11 de junho de 2014

Emprego Industrial
Uma crise com custos mais altos


   

 
Os números da indústria brasileira no primeiro quadrimestre deste ano com relação a igual período de 2013 são os seguintes:

  • Produção com queda de 1,2%;
     
  • Número de pessoas ocupadas (emprego industrial) com retração de 2,0%;
     
  • Total do número de horas pagas com decréscimo de 2,5%.

Ou seja, indústria em crise, sobretudo no seu mercado de trabalho. Vale lembrar que, em 2012 e 2013, anos em que o desempenho do emprego industrial foi negativo, o primeiro quadrimestre não foi tão ruim como o registrado no primeiro quadrimestre deste ano – o número de pessoas ocupadas recuou 0,9% no acumulado dos primeiros quatro meses daqueles anos e, como supracitado, caiu 2,0% no mesmo acumulado deste ano.

Outros dois números do mercado de trabalho da indústria referentes ao primeiro quadrimestre deste ano merecem destaques:

  • Folha de pagamento real com crescimento de 1,8%;
     
  • Folha de pagamento real per capita com aumento de 3,9%.

Ao se juntar esses números do IBGE, pode-se calcular a produtividade do trabalho e o custo unitário do trabalho no mercado de trabalho da indústria nacional. A produtividade cresceu 1,3% e o custo unitário 2,4% no primeiro quadrimestre deste ano. Deixando de lado que esse crescimento da produtividade decorreu da maior retração nas horas pagas do que na produção (o que, portanto, não reflete um processo vigoroso da indústria, muito pelo contrário), o fato de o custo do trabalho crescer mais do que a produtividade implica que as margens de lucro das empresas da indústria brasileira estão se reduzindo neste ano.

E esse desempenho bastante adverso do mercado de trabalho da indústria é generalizado. Em termos regionais, observa-se que, no acumulado janeiro-abril frente o mesmo período de 2013, em onze dos catorze locais pesquisados pelo IBGE houve queda da ocupação industrial, com destaque para o recuo do emprego em São Paulo (–3,1%), no Rio Grande do Sul (–4,1%), no Paraná (–3,0%), em Minas Gerais (–1,6%) e na região Nordeste (–0,7%). Setorialmente, ainda no mesmo acumulado, foram registradas taxas negativas em catorze de dezoito setores investigados. As principais contribuições negativas vieram de coque, refino de petróleo e produção de álcool (–10,4%), calçados e couro (–8,5%), produtos de metal (–7,3%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–7,0%) e fumo (–6,9%).
  

 
Em abril, o total dos ocupados na indústria geral assinalou variação de –0,3% em relação ao mês anterior, a partir de dados livres dos efeitos sazonais. No confronto entre abril 2014 e abril 2013, verificou–se queda dos ocupados assalariados em 2,2%, a trigésima primeira variação negativa consecutiva. No acumulado em 2014 a variação foi negativa na ordem de 2,0%. Nos últimos 12 meses, a ocupação na indústria total decresceu 1,5%.

Regionalmente, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve decréscimo do pessoal assalariado ocupado na indústria em onze dos quatorze locais pesquisados. O principal impacto negativo ocorreu em São Paulo (–3,3%). Queda importante também foi verificada em Rio Grande do Sul (–4,6%), Paraná (–3,7%) e Minas Gerais (–2,2%). As contribuições positivas ficaram a cargo de Pernambuco (4,4%) e Região Nordeste (0,3%). No acumulado do ano (jan–abr), frente o mesmo período de 2013, 11 dos 14 locais apresentaram queda da ocupação industrial, com destaque para o recuo de São Paulo (–3,1%). Rio Grande do Sul (–4,1%), Paraná (–3,0%), Minas Gerais (–1,6%) e região Nordeste (–0,7%) foram as outras grandes contribuições negativas para o índice. A região Norte e Centro–Oeste (0,3%) e Pernambuco (2,6%) exerceram as pressões positivas mais importantes

Em termos setoriais, no mês de abril frente ao mesmo mês de 2013, o total do pessoal ocupado assalariado recuou em 14 dos 18 ramos pesquisados, com destaque para as pressões negativas vindas de coque, refino de petróleo e produção de álcool (–7,9%), calçados e couro (–7,6%), produtos de metal (–6,5%) e máquinas e equipamentos (–6,3%). O principal impacto positivo veio de produtos químicos (2,1%), de alimentos e bebidas (1,4%), borracha e plástico (0,9%) e minerais não–metálicos (0,7%). No acumulado do primeiro quadrimestre de 2014, as contribuições negativas vieram de coque, refino de petróleo e produção de álcool (–10,4%), calçados e couro (–8,5%), produtos de metal (–7,3%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–7,0%) e fumo (–6,9%). Os principais impactos positivos foram em minerais não–metálicos (1,8%), produtos químicos (1,7%) e de alimentos e bebidas (1,2%).

 

 
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas na indústria, na passagem de março para abril, apresentou resultado positivo (0,1%) após registrar queda de 0,3% em março, em comparação feita a partir de dados livres de efeitos sazonais. Frente a abril de 2013, o número de horas pagas recuou 3,1%. No índice acumulado nos primeiros quatro meses de 2014, o número de horas pagas na indústria assinalou queda de 2,5%.

Folha de Pagamento Real. Na passagem entre março e abril de 2014 (com ajuste sazonal), a folha de pagamento real registrou alta de 0,7%, após queda de 2,1%. O indicador mensal (mês/mesmo mês do ano anterior) assinalou acréscimo de 0,9%, 4ª taxa positiva consecutiva nesse tipo de comparação. No acumulado do ano, houve alta de 1,8% e no acumulado dos últimos 12 meses, 1,2%.

 

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI no site do IEDI


Leia no site do IEDI: O Brasil e os Novos Acordos Preferenciais de Comércio: O Peso das Barreiras Tarifárias e Não Tarifárias - Levantamento do IEDI sobre o impacto de nossas exportações e importações na hipótese de celebração de acordos com 11 países ou blocos. As simulações incluem a queda de barreiras tarifárias e não tarifárias.