A produtividade do trabalho industrial cresceu 2,4% em 2013, o
que é um bom resultado. Porém, se é considerado
o triênio 2011-13, ficou praticamente estagnada, com crescimento
médio anual de apenas 0,6% ao ano. Esse é um fator
preponderante para explicar a perda de competitividade do produto
nacional na concorrência com o produto importado no mercado
interno e nas exportações.
O resultado
alcançado em 2013 combinou expansão de 1,2% da produção
e retração de 1,3% nas horas pagas; o nível
de emprego recuou 1,1%. Mesmo repetindo o padrão de alternância
de taxas que se observa desde a crise internacional de 2008 o
comportamento da produtividade em 2013 se distinguiu dos anos
imediatamente anteriores pois ocorreu com expansão da produção
e com redução nas horas pagas e emprego. Quedas
de emprego anteriores, em 2009 e em 2012, foram acompanhadas de
queda de produção.
A remuneração
média real cresceu em 2,4%, o que em um contexto de queda
no emprego e nas horas pagas é indicação
de que a mão de obra retida foi a de maior qualificação
e remuneração média. Como tanto a produtividade
como a folha de pagamento média real aumentaram 2,4%, a
indústria não apresentou ganhos de competitividade,
porém deve-se destacar que nesse processo foi permitido
que o setor industrial estancasse a perda de competitividade.
Considerando o triênio 2011-13, o aumento da produtividade
no período não foi suficiente para acomodar o aumento
nos custos com mão de obra: os custos com salários
apresentaram elevação de 3,2% em média ao
ano.
Como 2013
foi o segundo ano consecutivo de queda no emprego industrial,
pode-se dizer que as empresas do setor estão buscando se
ajustar ao contexto de baixo crescimento mundial e interno aumentando
a eficiência, poupando mão de obra (reduzindo o nível
de emprego) e reduzindo o custo do trabalho (diminuindo as horas
pagas). Vale observar que a indústria diminuiu mais as
horas pagas do que demitiu em 2013, sinalizando que procurou 'segurar'
mão de obra, pois com mercado de trabalho aquecido o custo
de repor a mão de obra perdida caso a economia volte a
crescer é mais elevado. Uma interpretação
do resultado da produtividade em 2013, considerando a redução
do emprego industrial, é que a indústria está
reagindo defensivamente dado o quadro de ainda elevada incerteza
no ambiente macroeconômico interno e externo. Como a produtividade
é pró-cíclica, enquanto as perspectivas de
crescimento do PIB industrial forem baixas, o crescimento da produtividade
estará comprometido.
Do ponto de
vista setorial, 11 segmentos apresentaram taxas positivas de crescimento
da produtividade, sendo 9 com percentual acima da média
da Indústria Geral. Deste conjunto destaca-se dois grupos:
o primeiro, onde predominam segmentos intensivos em recursos naturais
e trabalho, cresceram a produtividade em 2012 e 2013; no segundo,
onde predominam setores com maior intensidade relativa de capital,
o crescimento da produtividade em 2013 recuperou tudo ou parte
das perdas em 2012. No primeiro grupo estão os setores
de Calçados e Couro (14,5%); Madeira (10,3%); Coque, Refino
de petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool
(10,1%); Produtos de Metal (3,4%) e Têxtil (3,0%). Em todos,
com exceção de Têxtil, o resultado positivo
da produtividade em 2013 foi obtido pela queda nas horas pagas
acompanhando a queda no emprego, com expansão na produção.
No segundo
grupo estão Máquinas e Equipamentos (9,4%); Fabricação
de Outros Produtos da Indústria de Transformação
(8,8%); Fabricação de Meios de Transporte (6,9%);
Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos,
de Precisão e de Comunicações (4,6%). Em
todos houve retração nas horas pagas e no emprego,
à exceção de Fabricação de
Meios de Transporte.
A redução
no emprego e horas pagas foi observada também na maioria
dos setores com crescimento da produtividade abaixo da média
da Indústria Geral. Cinco setores apresentaram queda na
produtividade e aumento no emprego sendo eles: Produtos Químicos;
Borracha e Plástico; Alimentos e Bebidas; Indústrias
Extrativas e Fumo.
Em termos
de remuneração do trabalho em 2013 em todos os setores
observou-se ganho de salário médio real, com exceção
de Metalúrgica Básica. Comparando o desempenho da
produtividade com a remuneração média da
mão de obra, observa-se que o crescimento da produtividade
supera o da remuneração média real em todos
os setores com crescimento da produtividade acima da média
da Indústria Geral, com exceção de Máquinas
e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão
e de Comunicações. Dos setores com aumento da produtividade
abaixo da média da Indústria Geral observou-se aumento
no custo unitário do trabalho.
Do ponto de
vista regional, o crescimento da produtividade de 2,4% em 2013
oscilou entre taxas de 10,4% na Bahia a -3,0% no Espírito
Santo. A maioria dos locais registrou incremento da produção
e queda das horas pagas. O perfil regional da evolução
da produtividade foi bastante atípico, pois os estados
com os parques industriais de maior peso - São Paulo (1,6%),
Rio de Janeiro (-0,4%) e Minas Gerais (-0,1%) - tiveram desempenho
negativo ou abaixo da média nacional. Também abaixo
da média ficaram Santa Catarina (0,6%) e Espírito
Santo (-3,0%), que teve o pior desempenho dentre os locais pesquisados.
Portanto,
os destaques positivos ficaram para os estados da região
Nordeste – Bahia (10,4%), Pernambuco (7,8%) e Ceará
(4,0%) - e com dois dos três estados da Região Sul
- Rio Grande do Sul (9,6%) e Paraná (6,5%). Em todos esses
cinco locais o incremento da produtividade foi superior ao da
folha de pagamento média real, indicando que esses estados
tiveram queda nos custos de trabalho e, portanto ganho de competitividade.
O resultado
regional é em parte explicado pelo desempenho das Indústrias
Extrativas, que registraram taxas negativas em três dos
quatro estados pesquisados - Rio de Janeiro (-12,9%), Espírito
Santo (-5,9%) e Minas Gerais (-5,8%) - e têm grande peso
nesses parques locais. Cabe destacar ainda que Bahia, Pernambuco
e Rio Grande do Sul alcançaram em 2013 os maiores índices
de produtividade de suas respectivas séries.