10 de setembro de 2014

Emprego Industrial
Mais um ano de resultados
negativos e piores


   

 
A evolução do emprego na indústria brasileira nos primeiros sete meses deste ano vai se caracterizando como a pior na série histórica do IBGE, iniciada em 2002. De fato, com exceção de 2009, ano da crise internacional, a retração de 0,7% do número de ocupados na indústria em julho ante o mês imediatamente anterior (com ajuste sazonal) – a quarta queda consecutiva nesse tipo de comparação – intensificou ainda mais o resultado negativo acumulado no ano, o qual ficou em –2,6% no período janeiro-julho.

Após um longo período de câmbio valorizado, deparando-se com mercados externos enfraquecidos e altamente concorridos, arcando com altos custos de produção e apresentando baixa produtividade, a indústria nacional vai amargando mais um ano de encolhimento do emprego, consequência direta da queda de sua produção, a qual também fechará 2014 “no vermelho”.

Como mostrou o recente estudo do IEDI “A Reorientação do Desenvolvimento Industrial”, para mudar esse quadro da indústria é necessário “atacar” velhos e conhecidos pontos da agenda brasileira: reforma e simplificação da estrutura tributária; geração de investimentos eficientes e eficazes em infraestrutura; reforma da legislação trabalhista para atualizar e simplificar sua regulação; ajustes na política cambial e de juros para atender às necessidades de competitividade e de financiamento dos setores produtivos. À indústria brasileira cabe aumentar significamente sua produtividade e sua capacidade inovadora.

É com o equacionamento dos temas macroeconômicos e do “custo Brasil” que os custos de produção serão reduzidos, a produtividade da economia será impulsionada e se desenvolverá um ambiente de negócios favorável à execução de uma política industrial e de inovação capaz de contribuir decisivamente para transformar a indústria em um setor competitivo e de alta produtividade.

A crise do emprego industrial é o aspecto mais visível do momento difícil pelo qual a indústria vem passando – momento este que, vale apontar, vai reverberando cada vez mais nos demais setores da economia brasileira. E tal crise no mercado de trabalho da indústria é geral: aparece em diferentes ramos produtivos e em diferentes localidades do País.

No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o número de ocupados na indústria caiu em treze dos quatorze locais e em quatorze dos dezoito setores investigados pelo IBGE. São Paulo (–3,7%) apresentou o principal impacto negativo, seguido por Rio Grande do Sul (–4,0%), Paraná (–3,9%), Minas Gerais (–1,8%), Região Nordeste (–1,3%) e Rio de Janeiro (–1,9%). Setorialmente, os impactos negativos mais relevantes vieram de produtos de metal (–6,7%), máquinas e equipamentos (–5,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–6,7%), calçados e couro (–7,7%), meios de transporte (–3,7%), produtos têxteis (–5,1%), refino de petróleo e produção de álcool (–8,3%), vestuário (–2,6%) e outros produtos da indústria de transformação (–3,2%).

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