A evolução do emprego na indústria brasileira
nos primeiros sete meses deste ano vai se caracterizando como
a pior na série histórica do IBGE, iniciada em 2002.
De fato, com exceção de 2009, ano da crise internacional,
a retração de 0,7% do número de ocupados
na indústria em julho ante o mês imediatamente anterior
(com ajuste sazonal) – a quarta queda consecutiva nesse
tipo de comparação – intensificou ainda mais
o resultado negativo acumulado no ano, o qual ficou em –2,6%
no período janeiro-julho.
Após
um longo período de câmbio valorizado, deparando-se
com mercados externos enfraquecidos e altamente concorridos, arcando
com altos custos de produção e apresentando baixa
produtividade, a indústria nacional vai amargando mais
um ano de encolhimento do emprego, consequência direta da
queda de sua produção, a qual também fechará
2014 “no vermelho”.
Como mostrou
o recente estudo do IEDI “A
Reorientação do Desenvolvimento Industrial”,
para mudar esse quadro da indústria é necessário
“atacar” velhos e conhecidos pontos da agenda brasileira:
reforma e simplificação da estrutura tributária;
geração de investimentos eficientes e eficazes em
infraestrutura; reforma da legislação trabalhista
para atualizar e simplificar sua regulação; ajustes
na política cambial e de juros para atender às necessidades
de competitividade e de financiamento dos setores produtivos.
À indústria brasileira cabe aumentar significamente
sua produtividade e sua capacidade inovadora.
É com
o equacionamento dos temas macroeconômicos e do “custo
Brasil” que os custos de produção serão
reduzidos, a produtividade da economia será impulsionada
e se desenvolverá um ambiente de negócios favorável
à execução de uma política industrial
e de inovação capaz de contribuir decisivamente
para transformar a indústria em um setor competitivo e
de alta produtividade.
A crise do
emprego industrial é o aspecto mais visível do momento
difícil pelo qual a indústria vem passando –
momento este que, vale apontar, vai reverberando cada vez mais
nos demais setores da economia brasileira. E tal crise no mercado
de trabalho da indústria é geral: aparece em diferentes
ramos produtivos e em diferentes localidades do País.
No acumulado
dos sete primeiros meses do ano, o número de ocupados na
indústria caiu em treze dos quatorze locais e em quatorze
dos dezoito setores investigados pelo IBGE. São Paulo (–3,7%)
apresentou o principal impacto negativo, seguido por Rio Grande
do Sul (–4,0%), Paraná (–3,9%), Minas Gerais
(–1,8%), Região Nordeste (–1,3%) e Rio de Janeiro
(–1,9%). Setorialmente, os impactos negativos mais relevantes
vieram de produtos de metal (–6,7%), máquinas e equipamentos
(–5,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos
e de comunicações (–6,7%), calçados
e couro (–7,7%), meios de transporte (–3,7%), produtos
têxteis (–5,1%), refino de petróleo e produção
de álcool (–8,3%), vestuário (–2,6%)
e outros produtos da indústria de transformação
(–3,2%).
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