A crise da indústria brasileira é geral não
somente do ponto de vista de seus ramos produtivos. Ela também
pode ser observada em diferentes locais do País. Quando
atinge tal grau de generalização é porque
a crise já se alastrou para todo o tecido industrial, abrangendo
bens de capital e bens duráveis de consumo, como também
as indústrias de bens intermediários e a indústria
produtora de bens de amplo consumo pela população.
Por isso, ela abarca as regiões mais intensamente industrializadas,
como São Paulo, como também as indústrias
das regiões mais especializadas do país.
Em abril último
com relação a março (considerados os ajustes
sazonais), a produção industrial recuou em treze
dos quatorze locais pesquisados pelo IBGE. E são quedas
fortes da atividade industrial, como, por exemplo, as registradas
no Ceará (–7,9%), na Bahia (–5,1%), no Amazonas
(–5,1%), em Pernambuco (–4,6%), na Região Nordeste
(–3,7%) e em São Paulo (–3,6%).
No primeiro
quadrimestre deste ano, o quadro é mais drástico.
Em doze dos quinze locais pesquisados, a produção
industrial caiu e a taxas negativas muito expressivas. Para citar
alguns exemplos, no Amazonas, sobretudo em decorrência da
retração do segmento de equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (–38,3%), a
produção recuou 18,2% no acumulado dos quatro primeiros
meses deste ano frente igual período de 2014. Na Bahia,
a queda foi de 12,3% – em grande medida, devido ao encolhimento
da produção dos segmentos de coque, produtos derivados
do petróleo e biocombustíveis (–35,1%) e metalurgia
(–24,3%).
Ainda considerando
o quadrimestre, os recuos da produção também
são elevados no Paraná (–8,5%), Ceará
(–8,2%), Rio Grande do Sul (–8,1%), em Minais Gerais
(–7,7%), na Região Nordeste (–7,1%), em São
Paulo (–7,1%), Santa Catarina (–6,7%) e no Rio de
Janeiro (–5,5%).
O agravante
dessa crise, e que piora muito as projeções da evolução
industrial nos próximos meses, é o que vem ocorrendo
nos principais centros industriais do País. Como observado
acima, em Minas e no Rio de Janeiro, a produção
recuou fortemente neste início de ano (–7,7% e –5,5%,
respectivamente). São resultados piores do que os registrados
em 2014, quais sejam: –2,9% e –2,8%, nessa mesma ordem.
Em São
Paulo, onde a indústria é mais estruturada e diversificada,
a atividade produtiva industrial, que havia amargado a maior queda
(–6,2%) entre os diferentes locais do País em 2014,
aparece neste primeiro quadrimestre com recuo mais acentuado (de
–7,1%, como também supracitado). A crise da indústria
paulista é intensa e se estende no tempo: ao se comparar
os números de um mês com os do mesmo mês do
ano anterior, a produção em São Paulo cai
a quatorze meses consecutivos – encerrados em abril.
A crise da
indústria não é de hoje e suas causas já
estão “mapeadas”. A intensificação
dessa crise neste ano tem a ver, sobretudo, com o andamento da
economia brasileira, ou ainda, com a perda de ritmo ou mesmo com
a retração das atividades em outros setores, como,
por exemplo, a do comércio e da construção.
Tem tudo a ver com o colapso das expectativas dos empresários
quanto à situação econômica do País
e de seus negócios. Tem tudo a ver com o encolhimento dos
investimentos e, pelo menos por enquanto, reflete o impacto negativo
do ajuste econômico do Governo sobre a atividade econômica.
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