16 de maio de 2014

Economia Brasileira
Dez pontos para a
economia crescer mais – 2014


  

 
O IEDI divulga hoje em sua Carta a atualização de documento editado pela primeira vez em 2013, Dez Pontos para a Economia Crescer Mais.

Trata-se de documento discutido no Conselho do Instituto e que enumera as principais mudanças ou reformas necessárias para que a economia cresça mais e de forma mais sustentável.

A etapa desfavorável da economia no último triênio, que contabilizou crescimento médio anual do PIB de apenas 2% coloca em evidência a necessidade de uma nova política econômica. A indústria tem sido protagonista desse processo contribuindo negativamente para o desempenho econômico do país. A evolução em média da indústria de transformação no período foi de -0,1% ao ano e não há evidências seguras de que o setor esteja superando a crise que sobre ele se abateu.

Para o IEDI a indústria pode e deve contribuir muito para o desenvolvimento econômico e social brasileiro. Sua relevância no investimento e na geração de inovações e na atividade de P&D poderá ajudar a impulsionar o avanço de produtividade de que precisa a economia para seu processo de crescimento sustentado. Para tanto, será necessário superar a crise que a paralisa.

Trata-se de uma crise complexa porque apresenta múltiplas causas e dimensões. De um ponto de vista geral, o impasse deriva da baixa competitividade industrial devido tanto a fatores externos, quanto internos.

Do lado externo, a crise global, por estreitar os mercados de produtos industriais, impôs um padrão de competição muito mais intenso entre as principais economias pelos poucos mercados dinâmicos ainda existentes no mundo, uma das razões que explicam a progressiva perda de mercados de exportação da indústria brasileira, assim como de fatias crescentes do mercado interno para a produção estrangeira.

Ao cenário externo de maior competição somam-se fatores internos da maior gravidade e que, considerados em conjunto, concorreram para restringir a competitividade da produção doméstica. Estamos falando tanto de temas atinentes à orientação de políticas gerais de governo, quanto de questões decisivas que se apresentam no âmbito propriamente da economia e do setor industrial.

São conhecidas as consequências adversas da deficiente qualidade em nosso sistema educacional e na formação de mão de obra sobre a atividade produtiva. A indústria, como um dos principais absorvedores de trabalho qualificado, tem sido muito afetada em seus custos e em sua produtividade por esta grave lacuna existente em nossa sociedade.

São também de conhecimento amplo as implicações absolutamente negativas sobre a economia dos atrasos dos investimentos em infraestrutura. O mesmo se pode dizer das distorções causadas por nosso sistema tributário, pelo inadequado aparato de financiamento de longo prazo, por uma burocracia excessiva e pela asfixiante regulação da qual é exemplo a legislação trabalhista.

Nesses campos serão necessárias reformas e reorientações profundas. Isto trará ganhos inestimáveis para a sociedade e, no que diz respeito à economia, promoverá a redução de custos e mais elevados níveis de eficiência e produtividade.

Estas são as pré-condições gerais indispensáveis para que a economia brasileira como um todo e a indústria, em particular, recupere sua capacidade de concorrer com a produção realizada no exterior e volte a ter condições favoráveis de crescimento maior e mais sustentável.

Somos de opinião que em matéria propriamente da indústria há também muito o que fazer para reposicioná-la na direção do crescimento. A política para o setor deveria buscar novos instrumentos para a mudança e o avanço da indústria no Brasil. Adotar programa prioritário de redução para níveis internacionais dos custos de insumos básicos produzidos no país, o que beneficiaria todas as cadeias de produção, e promover uma maior interação entre indústria e serviços, seriam exemplos.

Como instrumento central para a promoção da inovação e da produtividade no setor industrial, não deveríamos abrir mão da maior competição que uma abertura responsável ajudaria a promover. Isto implicaria em maior disposição do país em celebrar acordos internacionais e se aproximar das cadeias globais de produção.

Em suma, em nosso entendimento crescer de forma sustentada envolve ações em campos decisivos, como na educação e formação de mão de obra, infraestrutura, gasto público, sistema tributário, política de produtividade e competitividade, inserção externa da economia e em temas que há muito tempo dificultam o investimento e o desenvolvimento do Brasil, quais sejam, a burocracia e crescente complexidade legal.

Reunindo esses temas, um programa de remoção dos principais entraves da economia brasileira contribuiria muito para construir um marco de referência para pavimentar uma trajetória de expansão a longo prazo, auxiliando, além disso, na retomada a curto prazo do crescimento por criar desde já expectativas favoráveis ao investimento, emprego e produção.
 

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI na seção Economia e Indústria do site do IEDI


O Conselho do IEDI é formado por empresários de destacadas empresas
em seu setor e no contexto da indústria brasileira. Conheça o Conselho do IEDI.