6 de maio de 2015

Indústria
Desorganização industrial


  

 
O ajuste da economia brasileira está levando a indústria para uma situação desastrosa. O primeiro trimestre deste ano apresenta o segundo resultado mais negativo da produção industrial para um primeiro trimestre na série histórica do IBGE, iniciada em 2003 – o pior resultado ocorreu em 2009, período marcado pela crise financeira global.

A crise da indústria vem andando a passos largos e se agravou com relação a 2014. No primeiro trimestre deste ano, a produção industrial caiu mais do que nos dois últimos trimestres do ano passado (–3,5%, –4,1% e –5,9%, respectivamente, no terceiro e quarto trimestres de 2014 e primeiro trimestre deste ano).

Por serem mais dependentes de expectativas sobre o futuro e por dependerem mais de financiamentos – hoje, uma mercadoria rara e cara –, os setores de bens de capital (–18,0%) e de bens duráveis (–15,8%) são aqueles cuja produção recuou mais fortemente nos primeiros três meses deste ano. Mas, a crise é generalizada e afeta também os setores de bens intermediários (–2,8%) e de bens semi e não duráveis (–5,9%) – todas as taxas trimestrais calculadas com relação ao mesmo período do ano anterior.

Em quase todos os ramos do setor de bens de capital, a produção caiu no primeiro trimestre. No ramo de bens de capital para transporte, a queda foi de 24,7%; no de bens de capital para agricultura, o recuo foi de –20,3%; para construção, –25,1%; para uso misto, –18,6%; e para energia, –7,4%. Somente a produção de bens de capital para a indústria apresentou ligeiro crescimento no acumulado dos três primeiros meses de 2015, qual seja: de 0,4%.

No setor de bens duráveis, destacam-se as retrações na produção de automóveis (–16,1%), de eletrodomésticos da linha marrom (–36,2%) e de eletrodomésticos da linha branca (–7,7%). No setor de bens intermediários, a queda de 13,3% na produção de defensivos agrícolas e a de 8,2% na de insumos da construção refletem menor ritmo de atividade em outros segmentos da economia brasileira.

Se os números do primeiro trimestre apontam para um primeiro semestre muito ruim para a indústria nacional, o cenário que vai se configurando é de que dificilmente este quadro será revertido nos seis últimos meses de 2015.
   

 
Segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial de março registrou variação negativa de 0,8% frente a fevereiro na série livre de influências sazonais, após recuar 1,3% no mês anterior. Na comparação com março de 2014 a indústria assinalou queda de 3,5%. Dessa forma, a indústria acumulou decréscimo de 5,9% no primeiro trimestre do ano em comparação ao mesmo período de 2014. O indicador acumulado dos últimos doze meses frente a igual período imediatamente anterior apresentou variação negativa de 4,7%.

Entre as categorias de uso na comparação com o mês imediatamente anterior, os setores produtores de bens de capital (–4,4%) e consumo duráveis (–3,1%) registraram as maiores quedas, seguidos pelos bens de consumo semi e não–duráveis (–0,3%) e bens intermediários (–0,2%).

Os índices por categorias de uso na comparação com igual mês do ano anterior confirmam o predomínio de taxas negativas: bens de capital (–12,4%), bens de consumo duráveis (–6,6%), bens de consumo semi e não–duráveis (–3,1%) e bens intermediários (–2,1%).

No acumulado do ano, novamente todas as categorias de uso registraram índice de produção menor que em 2014: bens de capital (–18,0%), bens de consumo duráveis (–15,8%), e, em menor medida, bens de consumo semi e não–duráveis (–5,9%) e de bens intermediários (–2,8%).

 

 
O recuo de 0,8% da indústria entre fevereiro e março alcançou catorze dos vinte e quatro ramos pesquisados, com destaque para as perdas registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (–4,2%), máquinas e equipamentos (–3,8%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–8,1%), bebidas (–4,9%), produtos de borracha e de material plástico (–4,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–1,4%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (–6,7%) e metalurgia (–1,3%).

Na comparação com igual mês do ano anterior, a produção industrial mostrou queda de 3,5%, influenciada pelos setores produtores de veículos automotores, reboques e carrocerias (–12,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–9,8%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–22,7%), metalurgia (–9,4%), bebidas (–11,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (–9,5%), máquinas e equipamentos (–3,3%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (–7,4%), produtos de borracha e de material plástico (–3,0%) e produtos de minerais não–metálicos (–2,7%). Por outro lado, o setor das indústrias extrativas (8,9%) foi o a maior contribuição positiva.

No índice acumulado para os três primeiros meses de 2015, frente a igual período do ano anterior, a queda de 5,9% foi impulsionada pelo recuo de vinte e três dos vinte e seis ramos investigados. Veículos automotores, reboques e carrocerias (–20,7%), novamente, representou a maior contribuição negativa. Por outro lado, a principal influência foi observada no setor extrativo (10,3%).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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