Em sentidos contrários, produção industrial
fecha o ano de 2013 com crescimento de 1,2% e emprego industrial,
com queda de 1,1%. Esse descompasso, que não ocorria desde
2003 (já que ambos têm sempre caminhado no mesmo
sentido: quando a produção sobe, o emprego sobe;
quando a produção cai, o emprego também cai),
pode ser explicado por dois fatores.
Em primeiro
lugar, se o emprego industrial mostrou-se, após a crise
de 2008 até 2012, mais resistente do que a produção
– ou seja, se recuou menos do que a produção
nos anos de 2009 e 2012 e seguiu com taxas de crescimento relativamente
robustas em 2010 e 2011 –, no ano de 2013, sem melhores
expectativas relativas aos seus negócios, o empresariado
industrial brasileiro continuou (como já podia ser observado
em 2012) fechando postos de trabalho para reduzir custos. Em outras
palavras, para muitas empresas, não foi mais possível
“segurar” um maior número de trabalhadores
na esperança de que o cenário econômico de
suas atividades melhorasse. As expectativas, desde 2012, não
são nada positivas.
Em segundo
lugar, produção crescendo e emprego caindo pode
ser o efeito de uma busca de maior produtividade da indústria
– se não de toda a indústria, de alguns de
seus ramos produtivos. Mais do que uma iniciativa de competição
por liderança, é provável que tal busca das
empresas da indústria brasileira seja, no atual contexto,
quase uma forma de se manter viva no mercado, ou ainda, uma busca
pela sobrevivência. Como esta Análise tem assinalado,
seja no mercado domestico, seja nos mercados externos, as manufaturas
brasileiras têm encontrado fortíssima concorrência.
O momento parece exigir que se produza mais com menos e a um custo
menor.
Talvez esse
ganho de produtividade não seja aquilo que se poderia batizar
de “virtuoso” – quando produção
e emprego (horas trabalhadas) crescem juntos, mas aquela cresce
mais do que este. No entanto, esse é o principal ajuste
que a indústria brasileira fez em 2013 e, ao que parece,
vai continuar em 2014 – pelo menos nos seus primeiros meses.
O que pode complicar mais o cenário do emprego industrial
é que a produção veio perdendo ritmo ao longo
do ano passado e fechou 2013 com forte retração.
Em linhas
gerais, o desempenho do emprego industrial em 2013 foi o seguinte.
Com relação aos locais pesquisados pelo IBGE, em
onze dos quatorze houve recuo do número de ocupados. As
principais influências negativas sobre a média do
ano (–1,1%) vieram do Nordeste (–4,5%), de São
Paulo (–0,9%), Rio Grande do Sul (–2,2%), Pernambuco
(–6,4%) e Bahia (–5,6%). Por outro lado, Santa Catarina
(0,9%) exerceu a pressão positiva mais significativa.
Setorialmente,
em onze dos dezoito setores investigados, o emprego industrial
apresentou retração em 2013. Os ramos que mais puxaram
o emprego para baixo foram: calçados e couro (–5,3%),
outros produtos da indústria de transformação
(–4,1%), máquinas e equipamentos (–2,3%), vestuário
(–2,7%), produtos têxteis (–3,6%), produtos
de metal (–2,5%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos
e de comunicações (–2,8%). As principais influências
positivas vieram de alimentos e bebidas (1,2%) e borracha e plástico
(3,0%).
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