no primeiro trimestre de 2014, 3,4% no segundo, 3,7% no terceiro e 3,3% no último, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, nos três meses inaugurais de 2015 a indústria teve elevação de 4,4% na produção de manufaturas, com ajuste sazonal.

Cabe notar que a produção da indústria de transformação brasileira retraiu 8,0% no mesmo período em relação a janeiro-março de 2014, francamente na direção oposta do grupo de países emergentes e em desenvolvimento, que teve expansão de 5,3%. Tal crescimento contou com o melhor resultado da China (7,2%) e dos países da Ásia e Pacífico em geral (6,6%) – cujos indicadores em relação ao trimestre anterior também melhoraram expressivamente.

Já a indústria de transformação da América Latina retraiu 2,1% no mesmo período, comparando com janeiro-março de 2014, pressionada por Brasil, mas também Argentina (-1,5%) e Peru (-4,2%). Por outro lado, o México teve aumento de 3,7% apoiado, principalmente, nos setores de instrumentos médicos, óticos e de precisão (11,3%) e de veículos automotores, carrocerias e semi-carrocerias (12,0%).

Já os países desenvolvidos registraram variação positiva de 1,3% da produção manufatureira nos três primeiros meses do ano, após variação de 1,9% no último trimestre de 2014, ambos em relação ao mesmo período do ano anterior. Em relação ao último trimestre de 2014 o crescimento de janeiro-março de 2015, descontados os efeitos sazonais, foi nulo.

A despeito da melhoria na Europa nessa comparação (0,4%), o fraco desempenho da produção manufatureira das economias desenvolvidas foi abalado pela desaceleração no ritmo de expansão nos países desenvolvidos da América do Norte (-0,3%, tendo sido positivo nas medições anteriores) e do Leste asiático (-0,3%). Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a transformação industrial nos primeiros meses de 2015 variou 3,7% na América do Norte, -2,0% na Ásia e 1,2% na Europa.

Os EUA continuam ostentando a maior expansão entre todos os países do grupo dos desenvolvidos, de 3,8% no primeiro trimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, mas com resultado inferior às medições anteriores por conta da valorização do dólar e da queda da demanda dos mercados latino-americanos, além da esfriada na demanda interna.

Já a leve retomada europeia está relacionada também à apreciação do dólar, o que lhe rende mercados externos. Assim, ainda na comparação com janeiro-março de 2014, nos primeiros meses de 2015 a produção da indústria de transformação elevou-se 5,2% na República Tcheca, 7,8% na Hungria e 6,1% na Eslovênia. Por outro lado, se a queda nos preços do petróleo ajuda a reduzir os custos das indústrias das economias desenvolvidas, no caso da Rússia levou a uma variação negativa do produto da indústria de transformação de 1,7% na mesma comparação.

Em nível global, em termos de setores da indústria de transformação, a grande maioria registrou variação positiva entre janeiro e março de 2015 em relação ao mesmo trimestre de 2014, a única exceção foi impressão e publicação (-0,5%). Os aumentos de produção mais expressivos foram os de outros equipamentos de transporte (8,4%), Rádio/TV/comunicações (7,9%) e produtos químicos (5,7%), nos dois últimos casos devido à expansão expressiva nos países desenvolvidos, de 6,0% e 4,9%, respectivamente (lembrando que a média desse grupo de economias fora de 1,3% no período). Já a expansão de outros equipamentos de transporte se deve ao aumento de 13,8% na produção das economias em desenvolvimento e emergentes, único de dois dígitos entre todos os setores na comparação do primeiro trimestre de 2015 com o mesmo período de 2014.

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