4 de dezembro de 2013

Indústria
Uma rara sequência de crescimento


  

 
São três resultados positivos seguidos. Desde o início de 2010, a indústria brasileira não lograva tal feito. De fato, com o avanço de 0,6% em outubro, a produção industrial cresceu por três meses consecutivos (0,2% e 0,5%, respectivamente, em agosto e setembro – dados revistos pelo IBGE – e todas essas taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal).

Será que esses resultados significam que aquele movimento de gangorra, aquele “sobe-desce” observado há muitos meses na evolução da produção industrial ficou para trás? Será que os ajustes de níveis de produção já foram finalizados nos diferentes segmentos da indústria? Será que a produção da indústria brasileira começou, portanto, a entrar numa trajetória de crescimento mais consistente?

Ainda é cedo para tal vaticínio. Mas, a expectativa é que algo tenha mudado na indústria brasileira de forma que a produção industrial passe a oscilar menos e inicie 2014 com taxas de crescimento positivas. Isso não quer dizer que a indústria começará, nos primeiros meses do próximo ano, a caminhar a passos mais largos; pelo contrário, a expectativa é que a produção continue em ritmo de crescimento modesto – no entanto, vale frisar, evoluindo a taxas positivas: essa seria a “boa” notícia.

2013 já pode ser marcado como um ano muito fraco para a indústria nacional. Nos dez primeiros meses de 2013, a produção industrial acumula crescimento de apenas 1,6%. Esse resultado, é bom que se diga, foi muito favorecido pela recuperação dos setores de bens de capital e de bens duráveis, cujas produções cresceram, respectivamente, 14,9% e 1,6% no período janeiro-outubro deste ano – vale lembrar que, em 2012, a produção nesses setores recuou 11,8% e 3,4%, nessa ordem.

O setor de maior peso e que mais reflete o dinamismo da indústria ficou praticamente estagnado em 2013: a produção de bens intermediários aumentou 0,1% de janeiro a outubro deste ano. É nesse setor que se evidencia os efeitos do caminhar vagaroso da economia doméstica e, principalmente, da forte concorrência dos produtos importados. Provavelmente, a produção industrial fechará este ano com crescimento em torno de 2,0%, um resultado que não recupera a queda de 2,6% registrada em 2012.

O cenário da indústria até outubro de 2013 pode ser assim resumido: a atividade que mais positivamente influenciou a produção foi a de veículos automotores (aumento de 10,3% no período janeiro-outubro), impulsionada, em boa medida, pela maior fabricação de caminhão-trator para reboques e semirreboques, caminhões, automóveis, veículos para transporte de mercadorias e reboques e semirreboques. Em seguida vieram as atividades de refino de petróleo e produção de álcool (7,4%), de máquinas e equipamentos (6,8%), de outros equipamentos de transporte (7,6%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,3%) e de borracha e plástico (2,8%).

Por outro lado, os principais impactos negativos ao longo dos dez primeiros meses de 2013 vieram das atividades de edição, impressão e reprodução de gravações (–10,2%), farmacêutica (–9,1%), indústrias extrativas (–4,4%), metalurgia básica (–2,8%) e bebidas (–2,8%).

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