4 de junho de 2014

Indústria
E o cenário... piorou


  

 
A produção industrial brasileira recuou 0,3% em abril, segundo números divulgados hoje pelo IBGE – taxa de variação com relação a março, com ajuste sazonal. Essa taxa negativa refletiu um movimento generalizado de retração das atividades produtivas na indústria nacional: em três dos quatro grandes setores e em doze dos vinte e quatro ramos industriais.

Entre os grandes setores, destaca-se o decréscimo da produção de bens de consumo duráveis (–1,6%) em abril, após o expressivo recuo registrado em março (–3,6%). No acumulado dos quatro primeiros meses de 2014, a produção de bens duráveis apresenta queda de 1,0%.

Com retração de 0,5%, a produção do setor de bens de capital também se destacou negativamente em abril. Foi o segundo resultado desfavorável desse setor neste ano (–4,0% em março – ambas as taxas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal). No período janeiro-abril de 2014, a produção do setor de bens de capital acumula queda de 4,8%.

Vale observar que, no setor de bens de capital, a situação vem piorando ao longo deste ano e em todos os seus ramos a produção recuou nos quatro primeiros meses deste ano. São resultados que aumentam ainda mais as preocupações com relação à indústria, já que, no final de 2013, a expectativa era a de que o setor de bens de capital pudesse, em 2014, fazer alguma frente ao desempenho mais fraco dos demais setores.

No setor de bens intermediários, após três meses consecutivos de variações positivas (ainda que nada robustas), a produção voltou a recuar em abril
(–0,2% frente a março, com ajuste sazonal). No acumulado do primeiro quadrimestre deste ano, as atividades produtivas de bens intermediários estão 1,5% menores do que as de igual período de 2013.

Ou seja, a indústria brasileira está em crise e tal crise é manifesta pelo fraquíssimo e titubeante desempenho de seu setor nuclear – o de intermediários – e pela retração de seus setores mais dinâmicos – de bens de capital e de bens duráveis. As estimativas de crescimento da produção industrial em 2014, assim como já foi feito para o PIB brasileiro, serão revistas – e também para baixo.
 

 
A produção industrial brasileira recuou 0,3% em abril frente a março, na série com ajuste sazonal. Essa taxa refletiu os resultados negativos em doze dos vinte e quatro ramos industriais pesquisados pelo IBGE e em três dos quatro grandes setores da indústria nacional.

Entre as atividades, as principais influências negativas vieram da metalurgia (–2,7%), produtos de minerais não–metálicos (–1,5%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (–1,6%), produtos de madeira (–3,2%), produtos de borracha e de material plástico (–0,9%) e móveis (–2,3%).

Entre os grandes setores, ainda na comparação com o mês imediatamente anterior com ajuste sazonal, a produção de bens de consumo duráveis caiu 1,6% em abril, segundo resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto. No setor de bens de capital, a produção recuou 0,5%, também apontando o segundo mês seguido de queda na produçã0. O setor produtor de bens intermediários, cuja produção decresceu 0,2% em abril, interrompeu três meses consecutivos de taxas positivas. Por sua vez, a produção do segmento de bens de consumo semi e não–duráveis aumentou 0,4% e, portanto, foi o único grande setor que registrou avanço na produção no quarto mês deste ano.

Na comparação com igual mês de 2013, a produção industrial em geral caiu 5,8% em abril deste ano. Foram registradas quedas na produção nos quatro grandes setores econômicos e em 20 dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE. Deve-se considerar que, em abril deste ano, houve dois dias úteis a menos do que igual mês do ano anterior.

As produções de bens de capital (–14,4%) e de bens de consumo duráveis (–12,0%) assinalaram as maiores quedas entre as grandes categorias econômicas. Os segmentos de bens intermediários (–4,5%) e de bens de consumo semi e não–duráveis (–3,9%) também registraram resultados negativos expressivos.

Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (–21,3%) exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria. Outras contribuições negativas importantes vieram dos ramos de fabricação de máquinas e equipamentos (–9,9%), de produtos alimentícios (–4,0%), de outros produtos químicos (–9,0%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–15,1%), produtos de metal (–10,8%) e de metalurgia (–6,2%).

 

 
No acumulado dos quatro primeiros meses de 2014, frente a igual período do ano anterior, a produção industrial recuou 1,2%, reflexo da menor produção em 15 dos 26 ramos industriais. O principal impacto negativo veio de veículos automotores, reboques e carrocerias (–10,2%). Outras contribuições negativas relevantes vieram dos setores de produtos de metal (–8,5%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–7,5%) e de outros produtos químicos (–3,3%).

Por outro lado, entre as 11 atividades cuja produção cresceu no acumulado do primeiro quadrimestre, destacam-se equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (16,6%), indústrias extrativas (3,9%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (9,5%), impulsionadas, em grande parte, pelo crescimento na fabricação de televisores, monitores de vídeo para computadores e telefones celulares, na primeira, minérios de ferro em bruto ou beneficiado, na segunda, e medicamentos na última.

Entre os grandes setores industriais, ainda no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, a produção recuou 4,8% no setor de bens de capital, 1,5% no setor de bens intermediários e 1,0% no de bens de consumo duráveis (–1,0%). O setor produtor de bens de consumo semi e não–duráveis é o único que apresenta taxa positiva de crescimento da produção (1,1%) nesse período.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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