10 de fevereiro de 2015

Emprego Industrial
Sem os amortecedores
da ocupação na indústria


   

 
A despeito de uma pequena melhora em dezembro último (aumento de 0,4% com relação a novembro, considerados os ajustes sazonais), o emprego industrial caiu 3,2% em 2014, segundo números do IBGE. Se, no passado recente, a indústria brasileira mantinha seu contingente de trabalhadores mesmo diante de uma produção oscilante com tendência declinante, a partir de 2012 esse quadro começou a mudar e, em 2014, ficou claro que essa “relutância por não desempregar” não existe mais.

De fato, após cair 1,4% em 2012, 1,1% em 2013, a queda da ocupação industrial no ano passado alinhou-se com o tombo de também 3,2% da produção industrial em 2014. O emprego industrial passou a refletir integralmente o andamento da atividade produtiva da indústria. Se antes havia a expectativa de que os negócios na indústria voltariam a crescer em bases mais sólidas e, portanto, a demissão de hoje seria um custo a mais dada a necessidade de se contratar amanhã, essa expectativa também deixou de existir. O “escudo” do emprego industrial não mais perdura.

O tema tem um agravante: no principal centro industrial, São Paulo, a queda do número de ocupados na indústria (–4,3%) em 2014 foi maior que a média brasileira, sendo também a pior registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2002. Superou mesmo o revés do emprego do ano de crise global de 2009.

Em alguns setores industriais, o emprego caiu de modo dramático: calçados e couro, queda de 8,0%; refino de petróleo e produção de álcool, de –7,5%; produtos de metal, de –7,3%; máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações, de –7,2%; máquinas e equipamentos, de –5,5%; meios de transporte, de –5,4%; e outros produtos da indústria de transformação, de –4,5%.

Em setores mais tradicionais da indústria brasileira, o emprego também decresceu bastante em 2014, como os de produtos têxteis (–4,4%), metalurgia básica (–4,1%) e vestuário (–3,4%). Vale observar que o resultado de 2014 poderia ter sido pior se a queda da ocupação no setor de Alimentos de Bebidas (–0,6%), reconhecidamente um setor de peso importante e disseminado por todo o País, tivesse sido mais severa como nos demais ramos. Nesse caso, a produção e o emprego ainda estão se valendo do crescimento médio real da massa de rendimentos do trabalho observada nos últimos anos.

Para 2015, não se espera uma reversão desse processo. Provavelmente, o número de ocupados na indústria amargará mais um ano de queda que, caso de fato se concretize, será o quarto consecutivo. Essa crise do emprego industrial não deve ser vista como algo isolado. Ela tem repercussões negativas nas atividades produtivas dos demais setores da economia brasileira – Serviços, Comércio e Agropecuário –, bem como nos mercados de trabalho desses mesmos setores.

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