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Em junho, a produção industrial voltou a recuar.
Foi a quarta taxa de variação negativa consecutiva
(–0,7%, –0,5%, –0,8% e –1,4%, respectivamente,
em março, abril, maio e junho) – todas as taxas calculadas
com relação ao mês imediatamente anterior,
considerados os ajustes sazonais.
Com relação
a igual mês do ano anterior, o resultado foi pior: queda
de 6,9% em junho último – essa também foi
a quarta taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação.
Como resultado dessa evolução negativa, a produção
da indústria nacional apresentou retração
de 2,6% no acumulado do primeiro semestre deste ano – um
dos priores primeiros semestres na série histórica
do IBGE, que inicia em 2002.
A Copa exerceu
impactos positivos e negativos na produção industrial
no mês de junho. Por um lado, o setor de produtos da linha
marrom (televisores, aparelhos de som, rádios etc.) cresceu
em junho e fechou o primeiro semestre com crescimento expressivo
de 20,2%. Por outro lado, os dias que não foram trabalhados
por conta dos jogos da Copa colaboraram para jogar mais para baixo
os números da indústria brasileira. O fato é
que os efeitos negativos se sobrepuseram, já que há
um movimento generalizado de queda da produção na
indústria.
Foi dito que
os dias não trabalhados por ocasião dos jogos “colaboraram
para jogar mais para baixo os números da indústria”
pois a Copa não foi o único fator que determinou
os resultados muito ruins da produção industrial
em junho. Fatores como estoques acumulados, menor confiança
de empresários e de consumidores tiveram papel importante
aí. Aliás, esses são os fatores que prevalecem
ao se explicar a evolução desfavorável (já
não tão recente) da indústria brasileira
– ao lado, evidentemente, das dificuldades de competir com
seus produtos seja no mercado doméstico, seja nos mercados
internacionais de bens manufaturados. Acrescente-se a isto as
maiores dificuldades que a Argentina, nosso principal mercado
de produtos industriais na América do Sul, atravessa.
Expectativas
menos otimistas de empresários e de consumidores têm
afetado, em grande medida, os setores de bens de capital (cuja
produção, segundo os números do IBGE, caiu
8,3% no primeiro semestre deste ano) e de bens duráveis
(–8,6% no mesmo período). O aumento da taxa de juros
e a menor propensão dos bancos privados em ofertar crédito
também têm contribuído para o desempenho negativo
desse último setor, ou seja, o de bens duráveis.
Ao se considerar
também a retração das importações
de bens de capital observada neste ano, isso tudo sugere que os
investimentos da economia brasileira estão recuando –
vale dizer que, por si só, a queda da produção
nacional de bens de capital não significaria necessariamente
que os investimentos estariam recuando, pois poderia estar ocorrendo
um processo de substituição do bem de capital produzido
domesticamente pelo bem de capital produzido no exterior.
Dificilmente
a indústria conseguirá reverter o resultado negativo
do primeiro semestre. É mais provável que o segundo
semestre também seja de queda da produção.
Tudo indica que a indústria brasileira fechará 2014
com retração de sua produção, com
implicações sobre o PIB nacional. Mais uma vez,
os números da indústria levam a novas revisões
das projeções do comportamento da economia brasileira.
Mais uma vez, essas revisões serão feitas para baixo.
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Segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial
apontou variação negativa de 1,4% em junho último
frente ao mês imediatamente anterior. Com relação
a igual mês do ano anterior, o setor industrial mostrou queda ainda
maior, de –6,9%, quarta taxa negativa consecutiva nesse tipo de
comparação. No fechamento do segundo trimestre de 2014,
o setor industrial ficou negativo (–5,4%). O índice acumulado
nos últimos seis meses do ano registrou queda de 2,6%. Nos últimos
12 meses encerrados em junho, a taxa recuou 0,6%, mantendo a trajetória
descendente.
