5 de setembro de 2014

Indústria Regional
Produção em julho:
recomposição parcial,
mas queda em São Paulo


   

 
A desagregação regional confirma que o crescimento da produção industrial de julho resultou da recomposição das atividades produtivas em algumas localidades do País, notadamente naquelas cujas indústrias sofreram fortes reveses nos meses anteriores, sobretudo os ocorridos no mês de junho. O lado negativo é que a recuperação não chegou a São Paulo, o centro industrial do país. De acordo com os números do IBGE, na comparação julho com junho, com ajuste sazonal, a produção industrial avançou bastante no Amazonas (16,1%), Paraná (7,3%) e Ceará (7,1%).

No entanto, no primeiro estado, a produção havia caído 5,1%, 6,5% e 9,8% nos meses de abril, maio e junho, respectivamente, um acumulado de quase –20,0% nesses três meses. No Paraná, os 7,3% de julho não recuperaram a queda de 8,1% de junho – lembrando que em meses anteriores, a evolução da produção paranaense não era nada favorável: –3,0%, –2,3% e +0,9% em março, abril e maio, nessa ordem. No Ceará, o aumento de 7,1% em julho compensou parcialmente a retração de 6,6% da produção industrial registrada em junho.

Movimentos semelhantes da produção industrial podem ser vistos na Região Nordeste (aumento de 5,6% em julho contra quedas de 4,1% e 4,5%, respectivamente, em maio e junho), na Bahia (+4,7% em julho contra –7,5% e –1,6%, nessa ordem, também nos meses de maio e junho), em Santa Catarina (+4,0% em julho contra –5,2% em junho), em Pernambuco (+3,2% em julho contra –7,2% em junho), e no Rio Grande do Sul (+1,5% contra –3,8%, –3,4%, –1,0% e –2,5%, respectivamente, em março, abril, maio e junho) – todas as taxas de variação supracitadas calculadas no mês com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.

Dificilmente, portanto, pode-se enxergar uma reação mais consistente da indústria nacional no mês de julho. Muitas empresas em diferentes estados e de diferentes ramos produtivos compensaram, em julho, parte do encolhimento da produção ocorrida em junho, em boa medida decorrente da paralisação das atividades em dias de jogos da Copa. No estado em que a indústria é mais representativa e mais diversificada, São Paulo, a produção, que havia recuado 1,4% em junho, voltou a cair em julho (–1,2%), o que reforça o argumento de que, infelizmente, não há muito a se comemorar com os resultados de julho.

A evolução do índice de média móvel trimestral (com ajuste sazonal) reflete melhor esse movimento recente da indústria nacional; e ele permite observar que, apesar de melhorar na margem, a produção industrial ainda continua no vermelho: queda de 0,5% no trimestre encerrado em julho frente ao trimestre encerrado no mês imediatamente anterior – nos trimestre anteriores os resultados negativos foram de –0,4% em abril, –0,7% em maio e –0,9% em junho. Ainda utilizando a média móvel trimestral com ajuste sazonal, a produção industrial recuou em onze das catorze localidades pesquisadas pelo IBGE, destacando-se as quedas na Bahia (–1,7%), em Pernambuco (–1,5%), na Região Nordeste (–1,1%), no Pará (–0,9%), no Rio Grande do Sul (–0,7%), no Amazonas (–0,7%) e em São Paulo (–0,6%).
  

