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O crescimento substancial de 2,9% da produção da
indústria brasileira em janeiro não suscita maiores
entusiasmos. Sem sombra de dúvidas, é muito positivo
que a produção de janeiro tenha crescido a essa
taxa, mas ela não repõe a queda de 3,7% registrada
em dezembro e não sinaliza, absolutamente, que a atividade
produtiva da indústria deixou de trilhar aquele caminho
tortuoso observado há mais de um ano e meio, ou ainda,
aquela trajetória marcada por um sobe e desce vertiginoso
– taxas calculadas com relação ao mês
imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
A indústria
passa por uma crise de competitividade, que tem no longo período
de moeda nacional valorizada, nos investimentos insuficientes
em infraestrutura e num ambiente de negócios pouco favorável
suas causas mais diretas. Essa crise e o acirramento da concorrência
internacional depois de 2008 estão mexendo com a configuração
da indústria nacional, cuja perda de densidade é
clara. Isso não quer dizer que o setor industrial brasileiro
esteja moribundo. Em outros momentos difíceis, a indústria
já mostrou ser capaz de reagir. E a expectativa é
que, neste ano de 2014, sobretudo puxada pelos investimentos,
a indústria dê sinais de uma reação
mais consistente.
O setor de bens de
capital parece dar algum suporte a tal expectativa. Começou
janeiro se recuperando parcialmente (aumento de 10,0% da produção
frente a dezembro, com ajuste sazonal) das retrações
registradas em novembro e dezembro de 2013 e foi o único
grande setor que apresentou crescimento (2,5%) na comparação
com janeiro do ano passado. Além disso, chama atenção
o ganho de ritmo dos segmentos produtores de bens de capital para
indústria e para construção, segmentos reconhecidamente
de grande empuxo na economia.
O câmbio também
poderá favorecer a indústria, de um modo geral pelo
lado das exportações e em particular por uma provável
retomada da produção doméstica de bens intermediários,
cuja produção tem sido, nos últimos anos,
desbancada pela enxurrada de produtos importados. Vale lembrar
que, em 2012, a atividade produtiva desse setor recuou 1,4% e,
no ano passado, ela ficou estagnada. O avanço de 1,2% em
janeiro não diz muito, pois a produção de
intermediários caiu 4,2% em dezembro – taxas com
relação ao mês imediatamente anterior, com
ajuste sazonal. No entanto, esse efeito do câmbio sobre
a produção nacional não é fácil
de estimar e não é certo, já que, em outros
países, as moedas nacionais também foram desvalorizadas.
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Segundo dados do IBGE, a indústria brasileira registrou avanço
de 2,9% em janeiro comparativamente ao mês anterior, na série
com dados dessazonalizados, após recuo de 3,7% em dezembro. Na
comparação com janeiro de 2012, houve uma queda da produção
industrial em 2,4%, o segundo resultado negativo consecutivo. No acumulado
dos últimos 12 meses frente a igual período imediatamente
anterior, a produção industrial apresentou variação
positiva de 0,5%.
Dentre as categorias de uso
na comparação com o mês imediatamente anterior, os
bens de capital avançaram 10,0%, a maior em janeiro de 2014. Os
bens duráveis também assinalaram alta superior à
média nacional (3,8%). Os segmentos de bens de consumo semi e não
duráveis (1,2%) e de bens intermediários (1,2%) também
registraram taxas positivas nesse mês.
Na comparação
mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), todas as categorias
de uso obtiveram um desempenho negativo em janeiro. Nessa comparação,
bens intermediários (-2,7%) e bens de consumo semi e não
duráveis (-3,0%) apontaram taxas negativas mais elevadas do que
a da média da indústria (-2,4%) em janeiro de 2014. O setor
de bens de capital cresceu 2,5% em janeiro de 2014, o 13º resultado
positivo consecutivo na comparação com igual mês do
ano anterior, com destaque para os segmentos de bens de capital para construção
(73,1%), bens de capital para fins industriais (11,9%), agrícola
(9,6%) e para energia elétrica (4,3%).
Setorialmente, em
comparação a dezembro de 2013, com dados dessazonalizados,
foi verificado avanço no nível de produção
em 17 dos 27 ramos produtivos contemplados na pesquisa. Os maiores destaques
foram: farmacêutica (29,4%),veículos automotores (8,7%) e
máquinas e equipamentos (6,4%). Outras contribuições
positivas importantes sobre o total da indústria vieram de máquinas
para escritório e equipamentos de informática (18,2%), material
eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações
(7,6%), equipamentos de instrumentação médico-hospitalar,
ópticos e outros (17,5%), borracha e plástico (4,9%), metalurgia
básica(2,8%), calçados e artigos de couro (10,7%) e máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (3,9%). Por outro lado, os setores
que contribuiram negativamente foram: fumo (-47,6%), outros produtos químicos
(-2,5%), refino de petróleo e produção de álcool
(-2,2%), influenciada por paralisações em unidades produtivas
do setor, e produtos de metal (-2,7%).
Na variação observada
no confronto entre janeiro de 2014 e janeiro de 2013, a indústria
geral acusou diminuição no nível de produção
de 2,4%. Nessa comparação, em 19 dos 27 setores pesquisados
foi verificado recuo da produção industrial. Das atividades
que registraram queda de produção destacaram-se: veículos
automotores (-14,4%), edição, impressão e reprodução
de gravações (-11,5%), produtos de metal (-8,2%), bebidas(-5,9%),
máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,7%), refino
de petróleo e produção de álcool (-2,9%) e
borracha e plástico (-5,8%). Por outro lado, entre as oito atividades
que ampliaram a produção, os principais impactos foram observados
em material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações
(27,8%), máquinas e equipamentos (6,9%), outros equipamentos de
transporte(8,2%) e máquinas para escritório e equipamentos
de informática (20,5%).
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