2 de setembro de 2014

Indústria
Sinal positivo,
mas ainda não convincente


  

 
No mês que abre o segundo semestre, a produção industrial voltou a crescer. Segundo o IBGE, após cinco taxas de variação negativas registradas no período que vai de fevereiro a junho (as quais acumularam uma queda de 3,5%), a atividade produtiva da indústria brasileira subiu 0,7% em julho frente a junho, na série com ajuste sazonal.

Infelizmente, não há muito que comemorar. Boa parte dos ramos industriais que apresentou desempenho espetacular em julho vinha acumulando resultados muito ruins nos últimos meses. Por exemplo, a produção do segmento de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos avançou 44,1% em julho, um desempenho que recompôs a forte retração acumulada em meses anteriores (–38,1%). O mesmo vale para o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias, cuja expansão de 8,5% em julho ainda não conseguiu fazer frente à elevada queda de 18,1% acumulada nos meses de maio e junho. Há muitos exemplos como esses nos diferentes segmentos industriais.

Nos grandes setores, a história é a mesma. O setor de bens de capital, cuja produção cresceu 16,7% em julho com relação a junho (com ajuste sazonal), havia apresentado encolhimento de mais de 20% dessa mesma produção no período março/junho. No setor de bens duráveis, o crescimento de 20,3% em julho ficou longe de recuperar a queda de aproximadamente 35,0% registrada também no período março/junho. Num movimento contrário, o aumento de 0,7% em julho da produção do setor de bens semi e não duráveis compensou queda anterior e levou tal setor a acumular crescimento de 0,4% neste ano – o único grande setor da indústria nacional com expansão da atividade produtiva (+0,4%) no acumulado dos sete primeiros meses deste ano.

Por fim, mas não menos importante, a produção do setor de bens intermediários continuou a cair em julho: –0,3%. Essa foi a quarta queda consecutiva. Nesse setor, que representa as compras intra-indústria e que tem o maior peso industrial (mais de 50%), a produção vem se mostrando menos oscilatória e com tendência de queda. Vale lembrar que esse setor, que é o coração da indústria, teve crescimento zero em 2011, negativo (–1,6%) em 2012 e pífio (0,4%) em 2013. Tudo indica que 2014 será um ano mais negativo para esse setor.

O resultado de julho significou mais uma recomposição das atividades produtivas que sofreram com a paralisação da Copa do que uma genuína retomada da produção industrial. Para os próximos meses, ou ainda, até o final deste ano, é provável que a indústria brasileira apresente evolução mais favorável. Um resultado melhor ou mesmo positivo neste segundo semestre decorrerá muito da base de comparação, já que, no segundo semestre de 2013, o desempenho da produção industrial foi relativamente pior do que o primeiro daquele mesmo ano. Para o ano de 2014 como um todo, a produção industrial não logrará crescimento: pode-se estimar uma retração em torno de 1,4%.

Leia aqui o texto completo desta Análise.