28 de novembro de 2014

PIB
Recuperação muito limitada


   

 
O PIB brasileiro cresceu 0,1% no terceiro trimestre deste ano, interrompendo uma sequência de dois resultados consecutivos de queda (–0,2% e –0,6%, respectivamente, no primeiro e segundo trimestres), conforme números divulgados pelo IBGE – todas as taxas calculadas a partir da série com ajuste sazonal.

Esse resultado deve-se, em maior medida, a uma recuperação das atividades produtivas da indústria de transformação e da construção. O valor agregado da indústria de transformação, que caía desde o terceiro trimestre de 2013 (–0,9%, –0,8%, –1,6% e –2,2%, nessa ordem, no terceiro e quarto trimestres de 2013 e primeiro e segundo trimestres deste ano), avançou 0,7% no período julho-setembro deste ano.

Na construção, o valor agregado cresceu 1,3% no terceiro trimestre, após também cair nos quatro trimestres imediatamente anteriores (–0,9%, –0,6%, –3,1% e –3,0%, respectivamente, no terceiro e quarto trimestres de 2013 e primeiro e segundo trimestres deste ano).

O desempenho da Formação Bruta de Capital Fixo no terceiro trimestre está relacionado com essa recuperação da indústria de transformação e da construção. A taxa de variação dos investimentos da economia brasileira, que também vinha caindo – e de maneira expressiva – desde o terceiro trimestre do ano passado (seguindo a mesma ordem: –1,7%, –2,1%, –2,6% e –5,2%), aumentou 1,3% no terceiro trimestre deste ano.

O crescimento dos investimentos pode significar uma inflexão nas expectativas dos empresários com relação aos seus negócios e à economia, ou ainda, pode significar que os empresários começaram a ficar mais confiantes. Esses dois fatores (confiança e realização de investimentos) formam o principal ingrediente para que o Brasil possa sair da situação de crescimento baixo dos últimos anos.

O sinal positivo que vem dos investimentos, da indústria e da construção contrasta com a evolução do consumo das famílias no terceiro trimestre. Após recuar 0,2% no primeiro trimestre e ficar estagnado no segundo (0,0%), o consumo das famílias caiu 0,3% no terceiro trimestre deste ano. A piora do consumo das famílias reflete um quadro menos favorável de expectativas dos consumidores com relação ao endividamento e ao mercado de trabalho. Pode-se esperar que esse quadro afete, inicialmente e de modo mais direto, o setor de Serviços.

O plano de ajuste fiscal do Governo poderá contribuir para fortalecer as expectativas dos empresários e isso ajudará na recuperação dos investimentos anotada acima, que ainda é muito modesta. A política monetária também será importante aqui, mas no sentido contrário: as taxas de juros mais altas poderão postergar ou mesmo cancelar novos investimentos. A boa dosagem entre austeridade fiscal e níveis de taxas de juros será fundamental para não abortar essa recuperação.

Leia aqui o texto completo desta Análise.