A produção industrial no principal centro industrial
do País, o estado de São Paulo, vem oscilando muito
nos últimos meses: –2,6%, –6,6%, +7,3% e +0,3%,
respectivamente, de novembro do ano passado a fevereiro deste
ano – todas as taxas com relação ao mês
imediatamente anterior, considerados os ajustes sazonais.
Dois fatores
explicam tal comportamento. Primeiro, o início e fim das
férias coletivas, algo comum nesse período, mas
muito utilizado no final do ano passado e início deste
ano em decorrência do agravamento da crise industrial. Segundo,
os ajustes de estoques nos mais diferentes segmentos industriais.
Aqui, os empresários industriais estão “tateando”,
vale dizer, estão tentando encontrar o novo nível
de produção compatível com os mercados de
bens industriais, cuja tendência é, em geral, de
forte encolhimento. É um jogo de tentativa e erro, ao longo
do qual a produção oscila intensamente.
É preciso
ter em conta ainda que a indústria paulista sofre em cheio
com o aperto do crédito e a queda das expectativas de consumidores
e empresários relacionadas ao andamento da economia brasileira,
o que afeta, sobretudo, os setores de bens duráveis de
consumo e de bens de capital que têm peso elevado na estrutura
de produção do estado. No primeiro bimestre deste
ano frente igual período de 2014, por exemplo, a produção
paulista de veículos automotores, reboques e carrocerias
encolheu nada menos do que 17,8% e a de máquinas e equipamentos,
13,7%. A indústria de São Paulo como um todo retrocedeu
7% no mesmo período, sendo de 8,5% a queda em fevereiro.
Muitos desses
aspectos (oscilação e grande queda da atividade
produtiva) também podem ser observados em outros estados
com maior expressão industrial, como os do Sul e em outros
dois importantes centros, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No Paraná,
em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a produção
industrial caiu, respectivamente, 13,2%, 8,2% e 12,2% no primeiro
bimestre deste ano, números muito piores do que os do ano
passado. No Rio de Janeiro e em Minas, a queda da produção
industrial foi de 7,0% e 7,1%, nessa ordem, em igual bimestre.
Outros traços
marcantes que saltam aos olhos nos números do IBGE hoje
divulgados são o declínio da atividade industrial
no Nordeste que já perdura por quatro meses e a queda brusca
da produção da indústria do Amazonas. No
Nordeste, a produção industrial, que fechou 2014
com queda (–0,1%) bem abaixo da média nacional (–3,2%),
já acumula retração de 8,3% no primeiro bimestre
deste ano, influenciada, sobretudo, pelo desempenho negativo dos
segmentos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis
(–43,9%), metalurgia (–18,4%), confecção
de artigos do vestuário e acessórios (–18,8%),
indústrias extrativas (–5,5%), produtos de minerais
não metálicos (–8,3%), bebidas (–6,9%)
e produtos de metal (–18,0%). De fato, é uma queda
generalizada: em onze de quinze segmentos da indústria
nordestina ocorreram decréscimos da produção.
No Amazonas,
o quadro vem piorando a passos largos. Até setembro do
ano passado, a produção amazonense crescia 1% de
acordo com a taxa acumulada em doze meses. Fechou o ano de 2014
com queda de 3,9%. No acumulado de doze meses terminados em fevereiro,
a produção industrial do Amazonas apresentou queda
de 8,6%, o pior resultado comparativamente às demais localidades
pesquisadas pelo IBGE. Em grande medida, esse resultado se deve
ao início deste ano. No acumulado do primeiro bimestre
de 2015, a produção da indústria do Amazonas
recuou 15,5% frente igual período do ano anterior, com
queda em sete das dez atividades pesquisadas. Os destaques foram:
equipamentos de informática, produtos eletrônicos
e ópticos (–37,6%) e outros equipamentos de transporte
(–18,1), itens também muito sensíveis ao crédito
e à confiança por parte de consumidores e empresários.
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