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O crescimento baixíssimo de 0,1% do PIB brasileiro em 2014
refletiu os fracos desempenhos dos setores Agropecuário
(0,4%) e de Serviços (0,7%), mas, sobretudo, refletiu a
crise da Indústria de Transformação (–3,8%)
e o fim do ciclo de forte expansão da Construção
observado no período 2007-2011 – no ano passado o
valor agregado da Construção caiu 2,6%.
Os resultados
adversos da Indústria de Transformação começaram
a aparecer de modo mais claro em 2009, ano em que os efeitos mais
agudos da crise financeira global se fizeram presentes, e persistem
até hoje. Os números de 2014 do IBGE indicam que
a crise da Indústria de Transformação se
alastrou para o setor de Serviços, particularmente para
um de seus principais subsetores, o Comércio, cujo valor
agregado recuou 1,8% no ano passado.
O desempenho
da Indústria de Transformação também
rebateu na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF),
dado o peso relevante que os investimentos das empresas têm
nas encomendas de máquinas e equipamentos. Segundo o IBGE,
a FBCF caiu 4,4% em 2014. Vale lembrar que, no ano passado, a
produção do segmento de bens de capital decresceu
9,6%, sendo que em seis de seus sete ramos foi registrada retração,
destacando-se as quedas nos ramos de bens de capital para indústria
(–4,2%), para agricultura (–8,7%), para transporte
(–16,6%) e para construção (–10,1%).
O Governo
tomou várias medidas para mudar essa história da
indústria. No entanto, elas se mostraram pouco eficazes.
Há espaço para o Governo contribuir com a recuperação
da trajetória da indústria nacional. Melhorias na
infraestrutura e reforma tributária são alguns desses
expedientes. Os investimentos públicos devem ser mantidos
para compensar, ainda que em parte, o declínio dos investimentos
privados. As concessões devem ser agilizadas e ampliadas.
Na questão do câmbio, o Governo deve estar atento
para evitar fortes oscilações e deve contribuir
para o estabelecimento de uma taxa favorável às
exportações. No momento, o câmbio é
o fator-chave para a indústria brasileira: ele terá
papel fundamental na reorientação da atividade industrial
não somente no curto, mas no médio e longo prazos.
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Segundo dados divulgados pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto
trimestre de 2014 atingiu os R$ 1,446 trilhão a preços de
mercado. O índice trimestral com ajuste sazonal, por sua vez, assinalou
frente ao trimestre imediatamente anterior um incremento de 0,3%. Frente
ao mesmo trimestre de 2013, o PIB brasileiro assinalou recuo de 0,2%.
No acumulado do ano, por sua vez, o PIB brasileiro acumulou um avanço
de apenas 0,1%, variação bem inferior aos 2,7% de 2013.
Ótica
da Oferta. Da ótica da oferta, na comparação
do índice do 4º trimestre com o 3º trimestre de 2014,
Agropecuária (1,8%) e Serviços (0,3%) cresceram, enquanto
a Indústria ficou estável (–0,1%). Dentre as atividades
dos serviços, podemos destacar o desempenho dos serviços
de informação (1,4%), intermediação financeira
e seguros (1,3%). Na indústria, colaborou para o resultado negativo
a indústria de transformação (–1,6%), enquanto
eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (1,8%)
e construção civil (0,9%) cresceram.
Frente ao mesmo trimestre
de 2013, o resultado de –0,2% foi influenciado pela Indústria
(–1,9%), já que a Agropecuária (1,2%) e os Serviços
(0,4%) obtiveram variações positivas nesta comparação.
Dentre os subsetores da indústria, construção civil
(–2,3%) e eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza
urbana (–5,9%) influenciaram negativamente o resultado. Nos Serviços,
destacaram–se as atividades imobiliárias (3,0%) e serviços
de informação (1,9%).
No acumulado do ano
de 2014, o crescimento foi liderado pelos Serviços (0,7%), seguidos
pela Agropecuária (0,4%), enquanto a Indústria registrou
queda (–1,2%). Dentre as atividades dos Serviços, com exceção
do comércio (–1,8%), todas as demais acumularam crescimento
no ano de 2014, com destaque para serviços de informação
(4,6%), atividades imobiliárias (3,3%) e transporte, armazenagem
e correio (2,0%). O desempenho geral da Indústria em 2014 sofreu
impacto da contração de 3,8% da indústria de transformação.
As atividades de construção civil e eletricidade e gás,
água, esgoto e limpeza urbana também registraram recuo (–2,6%).
A indústria extrativa, por sua vez, obteve significativo crescimento
de 8,7%.
Ótica
da Demanda. O desempenho do quarto trimestre do PIB em relação
ao trimestre anterior (com ajuste sazonal) foi resultado da expansão
do consumo das famílias, que avançou 1,1%. Por outro lado,
a FBKF (–0,4%) e o consumo do governo (–0,6%) assinalaram
recuos. No setor externo, as exportações (–12,3%)
e as importações (–5,5%) de bens e serviços
caíram em relação ao terceiro trimestre.
Na comparação
com mesmo trimestre de 2013, destacou–se negativamente o resultado
da formação bruta de capital fixo (–5,8%), seguida
pelo consumo do governo, que recuou 0,2%. Por sua vez, a despesa de consumo
das famílias cresceu 1,3%. Em relação à demanda
externa, o recuo das exportações (–10,7%) assinalou
recuo de maior magnitude que as importações (–4,4%).
No acumulado do ano,
destacou–se novamente a formação bruta de capital
fixo, que registrou queda de –4,4%. De acordo com o IBGE esse resultado
deveu–se a queda da produção interna e da importação
de bens de capital, assim como pelo desempenho negativo da construção
civil. Por outro lado, tanto o consumo das famílias (0,9%) quanto
o consumo do governo (1,3%) registrou alta, porém a um ritmo menor
que em 2013 (2,9% e 2,2%, respectivamente). No setor externo as exportações
(–1,1%) e importações (–1,0%) assinalaram quedas
similares.
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