4 de novembro de 2014

Indústria
Novo recuo em setembro


  

 
A atividade da indústria brasileira fechou o terceiro trimestre deste ano em queda. De acordo com o IBGE, após crescer 0,7% e 0,6%, respectivamente, em julho e agosto, a produção industrial caiu 0,2% em setembro. Esse recuo não foi geral, mas decorreu do desempenho unicamente do setor de bens intermediários, cuja produção decresceu 1,6%. Nos outros grandes setores, a produção avançou em setembro: 1,9% no de bens de capital, 8,0% no de bens duráveis e 0,8% no de bens semiduráveis e não duráveis – todas essas taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.

O desempenho positivo desses três setores em setembro ameniza o declínio na média geral, sem reverter, é claro, a tendência mais geral desfavorável da indústria nacional que predomina amplamente no corrente ano. Na verdade a produção nesses setores vem oscilando muito neste ano, num movimento de ajustes de estoques. Em outras comparações, os números são negativos para todos os setores. Isso pode ser observado ao se tomar, por exemplo, determinado trimestre e compará-lo com o mesmo trimestre do ano anterior.

No setor de bens de capital, o comportamento da produção foi o seguinte: 0,4%, –14,4%, –9,9%, respectivamente, no primeiro, segundo e terceiro trimestres deste ano. Esses resultados levaram a produção de bens de capital a acumular queda de 8,2% no período janeiro-setembro de 2014. Em sua maioria, os ramos desse setor apresentaram resultados negativos nesse acumulado: a produção de bens de capital para indústria caiu 5,2%; a de bens de capital para agricultura, 4,1%; a de bens de capital para transporte, 16,1%; para construção, a produção recuou 5,0% – somente a produção de bens de capital para energia e uso misto cresceram no período janeiro-setembro deste ano: 4,6% e 2,2%, respectivamente.

A evolução da produção de bens intermediários foi negativa ao longo de todos os três primeiros trimestres de 2014: –0,8%, –3,6% e –2,9%, nessa ordem, do primeiro ao terceiro trimestre. O resultado é uma queda acumulada de 2,5% no período janeiro-setembro. Nesse acumulado, são observadas quedas significativas na produção de bens intermediários para a indústria têxtil (–6,7%), para defensivos agrícolas (–6,1%), para insumos da construção (–5,6%), para metalurgia básica (–6,4%) e para veículos automotores (–17,6%).

A produção de bens duráveis, após crescer 3,5% no primeiro trimestre, caiu 18,4% no segundo e 12,6% no terceiro. No acumulado deste ano até setembro, a produção de bens duráveis apresenta retração de 9,6%, a maior dentre os grandes setores definidos pelo IBGE. Nesse período janeiro-setembro, o ramo do setor produtor de bens duráveis que mais recuou foi o de automóveis (–17,1%). Destacam-se ainda, dentro dos ramos de bens duráveis, as quedas na produção de móveis (–8,3%) e de eletrodomésticos da linha branca (–3,7%). Vale observar que, no ramo de eletrodomésticos da linha marrom, a taxa de variação acumulada da produção nos nove primeiros meses deste ano é positiva (5,2%), mas ela deve-se ao desempenho do primeiro trimestre (51,2%), decorrente do efeito Copa, já que nos dois trimestres seguintes a produção desse ramo caiu 6,3% e 18,2%, nessa ordem, no segundo e no terceiro trimestres.

No acumulado de janeiro a setembro, a produção apresenta crescimento, ainda que pequeno, somente no setor de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (de 0,2%). No entanto, o cenário também não é bom para esse setor, pois, ao longo dos trimestres, a produção desacelerou e ficou negativa: 3,1%, –1,7% e –0,4%, respectivamente, no primeiro, segundo e terceiro trimestres deste ano.

O resultado final do comportamento desses quatro grandes setores é uma queda acumulada de 2,9% da produção da indústria brasileira em geral nos nove primeiros meses de 2014. Após a retração de 2,3% em 2012 e da recuperação parcial de 2013 (2,1%), a atividade produtiva da indústria fechará este ano com uma queda de cerca de 2,0%.

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