7 de abril de 2015

Indústria Regional
Os traços distintivos de
São Paulo, Nordeste e Amazonas


   

 
A produção industrial no principal centro industrial do País, o estado de São Paulo, vem oscilando muito nos últimos meses: –2,6%, –6,6%, +7,3% e +0,3%, respectivamente, de novembro do ano passado a fevereiro deste ano – todas as taxas com relação ao mês imediatamente anterior, considerados os ajustes sazonais.

Dois fatores explicam tal comportamento. Primeiro, o início e fim das férias coletivas, algo comum nesse período, mas muito utilizado no final do ano passado e início deste ano em decorrência do agravamento da crise industrial. Segundo, os ajustes de estoques nos mais diferentes segmentos industriais. Aqui, os empresários industriais estão “tateando”, vale dizer, estão tentando encontrar o novo nível de produção compatível com os mercados de bens industriais, cuja tendência é, em geral, de forte encolhimento. É um jogo de tentativa e erro, ao longo do qual a produção oscila intensamente.

É preciso ter em conta ainda que a indústria paulista sofre em cheio com o aperto do crédito e a queda das expectativas de consumidores e empresários relacionadas ao andamento da economia brasileira, o que afeta, sobretudo, os setores de bens duráveis de consumo e de bens de capital que têm peso elevado na estrutura de produção do estado. No primeiro bimestre deste ano frente igual período de 2014, por exemplo, a produção paulista de veículos automotores, reboques e carrocerias encolheu nada menos do que 17,8% e a de máquinas e equipamentos, 13,7%. A indústria de São Paulo como um todo retrocedeu 7% no mesmo período, sendo de 8,5% a queda em fevereiro.

Muitos desses aspectos (oscilação e grande queda da atividade produtiva) também podem ser observados em outros estados com maior expressão industrial, como os do Sul e em outros dois importantes centros, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a produção industrial caiu, respectivamente, 13,2%, 8,2% e 12,2% no primeiro bimestre deste ano, números muito piores do que os do ano passado. No Rio de Janeiro e em Minas, a queda da produção industrial foi de 7,0% e 7,1%, nessa ordem, em igual bimestre.

Outros traços marcantes que saltam aos olhos nos números do IBGE hoje divulgados são o declínio da atividade industrial no Nordeste que já perdura por quatro meses e a queda brusca da produção da indústria do Amazonas. No Nordeste, a produção industrial, que fechou 2014 com queda (–0,1%) bem abaixo da média nacional (–3,2%), já acumula retração de 8,3% no primeiro bimestre deste ano, influenciada, sobretudo, pelo desempenho negativo dos segmentos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (–43,9%), metalurgia (–18,4%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (–18,8%), indústrias extrativas (–5,5%), produtos de minerais não metálicos (–8,3%), bebidas (–6,9%) e produtos de metal (–18,0%). De fato, é uma queda generalizada: em onze de quinze segmentos da indústria nordestina ocorreram decréscimos da produção.

No Amazonas, o quadro vem piorando a passos largos. Até setembro do ano passado, a produção amazonense crescia 1% de acordo com a taxa acumulada em doze meses. Fechou o ano de 2014 com queda de 3,9%. No acumulado de doze meses terminados em fevereiro, a produção industrial do Amazonas apresentou queda de 8,6%, o pior resultado comparativamente às demais localidades pesquisadas pelo IBGE. Em grande medida, esse resultado se deve ao início deste ano. No acumulado do primeiro bimestre de 2015, a produção da indústria do Amazonas recuou 15,5% frente igual período do ano anterior, com queda em sete das dez atividades pesquisadas. Os destaques foram: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (–37,6%) e outros equipamentos de transporte (–18,1), itens também muito sensíveis ao crédito e à confiança por parte de consumidores e empresários.

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