14 de janeiro de 2014

Emprego Industrial
Uma vez mais, estagnado


   

 
Diferentemente do que ocorrera com a produção industrial no mês de novembro, cuja variação foi negativa (–0,2%), o emprego industrial ficou estagnado (0,0%) – taxas relativas ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Não se pode ver um alento nesse resultado de novembro, pois, como se sabe, a evolução do número de ocupados na indústria foi sofrível ao longo de praticamente todo o ano de 2013: no acumulado dos onze primeiros meses, o número de ocupados na indústria recuou 1,1%. Vale lembrar que, em 2012, o emprego industrial já havia recuado (–1,4%).

O fato é que, na indústria brasileira, o emprego anda num compasso bem diferente do da produção, e faz tempo. Se, nos anos seguintes à crise de 2008, o emprego industrial se mostrou relativamente mais firme do que a produção industrial – na expectativa de uma melhora nos negócios –, a partir do final de 2011 e, de modo mais evidente, no ano de 2012, ele veio recuando, muito provavelmente em decorrência da piora das expectativas dos empresários industriais com relação aos seus mercados domésticos e/ou externos.

Esses resultados negativos do emprego vêm ocorrendo em diferentes regiões do país. Ainda na comparação janeiro-novembro de 2013 com igual período de 2012, o número de pessoal ocupado na indústria recuou em onze dos catorze locais pesquisados pelo IBGE, com destaque para a Região Nordeste (–4,6%), São Paulo (–0,7%), Rio Grande do Sul (–2,2%), Pernambuco (–6,7%) e Bahia (–5,7%).

Em termos setoriais, nesse mesmo acumulado, resultados negativos mais significativos foram registrados em calçados e couro (–5,3%), outros produtos da indústria de transformação (–4,0%), vestuário (–2,7%), máquinas e equipamentos (–2,2%), produtos têxteis (–3,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–2,6%), produtos de metal (–2,1%) e madeira (–5,1%). Não por acaso, na maioria desses setores a concorrência do produto importado tem sido intensa, o que leva as empresas a reduzirem seus efetivos e/ou a executarem programas de modernização para elevar a produtividade, o que pode reduzir as contratações.

Uma reação do emprego industrial só será observada quando a atividade produtiva da indústria começar a dar sinais de que entrou numa trajetória de crescimento mais consistente, ou ainda, numa trajetória positiva e muito pouco oscilante (algo bem diferente do que se viu em 2013), ainda que não seja robusta. A expectativa é a de que isso possa ocorrer ainda que tenuamente neste começo de ano e, de forma mais clara, a partir do segundo trimestre. Uma nova onda de investimentos (já vista em 2013) e o câmbio um pouco mais favorável jogarão de forma decisiva para que tal comportamento da produção – e, consequentemente, do emprego – aconteça.


 

 
Em novembro, o emprego industrial ficou estável (0,0%) em comparação ao mês imediatamente anterior na série livre de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o contingente de trabalhadores no setor industrial assinalou decréscimo de 1,7%, vigésima sexta taxa negativa nesta comparação. No acumulado entre janeiro e novembro de 2013 frente a igual período de 2012, o emprego fabril registrou queda de 1,1%. No acumulado nos últimos doze meses em relação a período imediatamente anterior, o emprego obteve decréscimo de 1,1%, comparativamente a –1,0% obtido em outubro.

Regionalmente, no confronto entre novembro de 2013 e novembro de 2012, o emprego industrial recuou em doze das quatorze regiões pesquisadas pelo IBGE. Os principais impactos negativos foram observados em São Paulo (–2,3%) e na Região Nordeste (–4,1%), seguidos por Rio Grande do Sul (–2,4%), Bahia (–5,5%), Minas Gerais (–1,3%) e Pernambuco (–4,2%). As contribuições positivas ao índice de emprego industrial ficaram por conta da Região Norte e Centro–Oeste (1,4%) e Santa Catarina (0,4%).

No acumulado entre janeiro e novembro em comparação aos mesmos onze meses de 2012, 11 localidades apresentaram queda no contingente de pessoal ocupado, com destaque para a Região Nordeste (–4,6%), São Paulo (–0,7%), Rio Grande do Sul (–2,2%), Pernambuco (–6,7%) e Bahia (–5,7%). Santa Catarina (0,9%), por sua vez, exerceu a pressão positiva mais significativa nesta comparação.

Em termos setoriais, na comparação com mesmo mês do ano anterior, houve queda do emprego em 14 dos 18 ramos pesquisados. Os segmentos que representaram as maiores contribuições negativas foram: produtos de metal (–6,8%), calçados e couro (–6,2%), máquinas e equipamentos (–3,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–4,4%), outros produtos da indústria de transformação (–4,1%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,0%) e produtos têxteis (–2,9%). As principais influências positivas sobre a média da indústria ocorreram nos setores de alimentos e bebidas (0,9%) e de borracha e plástico (2,2%).
No acumulado no ano, as contribuições negativas mais significativas vieram de calçados e couro (–5,3%), outros produtos da indústria de transformação (–4,0%), vestuário (–2,7%), máquinas e equipamentos (–2,2%), produtos têxteis (–3,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–2,6%), produtos de metal (–2,1%) e madeira (–5,1%). Por outro lado, os setores de alimentos e bebidas (1,3%) e borracha e plástico (3,0%) responderam pelos principais impactos positivos.


Número de Horas Pagas. O número de horas pagas obteve redução de 0,4% na passagem entre outubro e novembro na série livre dos efeitos sazonais. No confronto com o mesmo mês do ano anterior, a quantidade de horas pagas aos trabalhadores assinalou decréscimo de 2,2%. Regionalmente, os maiores impactos negativos vieram de São Paulo (–3,0%) apontou a principal influência negativa sobre o total do país. Vale mencionar também os impactos negativos assinalados na Região Nordeste (–4,2%), em Minas Gerais (–3,2%), no Rio Grande do Sul (–3,0%), na Bahia (–6,3%) e no Paraná (–2,2%). Na comparação acumulada no ano, houve recuo no número de horas pagas de 1,2%, mesma variação dos últimos doze meses.

Folha de Pagamento Real. No mês de novembro, a folha de pagamento real na indústria apresentou alta de 2,6% em relação ao mês anterior, na série livre dos efeitos sazonais. Frente a novembro de 2012, entretanto, o resultado apresentou queda de 3,7%. Esse desempenho deveu–se ao decréscimo da folha de pagamento real em treze das catorze localidades e treze os dezoito setores pesquisados. Na comparação anual, essa variável cresceu 1,7% contra igual período de 2012, enquanto nos últimos 12 meses, a variação foi positiva em 2,4%.

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI no site do IEDI


Leia no site do IEDI: A Multiplicação dos Acordos Preferenciais
de Comércio e o Isolamento do Brasil
- Estudo acerca dos
acordos comerciais internacionais e a posição brasileira.