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O PIB brasileiro caiu pela segunda vez consecutiva: –0,2%
e –0,6%, respectivamente, no primeiro e segundo trimestres
deste ano (na série que compara trimestre com trimestre
imediatamente anterior, com ajuste sazonal). Pelo critério
usualmente adotado para a demarcação das etapas
econômicas, a economia brasileira está em recessão.
No acumulado de quatro trimestres, o PIB, que manteve, no primeiro
trimestre deste ano, a mesma taxa de crescimento de 2013 (2,5%),
apresentou, no segundo trimestre, variação de 1,4%
com relação ao mesmo período de 2013. Ao
se tomar as taxas acumuladas no ano, o PIB cresceu 1,9% no primeiro
trimestre e apenas 0,5% no acumulado do primeiro semestre. Nesse
ritmo, o PIB fechará 2014 com crescimento inferior a 1,0%.
Pelo lado
da oferta, quem puxa para baixo o PIB são, destacadamente,
a Indústria de Transformação, Construção
e Comércio. Na comparação trimestre com trimestre
imediatamente anterior, considerados os ajustes sazonais, o Valor
Agregado (VA) da Indústria de Transformação
caiu pelo quarto trimestre consecutivo e a taxas cada vez mais
negativas: –1,1%, –0,8%, –1,3% e –2,4%,
respectivamente, no terceiro e quarto trimestres de 2013 e primeiro
e segundo trimestres deste ano.
O VA da Construção
também apresentou quatro quedas consecutivas, com resultados
piores neste ano: –1,2%, –0,8%, –2,9% e –2,9%,
na mesma ordem. No Comércio, foram duas taxas negativas
neste ano: –0,4% e –2,2%, respectivamente, no primeiro
e segundo trimestres.
Pelo lado
da demanda, o Consumo das Famílias, que havia caído
0,2% no primeiro trimestre, voltou crescer no segundo trimestre
deste ano, 0,3%, colaborando para amenizar as quedas de 0,7% no
Consumo da Administração Pública e de 5,3%
na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no mesmo
período – dado o elevado peso que o Consumo das Famílias
tem no PIB, de mais de 60%.
No entanto,
a manutenção das taxas positivas do Consumo das
Famílias (decorrente de um mercado de trabalho favorável
e de uma evolução ainda positiva do crédito)
não minimiza a preocupação com o desempenho
dos investimentos na economia brasileira: a FBCF recua a quatro
trimestres consecutivos e a elevadas taxas: –1,7%, –1,9%,
–2,8% e, como supracitado, –5,3%, respectivamente,
no terceiro e quarto trimestres de 2013 e primeiro e segundo trimestres
deste ano.
Vale notar
que essa retração da FBCF decorre do encolhimento
tanto da produção doméstica como das importações
de máquinas e equipamentos, além do efeito da recessão
na Construção (todas as taxas deste parágrafo
calculadas entre um trimestre e o trimestre imediatamente anterior,
com ajuste sazonal).
Em suma, a
Construção continua amargando resultados negativos
decorrentes de um final de ciclo de forte expansão; a Indústria
de Transformação, que atravessava um longo período
de crescimento volátil e frágil, entrou nitidamente
num caminho recessivo; o
Comércio, um dos principais seguimentos dentro de Serviços
e que vinha contribuindo muito para o PIB brasileiro, na medida
em que fazia frente aos resultados fracos ou negativos de outros
setores (notadamente a indústria), dá sinais de
que pode apresentar resultados moderados no segundo semestre de
2014.
Por fim, mas
não menos importante, a retração dos investimentos
deixa claro que as expectativas com relação ao futuro
da economia brasileira estão muito deterioradas. A taxa
de investimento do Brasil ficou em 16,5% do PIB no segundo trimestre
deste ano, voltando ao mesmo patamar do segundo trimestre de 2006;
portanto, afastando-se muito da taxa desejada de 24% que poderia
propiciar um crescimento futuro do PIB a taxas médias de
4,0% a 5,0% ao ano.
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Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do país contraiu
0,6% no segundo trimestre de 2014, em relação ao trimestre
anterior (com o ajuste sazonal). Em relação ao mesmo trimestre
de 2013, a queda foi de 0,9%. No acumulado dos últimos quatro trimestres,
o PIB expandiu-se 1,4%, atingindo R$ 1.271,2 bilhões em termos
nominais.
Ótica
da Oferta. O desempenho do segundo trimestre do PIB em relação
ao trimestre anterior (com ajuste sazonal) foi resultado da queda de 1,5%
da Indústria e de 0,5% dos Serviços. Apenas as atividades
de agropecuária apresentaram crescimento, de 0,2% nessa comparação.
No acumulado dos quatro
últimos trimestres, o crescimento foi liderado pelos Serviços
(1,6%), seguidos pela Agropecuária (1,1%) e pela Indústria
(0,5%). Dentre os subsetores que formam a Indústria, apenas a Extrativa
mineral registrou expansão: 3,2%. Indústria de Transformação
(-2,4%), Construção civil (-2,9%) e Eletricidade e gás,
água, esgoto e limpeza urbana (-1,0%) apresentaram queda em relação
ao trimestre anterior.
Ótica da Demanda. Sob a ótica da demanda,
na comparação com o primeiro trimestre de 2014 (com ajuste
sazonal), chama atenção a contração de 5,3%
da formação bruta de capital fixo e de 0,7% do consumo do
governo. As contribuições positivas ficaram, então,
a cargo do consumo das famílias (0,3%) e das exportações
(1,9%). As importações apresentaram queda de 2,4%. Dentre
as exportações de bens, os destaques de crescimento foram:
produtos da extrativa mineral (principalmente petróleo e carvão);
produtos metalúrgicos; produtos agropecuários; siderurgia
e óleos vegetais. Já na pauta de importações,
destaque negativo para: máquinas e tratores; indústria automotiva;
equipamentos eletrônicos; material elétrico; extrativa mineral;
perfumaria e farmacêuticos; artigos de borracha e artigos de vestuário.
No acumulado dos últimos
quatro trimestres, a formação bruta de capital fixo caiu
0,7%. O consumo das famílias e o consumo do governo cresceram,
nessa comparação, 2,1% e 2,2%, respectivamente. O desempenho
das exportações foi positivo, de 3,4%, mas inferior ao crescimento
das importações, de 4,2%.
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