7 de março de 2014

Indústria
O avanço ainda não é o ideal


  

 
A produtividade do trabalho industrial cresceu 2,4% em 2013, o que é um bom resultado. Porém, se é considerado o triênio 2011-13, ficou praticamente estagnada, com crescimento médio anual de apenas 0,6% ao ano. Esse é um fator preponderante para explicar a perda de competitividade do produto nacional na concorrência com o produto importado no mercado interno e nas exportações.

O resultado alcançado em 2013 combinou expansão de 1,2% da produção e retração de 1,3% nas horas pagas; o nível de emprego recuou 1,1%. Mesmo repetindo o padrão de alternância de taxas que se observa desde a crise internacional de 2008 o comportamento da produtividade em 2013 se distinguiu dos anos imediatamente anteriores pois ocorreu com expansão da produção e com redução nas horas pagas e emprego. Quedas de emprego anteriores, em 2009 e em 2012, foram acompanhadas de queda de produção.

A remuneração média real cresceu em 2,4%, o que em um contexto de queda no emprego e nas horas pagas é indicação de que a mão de obra retida foi a de maior qualificação e remuneração média. Como tanto a produtividade como a folha de pagamento média real aumentaram 2,4%, a indústria não apresentou ganhos de competitividade, porém deve-se destacar que nesse processo foi permitido que o setor industrial estancasse a perda de competitividade. Considerando o triênio 2011-13, o aumento da produtividade no período não foi suficiente para acomodar o aumento nos custos com mão de obra: os custos com salários apresentaram elevação de 3,2% em média ao ano.

Como 2013 foi o segundo ano consecutivo de queda no emprego industrial, pode-se dizer que as empresas do setor estão buscando se ajustar ao contexto de baixo crescimento mundial e interno aumentando a eficiência, poupando mão de obra (reduzindo o nível de emprego) e reduzindo o custo do trabalho (diminuindo as horas pagas). Vale observar que a indústria diminuiu mais as horas pagas do que demitiu em 2013, sinalizando que procurou 'segurar' mão de obra, pois com mercado de trabalho aquecido o custo de repor a mão de obra perdida caso a economia volte a crescer é mais elevado. Uma interpretação do resultado da produtividade em 2013, considerando a redução do emprego industrial, é que a indústria está reagindo defensivamente dado o quadro de ainda elevada incerteza no ambiente macroeconômico interno e externo. Como a produtividade é pró-cíclica, enquanto as perspectivas de crescimento do PIB industrial forem baixas, o crescimento da produtividade estará comprometido.

Do ponto de vista setorial, 11 segmentos apresentaram taxas positivas de crescimento da produtividade, sendo 9 com percentual acima da média da Indústria Geral. Deste conjunto destaca-se dois grupos: o primeiro, onde predominam segmentos intensivos em recursos naturais e trabalho, cresceram a produtividade em 2012 e 2013; no segundo, onde predominam setores com maior intensidade relativa de capital, o crescimento da produtividade em 2013 recuperou tudo ou parte das perdas em 2012. No primeiro grupo estão os setores de Calçados e Couro (14,5%); Madeira (10,3%); Coque, Refino de petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool (10,1%); Produtos de Metal (3,4%) e Têxtil (3,0%). Em todos, com exceção de Têxtil, o resultado positivo da produtividade em 2013 foi obtido pela queda nas horas pagas acompanhando a queda no emprego, com expansão na produção.

No segundo grupo estão Máquinas e Equipamentos (9,4%); Fabricação de Outros Produtos da Indústria de Transformação (8,8%); Fabricação de Meios de Transporte (6,9%); Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações (4,6%). Em todos houve retração nas horas pagas e no emprego, à exceção de Fabricação de Meios de Transporte.

A redução no emprego e horas pagas foi observada também na maioria dos setores com crescimento da produtividade abaixo da média da Indústria Geral. Cinco setores apresentaram queda na produtividade e aumento no emprego sendo eles: Produtos Químicos; Borracha e Plástico; Alimentos e Bebidas; Indústrias Extrativas e Fumo.

Em termos de remuneração do trabalho em 2013 em todos os setores observou-se ganho de salário médio real, com exceção de Metalúrgica Básica. Comparando o desempenho da produtividade com a remuneração média da mão de obra, observa-se que o crescimento da produtividade supera o da remuneração média real em todos os setores com crescimento da produtividade acima da média da Indústria Geral, com exceção de Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações. Dos setores com aumento da produtividade abaixo da média da Indústria Geral observou-se aumento no custo unitário do trabalho.

Do ponto de vista regional, o crescimento da produtividade de 2,4% em 2013 oscilou entre taxas de 10,4% na Bahia a -3,0% no Espírito Santo. A maioria dos locais registrou incremento da produção e queda das horas pagas. O perfil regional da evolução da produtividade foi bastante atípico, pois os estados com os parques industriais de maior peso - São Paulo (1,6%), Rio de Janeiro (-0,4%) e Minas Gerais (-0,1%) - tiveram desempenho negativo ou abaixo da média nacional. Também abaixo da média ficaram Santa Catarina (0,6%) e Espírito Santo (-3,0%), que teve o pior desempenho dentre os locais pesquisados.

Portanto, os destaques positivos ficaram para os estados da região Nordeste – Bahia (10,4%), Pernambuco (7,8%) e Ceará (4,0%) - e com dois dos três estados da Região Sul - Rio Grande do Sul (9,6%) e Paraná (6,5%). Em todos esses cinco locais o incremento da produtividade foi superior ao da folha de pagamento média real, indicando que esses estados tiveram queda nos custos de trabalho e, portanto ganho de competitividade.

O resultado regional é em parte explicado pelo desempenho das Indústrias Extrativas, que registraram taxas negativas em três dos quatro estados pesquisados - Rio de Janeiro (-12,9%), Espírito Santo (-5,9%) e Minas Gerais (-5,8%) - e têm grande peso nesses parques locais. Cabe destacar ainda que Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul alcançaram em 2013 os maiores índices de produtividade de suas respectivas séries.
 

 

 

 

 

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