9 de junho de 2015

Indústria Regional
Crise em todo o País


   

 
A crise da indústria brasileira é geral não somente do ponto de vista de seus ramos produtivos. Ela também pode ser observada em diferentes locais do País. Quando atinge tal grau de generalização é porque a crise já se alastrou para todo o tecido industrial, abrangendo bens de capital e bens duráveis de consumo, como também as indústrias de bens intermediários e a indústria produtora de bens de amplo consumo pela população. Por isso, ela abarca as regiões mais intensamente industrializadas, como São Paulo, como também as indústrias das regiões mais especializadas do país.

Em abril último com relação a março (considerados os ajustes sazonais), a produção industrial recuou em treze dos quatorze locais pesquisados pelo IBGE. E são quedas fortes da atividade industrial, como, por exemplo, as registradas no Ceará (–7,9%), na Bahia (–5,1%), no Amazonas (–5,1%), em Pernambuco (–4,6%), na Região Nordeste (–3,7%) e em São Paulo (–3,6%).

No primeiro quadrimestre deste ano, o quadro é mais drástico. Em doze dos quinze locais pesquisados, a produção industrial caiu e a taxas negativas muito expressivas. Para citar alguns exemplos, no Amazonas, sobretudo em decorrência da retração do segmento de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–38,3%), a produção recuou 18,2% no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano frente igual período de 2014. Na Bahia, a queda foi de 12,3% – em grande medida, devido ao encolhimento da produção dos segmentos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–35,1%) e metalurgia (–24,3%).

Ainda considerando o quadrimestre, os recuos da produção também são elevados no Paraná (–8,5%), Ceará (–8,2%), Rio Grande do Sul (–8,1%), em Minais Gerais (–7,7%), na Região Nordeste (–7,1%), em São Paulo (–7,1%), Santa Catarina (–6,7%) e no Rio de Janeiro (–5,5%).

O agravante dessa crise, e que piora muito as projeções da evolução industrial nos próximos meses, é o que vem ocorrendo nos principais centros industriais do País. Como observado acima, em Minas e no Rio de Janeiro, a produção recuou fortemente neste início de ano (–7,7% e –5,5%, respectivamente). São resultados piores do que os registrados em 2014, quais sejam: –2,9% e –2,8%, nessa mesma ordem.

Em São Paulo, onde a indústria é mais estruturada e diversificada, a atividade produtiva industrial, que havia amargado a maior queda (–6,2%) entre os diferentes locais do País em 2014, aparece neste primeiro quadrimestre com recuo mais acentuado (de –7,1%, como também supracitado). A crise da indústria paulista é intensa e se estende no tempo: ao se comparar os números de um mês com os do mesmo mês do ano anterior, a produção em São Paulo cai a quatorze meses consecutivos – encerrados em abril.

A crise da indústria não é de hoje e suas causas já estão “mapeadas”. A intensificação dessa crise neste ano tem a ver, sobretudo, com o andamento da economia brasileira, ou ainda, com a perda de ritmo ou mesmo com a retração das atividades em outros setores, como, por exemplo, a do comércio e da construção. Tem tudo a ver com o colapso das expectativas dos empresários quanto à situação econômica do País e de seus negócios. Tem tudo a ver com o encolhimento dos investimentos e, pelo menos por enquanto, reflete o impacto negativo do ajuste econômico do Governo sobre a atividade econômica.
  

 
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, entre março e abril a produção industrial, com ajuste sazonal, caiu em treze dos catorze locais pesquisados. As maiores quedas ficaram por conta dos estados do Ceará (–7,9%), Bahia (–5,1%), Amazonas (–5,1%) e Pernambuco (–4,6%). Os demais resultados negativos foram observados na Região Nordeste (–3,7%), São Paulo (–3,6%), Goiás (–2,1%), Rio Grande do Sul (–1,9%), Pará (–1,8%), Rio de Janeiro (–1,2%), Santa Catarina (–0,9%), Minas Gerais (–0,8%) e Espírito Santo (–0,5%). Por outro lado, o Paraná foi o único a registrar variação positiva, com expansão de 1,4%.

Na comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, em 13 dos 15 locais pesquisados pelo IBGE ocorreu decréscimo da produção industrial: Amazonas (–19,9%), Ceará (–14,7%), Bahia (–12,8%), São Paulo (–11,3%), Região Nordeste (–8,4%), Pernambuco (–8,0%), Mato Grosso (–7,7%), Minas Gerais (–7,6%), Santa Catarina (–6,6%), Rio Grande do Sul (–6,0%), Goiás (–3,2%), Paraná (–2,6%) e Rio de Janeiro (–2,1%). Por outro lado, Espírito Santo (14,4%) e Pará (5,8%) foram os avanços na produção industrial de abril de 2015.

Já, no acumulado janeiro a abril de 2015, a produção industrial apresentou crescimento em apenas 3 das 15 localidades. As ampliações no desempenho regional foram registradas pelos estados do Espírito Santo (19,2%), Pará (8,0%) e Mato Grosso (0,6%). As maiores quedas ficaram a cargo do estado do Amazonas (–18,2%), Bahia (–12,3%), Paraná (–8,5%), Ceará (–8,2%), Rio Grande do Sul (–8,1%), Minais Gerais (–7,7%), Região Nordeste (–7,1%), São Paulo (–7,1%) e Santa Catarina (–6,7%). Com queda abaixo da queda nacional, ficou o Rio de Janeiro (–5,5%), Goiás (–1,1%) e Pernambuco (–0,3%).

 

 
Paraná. Em abril, frente meio, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial do estado apresentou alta de 1,4%, a única variação positiva nesta comparação. No confronto com abril de 2014, constatou–se redução de 2,6%, taxa influenciada principalmente pelos setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (–25,0%), produtos de minerais não–metálicos (–14,0%), produtos de borracha e de material plástico (–12,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–8,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–1,4%) e bebidas (–7,2%), enquanto o setor de produtos alimentícios (3,2%) e de produtos de madeira (15,1%) foram as influências positivas. No acumulado do ano, por sua vez, a indústria paranaense recuou 8,5%, pressionada pela queda dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (–34,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–8,1%), de produtos de minerais não–metálicos (–17,7%) e de produtos alimentícios (–2,8%).

São Paulo. Em abril, a indústria paulista apresentou queda de 3,6% na comparação com maio (dados livres de efeitos sazonais). Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 11,3%, taxa impulsionada pelos setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–21,1%), produtos alimentícios (–9,5%), máquinas e equipamentos (–12,3%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (–19,5%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–6,8%), outros produtos químicos (–8,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–16,4%), metalurgia (–13,4%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–12,2%). No acumulado no ano de 2015 a produção industrial recuou 7,1%, com destaque para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–15,5%), máquinas e equipamentos (–11,2%), produtos alimentícios (–7,9%), outros produtos químicos (–7,5%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (–12,1%) e metalurgia (–10,7%). Por outro lado, o setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (5,4%) assinalou o principal impacto positivo.

 

 

 

 

 

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