Entre as categorias
de uso, considerando junho frente o mês imediatamente anterior,
os bens de consumo duráveis assinalaram a queda mais acentuada
(–24,9%), seguido pelo segmento de bens de capital (–9,7%),
que apontou o quarto mês seguido de queda na produção,
bens de consumo semi e não–duráveis, com redução
de 1,3% e bens intermediários (–0,1%).
No confronto com igual
mês do ano passado, bens de consumo duráveis (–34,3%)
e bens de capital (–21,1%) assinalaram, em junho de 2014, os recuos
mais acentuados entre as grandes categorias econômicas. Os segmentos
de bens de consumo semi e não–duráveis (–3,0%)
e de bens intermediários (–2,9%) também registraram
resultados negativos nesse mês, mas em intensidade menor do que
a média nacional (–6,9%).
No acumulado do ano,
os destaques negativos ficaram para bens de consumo duráveis (–8,6%)
e bens de capital (–8,3%), pressionadas especialmente pela redução
na fabricação de automóveis (–16,7%) e de bens
de capital para equipamentos de transporte (–15,1%), na segunda.
Os bens intermediários (–2,2%) também assinalaram
resultado negativo. Por outro lado, o setor de bens de consumo semi e
não–duráveis variou positivamente (0,3%).
Setorialmente, 18 dos
24 ramos pesquisados assinalaram queda na passagem maio junho –
considerando os ajustes sazonais. As principais influências negativas
vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (–12,1%)
e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
(–29,6%), seguidos por máquinas e equipamentos(–9,4%),
confecção de artigos de vestuário e acessórios
(–10,0%), produtos de borracha e de material plástico(–5,6%),
outros equipamentos de transporte (–12,3%), máquinas, aparelhos
e materiais elétricos (–7,4%),perfumaria, sabões,
detergentes, produtos de limpeza e de higiene pessoal (–3,1%), produtos
de minerais não–metálicos (–3,4%) e produtos
têxteis (–6,7%). Por outro lado, entre os seis ramos que ampliaram
a produção nesse mês, os desempenhos de maior importância
para a média global foram registrados por coque, produtos derivados
do petróleo e biocombustíveis (6,6%), produtos alimentícios
(2,1%) e bebidas (2,5%).
Na comparação
com igual mês do ano anterior, a produção industrial
registrou queda de 6,9% em junho de 2014, com taxas negativas em 21 dos
26 ramos apontaram redução na produção. Veículos
automotores, reboques e carrocerias, que recuou 36,3%, exerceu a maior
influência negativa. Os demais destaques negativos ficaram para
máquinas e equipamentos (–14,2%), metalurgia (–12,7%),
equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
(–25,1%), produtos de metal (–15,6%), máquinas, aparelhos
e materiais elétricos(–18,4%), produtos de borracha e de
material plástico (–10,4%), outros produtos químicos
(–6,3%) e outros equipamentos de transporte (–21,2%). Por
outro lado, ainda na comparação com junho de 2013, entre
as cinco atividades que aumentaram a produção, os principais
impactos foram observados em coque, produtos derivados do petróleo
e biocombustíveis (9,9%), produtos alimentícios (7,4%),
indústrias extrativas (2,9%) e bebidas(9,4%).
No índice acumulado
do primeiro semestre de 2014, frente a igual período do ano anterior,
o recuo ocorreu em 18 atividades investigadas. O principal impacto negativo
foi observado no ramo de veículos automotores, reboques e carrocerias
(–16,9%). Outras contribuições negativas relevantes:
produtos de metal (–10,1%), metalurgia (–5,0%), máquinas
e equipamentos (–4,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos
(–7,9%) e outros produtos químicos (–4,1%). Por outro
lado, as principais influências positivas foram observadas em indústrias
extrativas (4,1%), produtos alimentícios (2,1%), coque, produtos
derivados do petróleo e biocombustíveis (2,1%) e equipamentos
de informática, produtos eletrônicos e ópticos (7,3%).
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