O IEDI está divulgando em via eletrônica o livro
“Indústria
e Desenvolvimento - Reflexões e Propostas do IEDI para
a Economia Brasileira” que reúne
suas principais contribuições sobre a indústria
e seu papel no desenvolvimento econômico do Brasil. São
trinta textos representativos dos 25 anos de existência
do Instituto
O livro pode
ser obtido em nosso site em formato eletrônico (clique
aqui). Caso deseje receber um exemplar do livro, por favor,
clique
aqui.
A edição
de hoje da Carta
IEDI reproduz três estudos do livro que mostram a modernidade
do pensamento do IEDI e sua utilização pertinente
dos conceitos centrais do desenvolvimento e da relevância
do setor industrial para esse processo.
O primeiro,
“Bases para a Elaboração de um
Projeto Nacional”, é de autoria de
Paulo Guilherme Aguiar Cunha e foi originalmente publicado em
junho de 1997. Defende a produção como centro de
um projeto nacional. A seguir, trechos desse estudo.
“As
bases para a elaboração de um projeto nacional,
sem dúvida, remetem a algo complexo: um verdadeiro desafio.
Sobretudo porque o Brasil tornou-se refém do presente,
do dia a dia das decisões do mercado, sem visão
prospectiva, sem afirmações contundentes sobre o
que queremos ser, onde queremos chegar e de que forma.
Contudo, é
importante destacar que existem alternativas. A proposta a ser
apresentada nesse trabalho tem a produção como centro
do projeto nacional. Vale relembrar que é devido ao fato
da produção ter deixado de ser o centro desse projeto
que o país andou para trás, perdeu espaço
na economia internacional.
Não
se trata de negar a importância da estabilização,
porém em termos do que deveria ser essa política
de estabilização, seria recomendável um equilíbrio
na dosagem dos instrumentos, em níveis bem diferentes dos
atuais. É possível e necessária a combinação
equilibrada de meios que permitam o aumento dos investimentos
estrangeiros produtivos e das empresas nacionais, sem prejuízo
do combate à inflação.
A produção
nacional deve ser um dos principais objetivos de um projeto de
desenvolvimento coerente, pois somente com o seu crescimento será
possível o aumento do emprego – vale lembrar que
não há emprego sem empresa – e do nível
de renda e, consequentemente, contar com maior justiça
social, por meio de melhor distribuição da renda.”
O segundo
estudo, “A Política de Desenvolvimento
Industrial: O Que É e o que Representa para o Brasil”,
publicado originalmente em Abril de 2002, sustenta que a Política
Industrial é um componente de uma estratégia de
fortalecimento da indústria e parte indispensável
de uma política de desenvolvimento.
A seguir,
trechos desse trabalho.
“Política
Industrial é um conjunto coordenado de ações,
envolvendo setor público e setor privado, visando ampliar
a competitividade da indústria. O objetivo final é
impulsionar o crescimento econômico e o emprego do setor
industrial. Assim, a Política Industrial é um componente
de uma estratégia de fortalecimento da indústria
e parte indispensável de uma política de desenvolvimento.
A promoção da competitividade constitui o foco da
Política Industrial praticada atualmente no mundo desenvolvido
e em países que buscam promover seu desenvolvimento.
A Política
Industrial, como política de promoção da
competitividade, é indissociável da concorrência,
da atualização tecnológica e do aumento da
produtividade, não sendo seus objetivos criar e disseminar
setores e empresas privilegiadas, ineficientes e que sobrevivem
à sombra da proteção e do subsídio.
A globalização
e os acordos de liberalização comercial em negociação
pelo Brasil (ALCA, Mercosul/UE, além de uma nova rodada
de liberalização da OMC) tornam imprescindível
a renovação permanente da competitividade da atividade
industrial e da economia como um todo, razão pela qual,
correspondentemente, a Política Industrial também
deve ser permanente, sendo continuamente renovada.
A Política
Industrial não se coloca como alternativa ou se contrapõe
à execução de políticas e ao desenvolvimento
dos demais setores da economia. O desenvolvimento industrial é
fator adicional de estímulo ao desenvolvimento da agricultura,
dos serviços e das atividades financeiras.
A política
e o desenvolvimento industrial não são incompatíveis
com a estabilidade inflacionária e o controle das contas
públicas, como mostram as experiências de vários
países que desfrutam de grande crescimento industrial,
praticam ativas políticas industriais e preservam a estabilidade.
As medidas
horizontais devem ser permanentes e, a princípio, as principais
medidas na concepção de uma Política Industrial.
Políticas setoriais ou atinentes a cadeias produtivas são
complementares, geralmente transitórias e com objetivos
específicos claramente definidos.
Deveriam ser
absolutamente prioritárias como medidas horizontais de
Política Industrial:
O terceiro
estudo, “A Agenda do Desenvolvimento”,
publicado em Agosto de 2010, defende temas que hoje se mostram
muito relevantes para o reerguimento da economia brasileira. Dentre
eles, propõe que a manutenção da estabilidade
inflacionária e a solidez das contas públicas e
das contas externas como condições para o desenvolvimento
que se almeja.
A seguir trechos
do trabalho.
“Concepção
de desenvolvimento – Desenvolvimento é concebido
como um processo longo e de vigoroso crescimento, mas não
apenas isso. É inseparável de avanços sociais
na educação, na saúde, na distribuição
da renda e nas condições de moradia e de vida da
população. Pressupõe ainda a sustentabilidade
do processo como um todo, vale dizer, a sua reprodução
sem esbarrar em retrocessos ou limites como os ditados pela degradação
ambiental.
Potencialidades
do desenvolvimento brasileiro – O Brasil dispõe de
grande potencialidade em todas essas dimensões, ou seja,
no crescimento econômico vigoroso, no avanço social
e no desenvolvimento da inovação e da sustentabilidade.
Em suma, apresentam-se
fatores e oportunidades que há pelo menos três décadas
não se faziam presentes, mas que agora dão ao Brasil
a possibilidade de formular uma estratégia própria
para ampliar significativamente seu desenvolvimento econômico
e social e, no horizonte de 20 anos, posicioná-lo na fronteira
de uma economia desenvolvida. Essa estratégia envolve múltiplas
políticas para alavancar o crescimento da economia, dar
continuidade e impulsionar ainda mais o desenvolvimento social
e incentivar a inovação e a sustentabilidade.
Política
macroeconômica – A manutenção da estabilidade
inflacionária e a solidez das contas públicas e
das contas externas são condições para o
desenvolvimento que se almeja. O Brasil precisa redobrar os esforços
para posicionar sua taxa de juros a um nível significativamente
inferior ao atual e alinhado com outros países desenvolvidos
e em desenvolvimento. Do contrário, esse será um
fator de restrição ao seu desenvolvimento.
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aqui o texto completo desta Análise.