A produtividade industrial encerrou 2014 com expansão pífia
de 0,7%, resultado do recuo de 3,2% da produção
industrial e de 3,9% das horas pagas. No quadriênio 2011-2014
a produtividade industrial apresentou expansão de 0,9%
ao ano, e a produção industrial recuo em média
de 0,8%. O fraco desempenho da produção e da produtividade
ocorreram com queda no emprego industrial (-3,2% em 2014), a terceira
consecutiva desde 2011
(-1,4% em 2012, e - 1,1% em 2013).
Mesmo com
a queda sistemática dos indicadores de emprego, a remuneração
média do trabalhador tem apresentado ganhos reais. Em 2012
a folha de pagamento média registrou aumento de 5,8%, em
2013 de 2,5% e em 2014 de 2,2%. Num contexto de fraco desempenho
da produtividade, o aumento na remuneração média
real implica pressão de custo da mão de obra. No
quadriênio 2011-14, enquanto a produtividade cresceu em
média abaixo de 1%, a remuneração média
do trabalho e o custo da mão de obra cresceram acima de
3% em média ao ano. Em termos de tendência o custo
da mão de obra industrial é crescente desde 2010,
e desde 2012 situa-se em nível superior ao de 2001.
Os resultados
acumulados da produção, produtividade e do mercado
de trabalho industrial apontam para o agravamento de problemas
estruturais na indústria. Assim, o fraco desempenho de
2014 deve ser entendido como indo além de um ajuste defensivo
do setor a uma conjuntura econômica desfavorável
de retração das demandas doméstica e externa.
Desta forma,
argumenta-se que o resultado da produtividade nos últimos
anos deve estar relacionado a mudanças mais profundas na
estrutura produtiva, refletidas na contínua queda do valor
adicionado da indústria no total da economia. A participação
da indústria no valor adicionado total caiu de 2011 a 2014,
passando de 16,2% em 2011 para 15,1% em 2014 (até o 3º.
trimestre). Este resultado ocorreu em um cenário de desvalorização
da taxa real de câmbio de cerca de 20% no período.
Estes fatores
contribuíram para a deterioração do grau
de confiança na economia. Uma consequência imediata
do baixo grau de confiança é o desestímulo
ao investimento em ativo de capital, variável chave para
a retomada do crescimento da produtividade. Segundo as Contas
Nacionais Trimestrais, o indicador de investimento na economia
apresentou recuo de 7,4% em 2014 (até o 3º. trimestre).
Esta queda confirma que o estado de confiança é
muito baixo, e somente quando expectativas positivas começarem
a se formar, a reversão do investimento deve ser observada.
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