15 de agosto de 2014

Indústria
Produtividade da indústria
no primeiro semestre de 2014


  

 
O IEDI divulga hoje em sua Carta os resultados da produtividade industrial no primeiro semestre de 2014, quando ficou estagnada, com variação de 0,3% em relação ao mesmo período de 2013. Esta taxa é resultado da queda de 2,6% na produção e de 2,9% nas horas pagas. Comparando os resultados destes três indicadores com os alcançados em 2013 - produção (2,0%), horas pagas (-1,3%) e produtividade (3,3%) - é claro o cenário de desaceleração da indústria no primeiro semestre. Numa perspectiva temporal mais longa, observa-se que indústria não apresenta crescimento da produção desde 2011, o que também ajuda a explicar o quadro de estagnação da produtividade industrial em 2014.

O quadro de estagnação da produtividade que persiste desde 2011 tem várias causas. A principal é o baixo crescimento da produção industrial, pois o comportamento da produtividade é pró-cíclico. Como os estímulos ao consumo das famílias não foram suficientes para alavancar o crescimento dos investimentos, o crescimento da produtividade a longo prazo, essencial para crescimento da renda per capita, fica comprometido. Acompanhando-se a evolução da produtividade da indústria geral trimestre contra trimestre do ano anterior e as taxas de crescimento da formação bruta de capital fixo observa-se que as da formação de capital foram decrescentes em 2011 até setembro de 2012 e voltaram a cair a partir do segundo trimestre de 2013. As taxas de variação da produtividade acompanharam as de investimento em todo o período, com exceção do segundo, terceiro e quarto trimestres de 2012.

Sem sinais claros de dinamismo da indústria, a expectativa é que a produtividade não cresça em 2014, e se ocorrer crescimento será acompanhado de um aprofundamento do desemprego industrial e queda nas horas pagas. Ademais, para a produtividade industrial crescer de forma sustentada depende da retomada dos investimentos, o que não parece estar ocorrendo, dado, dentre outros fatores, um cenário ainda nebuloso em termos de expectativas futuras sobre o desempenho das economias doméstica e mundial.

O agravante da situação de baixo crescimento da produtividade é que o processo de desindustrialização não deve retroceder se o crescimento industrial não ocorrer em bases sólidas. Em suma, não só fatores conjunturais irão ajudar o processo de retomada da produção e da produtividade na indústria, mas também uma política de desenvolvimento para o setor que apresente resultados com foco no investimento e inovação, na produtividade e na competitividade com vistas a melhor inserir as exportações industriais no mercado internacional.

O nível de emprego industrial se contraiu em 2,3% no primeiro semestre, porém a folha de pagamento média real registrou alta de 3,8%, indicando que a mão de obra retida é a de maior remuneração. Os custos associados à contratação e dispensa de mão de obra justificam este resultado. O aumento na remuneração média real juntamente com a não recuperação da produtividade implicou aumento no custo da mão de obra de 3,4% no semestre.

Dos setores com crescimento da produtividade acima da média da Indústria Geral - Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (7,7%), Indústrias extrativas (5,7%), Fumo (5,3%), Couros e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (3,7%) e Madeira (2,2%), os três primeiros melhoraram a produtividade no semestre em relação a dezembro de 2013. Em Fumo, foi registrada a maior redução nas horas pagas de todos os segmentos da indústria (-11,6%). Em todos os setores observou-se queda no crescimento da produção industrial, à exceção de Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis e Indústrias extrativas. Seis setores da Indústria de transformação apresentaram queda na produtividade: Vestuário e acessórios (-0,5%); Textil (-1,0%); Metalurgia (-1,6%); Borracha e produtos de material plástico (-2,7%), Fabricação de produtos de metal (-2,9%) e Produtos de minerais não metálicos (-3,6%).

Do ponto de vista regional, nos três estados de maior peso da produção industrial nacional – São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais - dois presentaram decréscimo na produtividade – São Paulo (-0,8%) e Rio de Janeiro (-3,8%). Os estados com maiores incrementos na produtividade industrial foram os de Pernambuco (4,7%), Espírito Santo (2,1%), Minas Gerais (1,7%) e Rio Grande do Sul (1,5%). Ceará ficou próximo à média nacional (0,6%). Paraná alcançou a mesma marca que a indústria nacional (0,3%). Apresentaram queda de produtividade, além de São Paulo e Rio de Janeiro, os estados de Santa Catarina (-1,4%) e Bahia (-1,5%). Todos os estados apontaram diminuição nas horas pagas e, com exceção de Pernambuco, também de produção industrial.

Leia aqui o texto completo desta Análise.