6 de fevereiro de 2015

Indústria Regional
Um grau a mais de preocupação


   

 
A recessão da indústria brasileira em 2014 foi mais severa do que se observou inicialmente. Os números do IBGE relativos à produção industrial regional indicam isso. Se, no País como um todo, a atividade da indústria recuou 3,2% no ano passado, em São Paulo, maior parque industrial, a produção caiu nada mais nada menos que 6,2% no mesmo período. Esse decréscimo da produção industrial paulista aproximou-se da queda histórica (–7,4%) registrada em 2009, o ano da crise global, no mesmo Estado.

É um resultado que traz maiores preocupações. Se a recessão tivesse vindo de estados ou regiões onde a indústria é mais especializada, poderia se atribuir, em alguma medida, a queda da produção industrial em 2014 a fatores pontuais. Não é o que se vê. A recessão de 2014 teve caráter generalizado, veio de outros dois estados com peso relevante na indústria brasileira, como o Rio de Janeiro (–3,0%) e Minas Gerais (–2,9%), mas veio sobretudo de São Paulo.

Em São Paulo, a crise foi bastante aguda. É verdade que muito desse resultado da indústria paulista decorreu do impacto negativo da retração da produção do setor de veículos automotores, reboques e carrocerias (–17,0%) – o qual foi muito pressionado pelo recuo na fabricação de automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semirreboques e peças ou acessórios para o sistema de motor de veículos automotores.

No entanto, outros setores industriais de São Paulo também apresentaram quedas muito fortes na produção em 2014, como máquinas e equipamentos (–10,1%), produtos alimentícios (–5,2%), outros produtos químicos (–6,9%), metalurgia (–11,1%), produtos de metal (–7,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–7,3%), produtos de borracha e de material plástico (–5,0%) e produtos de minerais não-metálicos (–5,2%). Dos vinte setores pesquisados pelo IBGE em São Paulo, somente três obtiveram variação positiva no ano passado. Ou seja, a crise da indústria brasileira vem do seu centro mais diversificado e dinâmico.

Para 2015, não se espera que esse quadro se altere substancialmente. No primeiro trimestre, provavelmente a indústria repetirá seu caminhar oscilante. Nos trimestres seguintes, o início de um novo ímpeto dependerá, principalmente, dos ânimos dos empresários, de suas expectativas com relação a seus negócios e com relação ao andamento da economia nacional.
  

 
Na passagem de novembro a dezembro de 2014, a redução de ritmo observada na produção nacional (–2,8%), na série com ajuste sazonal, foi acompanhada por 12 dos 14 locais pesquisados. Os recuos mais acentuados ocorreram na Bahia (–7,9%), em Santa Catarina (–5,9%) e em Goiás (–5,3%). Frente a dezembro de 2013, a queda foi de 2,7% para o indicador nacional, com destaque para Pernambuco (–8,2%), São Paulo (–7,8%) e Goiás (–5,2%). Ao total foram 10 dos 15 locais pesquisados que sofreram reduções nessa comparação.

No acumulado no ano de 2014, houve redução na produção industrial nacional em dez dos 15 locais pesquisados. Em quatro deles, houve recuo com intensidade superior à da média da indústria (–3,2%) em São Paulo (–6,2%), Paraná (–5,5%), Rio Grande do Sul (–4,3%) e Amazonas (–3,9%). Completaram o conjunto de locais com resultados negativos no fechamento dos 12 meses de 2014 Rio de Janeiro (–3,0%), Minas Gerais (–2,9%), Ceará (–2,9%), Bahia (–2,8%), Santa Catarina (–2,2%) e região Nordeste (–0,2%).

Nesses locais, o menor dinamismo foi particularmente influenciado por fatores relacionados à redução na fabricação de bens de capital (em especial aqueles voltados para equipamentos de transportes – caminhão–trator para reboques e semirreboques, caminhões e veículos para transporte de mercadorias), bens intermediários (autopeças, produtos têxteis, produtos siderúrgicos, produtos de metal, petroquímicos básicos, resinas termoplásticas e defensivos agrícolas) e bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos da linha branca, motocicletas e móveis).

Pará (8,1%) e Espírito Santo (5,6%) assinalaram as expansões mais elevadas, impulsionados pelo comportamento positivo do setor extrativo (minérios de ferro). Mato Grosso (3,0%), Goiás (1,7%) e Pernambuco (0,1%) também apontaram taxas positivas no índice acumulado do ano.

 

 
Espírito Santo. No confronto com dezembro de 2013, constatou–se aumento de 12,8%, devido, em grande parte, ao desempenho do setor extrativista (32,5%) e do setor de celulose, papel e produtos de papel (7,3%). Os setores que apresentaram as principais variações negativas foram produtos alimentícios (–25,1%), produtos de minerais não–metálicos (–12,2%) e metalurgia (–11,0%). No acumulado de 2014, a produção industrial do estado cresceu 5,6%, sob influência das indústrias extrativas (13,6%).

São Paulo. Em dezembro, a indústria paulista apresentou contração de 7,8% na comparação com dezembro de 2013; essa taxa foi condicionada pelos setores de: produtos alimentícios (–24,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias (–18,4%), máquinas e equipamentos (–11,7%) e metalurgia (–11,5%), entre outros. No acumulado do ano, o estado testemunhou contração de 6,2% de sua produção industrial, condicionada, sobretudo, pelos seguintes setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (–17,0%), máquinas e equipamentos (–10,1%), metalurgia (–11,1%) e máquinas, aparelhos e mat. elétricos (–7,3%).

 

 

 

 

 

 

 

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