 
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de junho para julho (com ajuste sazonal) a produção industrial cresceu em onze dos catorze locais pesquisados. Os avanços mais acentuados assinalados por Amazonas (16,1%), Paraná (7,3%) e Ceará (7,1%). O primeiro interrompeu três meses consecutivos de queda na produção, período em que acumulou redução de 19,9%; o segundo recuperou parte da perda de 8,1% registrada no mês anterior; e o terceiro eliminou o recuo de 6,6% verificado em junho último. Região Nordeste (5,6%), Bahia (4,7%), Santa Catarina (4,0%), Espírito Santo (3,6%), Pernambuco (3,2%), Rio Grande do Sul (1,5%) e Rio de Janeiro (1,2%) também apontaram taxas positivas mais intensas do que a média nacional (0,7%), enquanto Minas Gerais, com acréscimo de 0,5%, mostrou avanço mais moderado. Por outro lado, Goiás (–2,2%), São Paulo (–1,2%) e Pará (–0,8%) assinalaram as taxas negativas nesse mês e apontaram a segunda queda consecutiva nesse tipo de comparação, acumulando nesse período perdas de –2,6%, –2,6% e –2,7%, respectivamente.

Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor industrial nacional recuou 3,6% em julho de 2014, com perfil disseminado de resultados negativos em termos regionais, já que 13 dos 15 locais pesquisados apontaram queda na produção. Nesse mês, os recuos mais intensos foram registrados por Rio Grande do Sul (–10,6%), Bahia (–7,5%), Paraná (–6,4%) e São Paulo (–5,8%), pressionados, em grande parte, pela redução na produção dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias, no primeiro local; de veículos automotores, reboques e carrocerias, no segundo; de veículos automotores, reboques e carrocerias, no terceiro, e de veículos automotores, reboques e carrocerias e de máquinas e equipamentos, no último. Pernambuco (–4,3%) e Minas Gerais (–3,7%) também assinalaram quedas mais acentuadas do que a média nacional (–3,6%), enquanto Goiás (–3,2%), Região Nordeste (–3,1%), Santa Catarina (–2,7%), Pará (–1,7%), Amazonas (–1,5%), Ceará (–1,5%) e Rio de Janeiro (–1,3%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas. Por outro lado, Espírito Santo (10,3%) e Mato Grosso (4,8%) assinalaram os avanços nesse mês.

No indicador acumulado para o período janeiro–julho de 2014, a redução na produção nacional alcançou 11 dos 15 locais pesquisados, com cinco recuando com intensidade superior à da média da indústria (–2,8%): São Paulo (–5,2%), Bahia (–5,0%), Rio Grande do Sul (–4,9%), Paraná (–4,8%) e Rio de Janeiro (–3,3%). Santa Catarina (–1,8%), Ceará (–1,5%), Minas Gerais (–1,3%), Região Nordeste (–0,5%), Goiás (–0,4%) e Espírito Santo (–0,2%) completaram o conjunto de locais com resultados negativos no fechamento dos sete primeiros meses de 2014. Por outro lado, Pará (10,9%), Amazonas (3,3%), Pernambuco (2,6%) e Mato Grosso (1,1%) assinalaram as taxas positivas no índice acumulado do ano.

 

 
Espírito Santo. No confronto com julho de 2013, constatou–se expansão de 10,3%, taxa influenciada principalmente pelos setores: extrativista (17,5%), minerais não metálicos (3,5%) e metalurgia (11,8%). No acumulado no ano de 2014, entretanto, a produção industrial apresentou leve queda (–0,2%), sob influência de metalurgia (–10,1%) e produtos alimentícios (–8,3%).

São Paulo. Em julho, a indústria paulista apresentou queda de 1,2% na comparação com junho (dados livres de efeitos sazonais). Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 5,8%, taxa impulsionada pelos setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–21,4%); máquinas e equipamentos (–16,8%); produtos de metal (–9,8%), outros produtos químicos (–4,2%); produtos de borracha e de material plástico (–11,9%); metalurgia (–15,8%). No acumulado no ano de 2014 a produção industrial recuou 5,2%, com destaque para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (–17%); máquinas e equipamentos (–7,5%); produtos de metal (–9,5%); outros produtos químicos (–5,3%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–7,7%); metalurgia (–10,6%). Nessa comparação, apenas produtos alimentícios tiveram contribuição positiva relevante (3,2%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (8,5%).

 

 

 

 

 

 

 

 

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