11 de março de 2014

Indústria
Melhores expectativas que vêm
do setor de bens de capital


  

 
O crescimento substancial de 2,9% da produção da indústria brasileira em janeiro não suscita maiores entusiasmos. Sem sombra de dúvidas, é muito positivo que a produção de janeiro tenha crescido a essa taxa, mas ela não repõe a queda de 3,7% registrada em dezembro e não sinaliza, absolutamente, que a atividade produtiva da indústria deixou de trilhar aquele caminho tortuoso observado há mais de um ano e meio, ou ainda, aquela trajetória marcada por um sobe e desce vertiginoso – taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.

A indústria passa por uma crise de competitividade, que tem no longo período de moeda nacional valorizada, nos investimentos insuficientes em infraestrutura e num ambiente de negócios pouco favorável suas causas mais diretas. Essa crise e o acirramento da concorrência internacional depois de 2008 estão mexendo com a configuração da indústria nacional, cuja perda de densidade é clara. Isso não quer dizer que o setor industrial brasileiro esteja moribundo. Em outros momentos difíceis, a indústria já mostrou ser capaz de reagir. E a expectativa é que, neste ano de 2014, sobretudo puxada pelos investimentos, a indústria dê sinais de uma reação mais consistente.

O setor de bens de capital parece dar algum suporte a tal expectativa. Começou janeiro se recuperando parcialmente (aumento de 10,0% da produção frente a dezembro, com ajuste sazonal) das retrações registradas em novembro e dezembro de 2013 e foi o único grande setor que apresentou crescimento (2,5%) na comparação com janeiro do ano passado. Além disso, chama atenção o ganho de ritmo dos segmentos produtores de bens de capital para indústria e para construção, segmentos reconhecidamente de grande empuxo na economia.

O câmbio também poderá favorecer a indústria, de um modo geral pelo lado das exportações e em particular por uma provável retomada da produção doméstica de bens intermediários, cuja produção tem sido, nos últimos anos, desbancada pela enxurrada de produtos importados. Vale lembrar que, em 2012, a atividade produtiva desse setor recuou 1,4% e, no ano passado, ela ficou estagnada. O avanço de 1,2% em janeiro não diz muito, pois a produção de intermediários caiu 4,2% em dezembro – taxas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. No entanto, esse efeito do câmbio sobre a produção nacional não é fácil de estimar e não é certo, já que, em outros países, as moedas nacionais também foram desvalorizadas.
 

 
Segundo dados do IBGE, a indústria brasileira registrou avanço de 2,9% em janeiro comparativamente ao mês anterior, na série com dados dessazonalizados, após recuo de 3,7% em dezembro. Na comparação com janeiro de 2012, houve uma queda da produção industrial em 2,4%, o segundo resultado negativo consecutivo. No acumulado dos últimos 12 meses frente a igual período imediatamente anterior, a produção industrial apresentou variação positiva de 0,5%.

Dentre as categorias de uso na comparação com o mês imediatamente anterior, os bens de capital avançaram 10,0%, a maior em janeiro de 2014. Os bens duráveis também assinalaram alta superior à média nacional (3,8%). Os segmentos de bens de consumo semi e não duráveis (1,2%) e de bens intermediários (1,2%) também registraram taxas positivas nesse mês.

Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), todas as categorias de uso obtiveram um desempenho negativo em janeiro. Nessa comparação, bens intermediários (-2,7%) e bens de consumo semi e não duráveis (-3,0%) apontaram taxas negativas mais elevadas do que a da média da indústria (-2,4%) em janeiro de 2014. O setor de bens de capital cresceu 2,5% em janeiro de 2014, o 13º resultado positivo consecutivo na comparação com igual mês do ano anterior, com destaque para os segmentos de bens de capital para construção (73,1%), bens de capital para fins industriais (11,9%), agrícola (9,6%) e para energia elétrica (4,3%).

 

 
Setorialmente, em comparação a dezembro de 2013, com dados dessazonalizados, foi verificado avanço no nível de produção em 17 dos 27 ramos produtivos contemplados na pesquisa. Os maiores destaques foram: farmacêutica (29,4%),veículos automotores (8,7%) e máquinas e equipamentos (6,4%). Outras contribuições positivas importantes sobre o total da indústria vieram de máquinas para escritório e equipamentos de informática (18,2%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (7,6%), equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros (17,5%), borracha e plástico (4,9%), metalurgia básica(2,8%), calçados e artigos de couro (10,7%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,9%). Por outro lado, os setores que contribuiram negativamente foram: fumo (-47,6%), outros produtos químicos (-2,5%), refino de petróleo e produção de álcool (-2,2%), influenciada por paralisações em unidades produtivas do setor, e produtos de metal (-2,7%).

Na variação observada no confronto entre janeiro de 2014 e janeiro de 2013, a indústria geral acusou diminuição no nível de produção de 2,4%. Nessa comparação, em 19 dos 27 setores pesquisados foi verificado recuo da produção industrial. Das atividades que registraram queda de produção destacaram-se: veículos automotores (-14,4%), edição, impressão e reprodução de gravações (-11,5%), produtos de metal (-8,2%), bebidas(-5,9%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,7%), refino de petróleo e produção de álcool (-2,9%) e borracha e plástico (-5,8%). Por outro lado, entre as oito atividades que ampliaram a produção, os principais impactos foram observados em material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (27,8%), máquinas e equipamentos (6,9%), outros equipamentos de transporte(8,2%) e máquinas para escritório e equipamentos de informática (20,5%).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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