7 de maio de 2014

Indústria
Primeiro trimestre: intermediários e bens de capital puxando produção para baixo


  

 
Os primeiros resultados da nova metodologia da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF) do IBGE divulgados hoje não alteram o quadro da indústria brasileira: a produção industrial continua com desempenho fraco e oscilante.

De fato, seja na série que compara determinado mês com o mês imediatamente anterior com ajuste sazonal, seja na série que compara com o mesmo mês do ano anterior, nota-se que a nova metodologia ainda mostra a produção industrial num movimento de sobe e desce, com reduzido crescimento.

Observa-se também que, em geral, as taxas de variação foram “amenizadas”. Por exemplo, na metodologia anterior, a produção da indústria nacional apresentava crescimento de 3,8% e 0,4%, respectivamente, em janeiro e fevereiro deste ano. Na nova metodologia, essas taxas foram revistas para 2,2% e 0,0%, nessa ordem – taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.

Ao se tomar a série que compara o mês com o mesmo mês do ano anterior, vê-se a mesma tendência na revisão dos índices: as variações da produção industrial em geral eram, de acordo com a metodologia anterior, de –2,2% e 5,0%, respectivamente, em janeiro e fevereiro deste ano e passaram para –1,8% e 4,4%, na mesma ordem, segundo com a nova metodologia.

Mas há exceções. Por exemplo, no setor de bens de capital, na série com ajuste sazonal, a produção crescia 13,3% e 0,1% em janeiro e fevereiro deste ano, números que foram revisados para 19,2% e 2,8%, respectivamente, na nova metodologia.

Como se disse acima, os novos resultados não alteram qualitativamente a análise mais geral da indústria brasileira. Na passagem de fevereiro para março, já considerados os ajustes sazonais, a produção industrial recuou 0,5% – variação relativa a fevereiro, ajustada sazonalmente –, reflexo da retração das atividades produtivas em catorze dos vinte e quatro ramos industriais pesquisados pelo IBGE.

Ou ainda, a produção voltou a cair – primeira queda neste ano – e isso ocorreu na maioria dos ramos industriais. A consequência é que a indústria fechou o primeiro trimestre deste ano com crescimento de apenas 0,4%.

Há números na nova metodologia do IBGE que reforçam as preocupações com o desempenho da indústria neste ano de 2014. Em primeiro lugar, destaca-se o caminhar muito tímido do setor de bens intermediários: 0,2%, 0,4% e 0,1%, respectivamente, em janeiro, fevereiro e março deste ano – todas essas taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Além de esse setor (chamado de “termômetro” da indústria brasileira) mostrar, mês após mês, uma temperatura muito baixa, sua produção registrou variação negativa (–0,6%) no primeiro trimestre deste ano.

Em segundo lugar, os novos resultados do setor de bens de capital chamam a atenção pelo que podem refletir de negativo para a indústria em particular e para a economia brasileira em geral. No acumulado dos dois primeiros meses, na metodologia anterior, a produção de bens de capital crescia a uma taxa muito expressiva, de 8,0%, a qual foi revista para 3,3% naquele mesmo período na nova metodologia.

Para piorar o cenário de bens de capital, apesar de, na nova metodologia, as taxas de variação com ajuste sazonal nos dois primeiros meses deste ano terem sido revistas para cima – como supracitado –, a produção de bens de capital caiu 3,6% em março e passou a acumular queda 0,9% nos três primeiros meses deste ano.

Portanto, a indústria começou o primeiro trimestre com resultados nada promissores: queda na produção do setor de maior peso na indústria (intermediários) e queda na produção do setor para o qual as expectativas eram relativamente mais positivas em 2014, qual seja, o setor de bens de capital.

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