A atividade produtiva da indústria brasileira caiu 0,9%
em fevereiro com relação a janeiro, considerados
os ajustes sazonais, segundo números do IBGE. Nos dois
primeiros meses deste ano, a produção industrial
acumulou queda de 7,1%. Portanto, a indústria nacional
começa 2015 com um quadro pior do que o do final do ano
passado.
A crise industrial
é generalizada, mas dois setores vêm amargando resultados
extremamente negativos: bens de capital e bens duráveis.
No acumulado janeiro-fevereiro deste ano frente igual período
de 2014, a produção de bens de capital recuou 21,1%
e a de bens duráveis, 20,1%.
Em todos os
ramos do setor de bens de capital, houve queda da produção
no acumulado dos dois meses iniciais deste ano. No ramo de bens
de capital para transporte, a retração foi de 27,8%;
no de bens de capital para agricultura, a taxa foi de –23,1%;
para construção, –27,3%; para uso misto, –19,7%;
para energia, –9,2%; e para indústria, –1,6%.
Ainda considerando
o mesmo acumulado, destacam-se, dentro do setor de bens duráveis,
as quedas na produção de automóveis (–22,0%),
de eletrodomésticos da linha marrom (–36,8%) e de
eletrodomésticos da linha branca (–10,5%).
Esses setores
estão paralisados. São setores que dependem do crédito
e das expectativas de empresários e consumidores. O crédito
encolheu e as expectativas (de ambos empresários e consumidores)
colapsaram. Isso tem a ver com o fraco desempenho da economia
doméstica e com a forte onda de pessimismo que se instalou
no País. O ajuste fiscal do Governo, embora tente recuperar
a confiança dos agentes econômicos, tende, em seu
início, a agravar a situação, na medida em
que os cortes de investimentos públicos também deixam
de induzir os investimentos privados e os aumentos de impostos
retiram poder de compra do público.
Por fim, observa-se
que os outros dois grandes setores da indústria brasileira
também vão mal. A produção do setor
de bens semi e não duráveis caiu pela quinta vez
consecutiva (na comparação mês com mês
imediatamente anterior) e passou a acumular queda de 6,9% no período
janeiro-fevereiro. No ano passado como um todo, esse foi o setor
com o melhor desempenho relativo (a produção recuou
0,3%, contra queda da indústria como um todo de 3,2%).
Ou seja, a crise mais aguda parece que também chegou neste
setor, reflexo, seguramente, da reviravolta que já está
em processo no emprego e na renda da população.
O setor de
bens intermediários, cuja produção decresceu
2,7% em 2014, começou este ano em baixa mais acentuada
(–3,2% no acumulado janeiro-fevereiro). Com maior peso na
indústria nacional, essa evolução de início
de ano desta categoria projeta um resultado mais adverso para
a atividade industrial do País em 2015. Pior do que o registrado
no ano passado.
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