No mês que abre o segundo semestre, a produção
industrial voltou a crescer. Segundo o IBGE, após cinco
taxas de variação negativas registradas no período
que vai de fevereiro a junho (as quais acumularam uma queda de
3,5%), a atividade produtiva da indústria brasileira subiu
0,7% em julho frente a junho, na série com ajuste sazonal.
Infelizmente,
não há muito que comemorar. Boa parte dos ramos
industriais que apresentou desempenho espetacular em julho vinha
acumulando resultados muito ruins nos últimos meses. Por
exemplo, a produção do segmento de equipamentos
de informática, produtos eletrônicos e ópticos
avançou 44,1% em julho, um desempenho que recompôs
a forte retração acumulada em meses anteriores (–38,1%).
O mesmo vale para o segmento de veículos automotores, reboques
e carrocerias, cuja expansão de 8,5% em julho ainda não
conseguiu fazer frente à elevada queda de 18,1% acumulada
nos meses de maio e junho. Há muitos exemplos como esses
nos diferentes segmentos industriais.
Nos grandes
setores, a história é a mesma. O setor de bens de
capital, cuja produção cresceu 16,7% em julho com
relação a junho (com ajuste sazonal), havia apresentado
encolhimento de mais de 20% dessa mesma produção
no período março/junho. No setor de bens duráveis,
o crescimento de 20,3% em julho ficou longe de recuperar a queda
de aproximadamente 35,0% registrada também no período
março/junho. Num movimento contrário, o aumento
de 0,7% em julho da produção do setor de bens semi
e não duráveis compensou queda anterior e levou
tal setor a acumular crescimento de 0,4% neste ano – o único
grande setor da indústria nacional com expansão
da atividade produtiva (+0,4%) no acumulado dos sete primeiros
meses deste ano.
Por fim, mas
não menos importante, a produção do setor
de bens intermediários continuou a cair em julho: –0,3%.
Essa foi a quarta queda consecutiva. Nesse setor, que representa
as compras intra-indústria e que tem o maior peso industrial
(mais de 50%), a produção vem se mostrando menos
oscilatória e com tendência de queda. Vale lembrar
que esse setor, que é o coração da indústria,
teve crescimento zero em 2011, negativo (–1,6%) em 2012
e pífio (0,4%) em 2013. Tudo indica que 2014 será
um ano mais negativo para esse setor.
O resultado
de julho significou mais uma recomposição das atividades
produtivas que sofreram com a paralisação da Copa
do que uma genuína retomada da produção industrial.
Para os próximos meses, ou ainda, até o final deste
ano, é provável que a indústria brasileira
apresente evolução mais favorável. Um resultado
melhor ou mesmo positivo neste segundo semestre decorrerá
muito da base de comparação, já que, no segundo
semestre de 2013, o desempenho da produção industrial
foi relativamente pior do que o primeiro daquele mesmo ano. Para
o ano de 2014 como um todo, a produção industrial
não logrará crescimento: pode-se estimar uma retração
em torno de 1,4%.
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