Os primeiros resultados da nova metodologia da Pesquisa Industrial
Mensal de Produção Física (PIM-PF) do IBGE
divulgados hoje não alteram o quadro da indústria
brasileira: a produção industrial continua com desempenho
fraco e oscilante.
De fato, seja
na série que compara determinado mês com o mês
imediatamente anterior com ajuste sazonal, seja na série
que compara com o mesmo mês do ano anterior, nota-se que
a nova metodologia ainda mostra a produção industrial
num movimento de sobe e desce, com reduzido crescimento.
Observa-se
também que, em geral, as taxas de variação
foram “amenizadas”. Por exemplo, na metodologia anterior,
a produção da indústria nacional apresentava
crescimento de 3,8% e 0,4%, respectivamente, em janeiro e fevereiro
deste ano. Na nova metodologia, essas taxas foram revistas para
2,2% e 0,0%, nessa ordem – taxas calculadas com relação
ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Ao se tomar
a série que compara o mês com o mesmo mês do
ano anterior, vê-se a mesma tendência na revisão
dos índices: as variações da produção
industrial em geral eram, de acordo com a metodologia anterior,
de –2,2% e 5,0%, respectivamente, em janeiro e fevereiro
deste ano e passaram para –1,8% e 4,4%, na mesma ordem,
segundo com a nova metodologia.
Mas há
exceções. Por exemplo, no setor de bens de capital,
na série com ajuste sazonal, a produção crescia
13,3% e 0,1% em janeiro e fevereiro deste ano, números
que foram revisados para 19,2% e 2,8%, respectivamente, na nova
metodologia.
Como se disse
acima, os novos resultados não alteram qualitativamente
a análise mais geral da indústria brasileira. Na
passagem de fevereiro para março, já considerados
os ajustes sazonais, a produção industrial recuou
0,5% – variação relativa a fevereiro, ajustada
sazonalmente –, reflexo da retração das atividades
produtivas em catorze dos vinte e quatro ramos industriais pesquisados
pelo IBGE.
Ou ainda,
a produção voltou a cair – primeira queda
neste ano – e isso ocorreu na maioria dos ramos industriais.
A consequência é que a indústria fechou o
primeiro trimestre deste ano com crescimento de apenas 0,4%.
Há
números na nova metodologia do IBGE que reforçam
as preocupações com o desempenho da indústria
neste ano de 2014. Em primeiro lugar, destaca-se o caminhar muito
tímido do setor de bens intermediários: 0,2%, 0,4%
e 0,1%, respectivamente, em janeiro, fevereiro e março
deste ano – todas essas taxas calculadas com relação
ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Além
de esse setor (chamado de “termômetro” da indústria
brasileira) mostrar, mês após mês, uma temperatura
muito baixa, sua produção registrou variação
negativa (–0,6%) no primeiro trimestre deste ano.
Em segundo
lugar, os novos resultados do setor de bens de capital chamam
a atenção pelo que podem refletir de negativo para
a indústria em particular e para a economia brasileira
em geral. No acumulado dos dois primeiros meses, na metodologia
anterior, a produção de bens de capital crescia
a uma taxa muito expressiva, de 8,0%, a qual foi revista para
3,3% naquele mesmo período na nova metodologia.
Para piorar
o cenário de bens de capital, apesar de, na nova metodologia,
as taxas de variação com ajuste sazonal nos dois
primeiros meses deste ano terem sido revistas para cima –
como supracitado –, a produção de bens de
capital caiu 3,6% em março e passou a acumular queda 0,9%
nos três primeiros meses deste ano.
Portanto,
a indústria começou o primeiro trimestre com resultados
nada promissores: queda na produção do setor de
maior peso na indústria (intermediários) e queda
na produção do setor para o qual as expectativas
eram relativamente mais positivas em 2014, qual seja, o setor
de bens de capital.
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