1º de abril de 2015

Indústria
O efeito do pessimismo


  

 
A atividade produtiva da indústria brasileira caiu 0,9% em fevereiro com relação a janeiro, considerados os ajustes sazonais, segundo números do IBGE. Nos dois primeiros meses deste ano, a produção industrial acumulou queda de 7,1%. Portanto, a indústria nacional começa 2015 com um quadro pior do que o do final do ano passado.

A crise industrial é generalizada, mas dois setores vêm amargando resultados extremamente negativos: bens de capital e bens duráveis. No acumulado janeiro-fevereiro deste ano frente igual período de 2014, a produção de bens de capital recuou 21,1% e a de bens duráveis, 20,1%.

Em todos os ramos do setor de bens de capital, houve queda da produção no acumulado dos dois meses iniciais deste ano. No ramo de bens de capital para transporte, a retração foi de 27,8%; no de bens de capital para agricultura, a taxa foi de –23,1%; para construção, –27,3%; para uso misto, –19,7%; para energia, –9,2%; e para indústria, –1,6%.

Ainda considerando o mesmo acumulado, destacam-se, dentro do setor de bens duráveis, as quedas na produção de automóveis (–22,0%), de eletrodomésticos da linha marrom (–36,8%) e de eletrodomésticos da linha branca (–10,5%).

Esses setores estão paralisados. São setores que dependem do crédito e das expectativas de empresários e consumidores. O crédito encolheu e as expectativas (de ambos empresários e consumidores) colapsaram. Isso tem a ver com o fraco desempenho da economia doméstica e com a forte onda de pessimismo que se instalou no País. O ajuste fiscal do Governo, embora tente recuperar a confiança dos agentes econômicos, tende, em seu início, a agravar a situação, na medida em que os cortes de investimentos públicos também deixam de induzir os investimentos privados e os aumentos de impostos retiram poder de compra do público.

Por fim, observa-se que os outros dois grandes setores da indústria brasileira também vão mal. A produção do setor de bens semi e não duráveis caiu pela quinta vez consecutiva (na comparação mês com mês imediatamente anterior) e passou a acumular queda de 6,9% no período janeiro-fevereiro. No ano passado como um todo, esse foi o setor com o melhor desempenho relativo (a produção recuou 0,3%, contra queda da indústria como um todo de 3,2%). Ou seja, a crise mais aguda parece que também chegou neste setor, reflexo, seguramente, da reviravolta que já está em processo no emprego e na renda da população.

O setor de bens intermediários, cuja produção decresceu 2,7% em 2014, começou este ano em baixa mais acentuada (–3,2% no acumulado janeiro-fevereiro). Com maior peso na indústria nacional, essa evolução de início de ano desta categoria projeta um resultado mais adverso para a atividade industrial do País em 2015. Pior do que o registrado no ano passado.

Leia aqui o texto completo desta Análise.