10 de outubro de 2014

Emprego Industrial
A crise do emprego na
indústria não arrefece


   

 
A crise do mercado de trabalho da indústria brasileira não dá sinais de melhora. Em agosto, com relação a julho – considerados os ajustes sazonais –, o emprego industrial caiu 0,4%. Com esse resultado, o número de ocupados na indústria apresenta queda de 2,7% no acumulado dos oito primeiros meses de 2014. A taxa anualizada de agosto projeta queda de 2,4% do emprego industrial. Será a terceira retração consecutiva dos ocupados na indústria (–1,4% em 2012 e –1,1% em 2013) e a mais elevada (com exceção da registrada em 2009, ano da crise internacional) da série histórica do IBGE, iniciada em 2002.

Enquanto a produção industrial vai oscilando ao longo deste ano, num sobe e desce que reflete ajustes de estoques diante de mercados nada vigorosos e com demandas incertas (na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal, a evolução da produção industrial foi de 2,5%, 0,0%, –0,5%, –0,5%, –0,8%, –1,6%, 0,7%, e 0,7% de janeiro a agosto deste ano, nessa ordem), o emprego industrial segue outro percurso, nitidamente em descenso, descolado da produção (–0,1%, 0,1%, 0,2%, –0,4%, –0,8%, –0,5%, –0,7% e –0,4% no mesmo período janeiro-agosto, na mesma ordem e na mesma comparação).

Esse desempenho negativo do emprego industrial é geral, ou seja, pode ser observado na maioria dos ramos industriais e nas diferentes regiões do Brasil. Em agosto deste ano frente igual mês de 2013, o número de ocupados na indústria brasileira caiu 3,6%, resultado de fechamentos de postos de trabalho em treze dos catorze locais no País pesquisados pelo IBGE. O principal impacto negativo veio de São Paulo (–4,8%), refletindo a redução do emprego em quinze de dezoito atividades industriais. Em outros locais, há quedas também muito significativas: Paraná (–5,2%), Rio Grande do Sul (–4,7%), Minas Gerais (–3,3%) e regiões Norte e Centro–Oeste (–2,2%).

Em termos setoriais, e ainda na comparação agosto de 2014 com agosto de 2013, o emprego industrial recuou em catorze de dezoito ramos, destacando-se as quedas nas atividades de meios de transporte (–7,5%), produtos de metal (–7,9%), calçados e couro (–9,0%), máquinas e equipamentos (–5,5%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–7,6%), vestuário (–4,9%), outros produtos da indústria de transformação (–5,5%) e metalurgia básica (–5,5%).

Esse período longo de resultados negativos do emprego industrial (três anos) tem consequências para a economia como um todo. Pode-se dizer que a perda de vigor e alguns desempenhos negativos observados nos últimos meses em segmentos do comércio e dos serviços refletem, em alguma medida, essa evolução do emprego industrial. A crise da indústria não é algo isolado.

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