O caminho da indústria brasileira, neste ano, está
sendo marcado por um fraco desempenho da produção,
que não irá repor o resultado negativo de 2012 (–2,6%),
e por mais um ano de queda do emprego.
É evidente
o momento adverso pelo qual a indústria nacional passa.
Ela perdeu seu dinamismo – basta observar a pífia
evolução da produção do setor de bens
intermediários – e só não amarga resultados
piores porque alguns dos seus setores (bens de capital e bens
duráveis) estão se valendo das políticas
de incentivo do governo iniciadas no ano passado (crédito
a taxa de juros mais baixas para financiamento de longo prazo
e desoneração tributária).
A indústria
não vai bem porque a economia brasileira também
não vai bem, porque os mercados externos estão claudicantes
e, por isso mesmo, muito concorridos, porque a volatilidade do
câmbio atrapalha as decisões de produção
e porque isso tudo junto piorou as expectativas do empresariado
com relação aos seus negócios.
O emprego
é o dado que deixa transparecer, de forma reluzente, essa
situação da indústria. No ano passado, o
número de pessoas ocupadas na indústria recuou 1,4%.
Nos nove primeiros meses deste ano, de acordo com o IBGE, só
ocorreu uma variação positiva do emprego industrial
(de 0,2% em março). De maio a setembro, mês após
mês, o número de ocupados na indústria veio
caindo. Portanto, foram cinco meses consecutivos de retração.
No acumulado
janeiro-setembro, o emprego industrial encolheu 0,9%. Os resultados
bastante desfavoráveis do número de horas pagas
na indústria projetam um último trimestre também
ruim para o emprego – nos três primeiros trimestres
deste ano, a variação do número de ocupados
foi negativa, seja na comparação trimestre contra
trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal, ou na comparação
com o mesmo trimestre do ano anterior.
Essa crise
do emprego industrial tem caráter generalizado. Em onze
dos catorze locais e em onze dos dezoito setores investigados
pelo IBGE houve retração do número de ocupados
no período janeiro-setembro. Entre os locais, destacaram-se
as fortes quedas na Região Nordeste (–4,6%), no Rio
Grande do Sul (–2,2%), em Pernambuco (–7,2%) e na
Bahia (–5,6%).
Setorialmente,
os segmentos que mais influenciaram negativamente o resultado
geral da indústria foram: calçados e couro (–5,3%),
vestuário (–3,1%), outros produtos da indústria
de transformação (–4,0%), produtos têxteis
(–3,8%), máquinas e equipamentos (–1,9%), máquinas
e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações
(–2,1%) e madeira (–5,2%).
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