2 de outubro de 2014

Indústria
Um segundo resultado positivo,
mas localizado


  

 
A atividade produtiva da indústria brasileira cresceu pelo segundo mês consecutivo. De acordo com números do IBGE, após o aumento de 0,7% em julho, a produção industrial voltou a crescer 0,7% em agosto – ambas as taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. A questão que naturalmente aparece aqui é se, diante desse desempenho, a indústria nacional começou, de fato, a reagir neste segundo semestre de 2014.

A observação do comportamento dos ramos produtivos da indústria sugere que tal reação tenha acontecido: em julho, a produção cresceu em vinte dos vinte e quatro ramos industriais investigados pelo IBGE; em agosto, a expansão da produção ocorreu em quatorze. Ou seja, é possível identificar a prevalência de um movimento positivo mais geral.

No entanto, outros números sugerem outra interpretação. Ao se tomar os grandes setores da indústria, no mês de agosto, a produção aumentou somente no setor de bens intermediários (1,1%). Nos setores de bens duráveis e de bens semi e não duráveis, a produção recuou, respectivamente, 3,0% e 0,8%, e no setor de bens de capital, ela ficou estagnada (0,0%) – todas as taxas acima calculadas com relação a julho, considerados os ajustes sazonais.

Portanto, o resultado geral de agosto (0,7%) decorreu exclusivamente da recomposição da atividade de um dos grandes setores (bens intermediários) que, ao longo deste ano, vem apresentado uma evolução bastante fraca ou negativa, com tendência de queda. Vale destacar que o mês de agosto também foi marcado pelo bom desempenho da produção da indústria extrativa mineral (2,4% gente a julho, com ajuste sazonal), a qual vem tentando recompor as retrações de 0,5% e 3,6% registradas, respectivamente, em 2012 e 2013 – a queda recente do preço do minério de ferro nos mercados internacionais poderá afetar o comportamento futuro da produção desse segmento.

Além disso, a queda de 5,4% da produção industrial em agosto de 2014 contra agosto de 2013 teve perfil disseminado de resultados negativos, com vinte e um dos vinte e seis ramos apontando redução na produção. Pode-se dizer que a indústria brasileira iniciou o segundo semestre de 2014 em situação pior do que a registrada no primeiro semestre: após a retração de 2,5% registrada no acumulado janeiro-junho, a produção industrial caiu 4,6% no acumulado julho-agosto deste ano frente igual período de 2013.

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