12 de novembro de 2013

Emprego Industrial
Em crise aberta


   

 
O caminho da indústria brasileira, neste ano, está sendo marcado por um fraco desempenho da produção, que não irá repor o resultado negativo de 2012 (–2,6%), e por mais um ano de queda do emprego.

É evidente o momento adverso pelo qual a indústria nacional passa. Ela perdeu seu dinamismo – basta observar a pífia evolução da produção do setor de bens intermediários – e só não amarga resultados piores porque alguns dos seus setores (bens de capital e bens duráveis) estão se valendo das políticas de incentivo do governo iniciadas no ano passado (crédito a taxa de juros mais baixas para financiamento de longo prazo e desoneração tributária).

A indústria não vai bem porque a economia brasileira também não vai bem, porque os mercados externos estão claudicantes e, por isso mesmo, muito concorridos, porque a volatilidade do câmbio atrapalha as decisões de produção e porque isso tudo junto piorou as expectativas do empresariado com relação aos seus negócios.

O emprego é o dado que deixa transparecer, de forma reluzente, essa situação da indústria. No ano passado, o número de pessoas ocupadas na indústria recuou 1,4%. Nos nove primeiros meses deste ano, de acordo com o IBGE, só ocorreu uma variação positiva do emprego industrial (de 0,2% em março). De maio a setembro, mês após mês, o número de ocupados na indústria veio caindo. Portanto, foram cinco meses consecutivos de retração.

No acumulado janeiro-setembro, o emprego industrial encolheu 0,9%. Os resultados bastante desfavoráveis do número de horas pagas na indústria projetam um último trimestre também ruim para o emprego – nos três primeiros trimestres deste ano, a variação do número de ocupados foi negativa, seja na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal, ou na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.

Essa crise do emprego industrial tem caráter generalizado. Em onze dos catorze locais e em onze dos dezoito setores investigados pelo IBGE houve retração do número de ocupados no período janeiro-setembro. Entre os locais, destacaram-se as fortes quedas na Região Nordeste (–4,6%), no Rio Grande do Sul (–2,2%), em Pernambuco (–7,2%) e na Bahia (–5,6%).

Setorialmente, os segmentos que mais influenciaram negativamente o resultado geral da indústria foram: calçados e couro (–5,3%), vestuário (–3,1%), outros produtos da indústria de transformação (–4,0%), produtos têxteis (–3,8%), máquinas e equipamentos (–1,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–2,1%) e madeira (–5,2%).
 

 
Em setembro, o número de empregos na indústria assinalou variação negativa de 0,4% em relação ao mês anterior na série livre de influências sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o emprego industrial apresentou recuo de 1,4%, o vigésimo quarto. No acumulado do ano até setembro, o emprego industrial teve decréscimo de 0,9%, variação inferior ao observado na comparação acumulada nos últimos doze meses (–1,0%).

Na comparação com igual mês do ano passado, o emprego industrial recuou 1,4% em setembro de 2013, com queda no contingente de trabalhadores em 12 dos 14 locais pesquisados pelo IBGE. O principal impacto negativo sobre a média global foi observado na Região Nordeste (–6,3%), seguida por São Paulo (–0,8%), Bahia (–6,4%), Pernambuco (–6,5%), Rio Grande do Sul (–1,4%) e Minas Gerais (–1,2%).

Na análise trimestral, o emprego industrial recuou 1,2% no terceiro trimestre de 2013, o oitavo trimestre consecutivo de resultados negativos. Entre o segundo e o terceiro trimestre do ano, 11 dos 14 locais pesquisados mostraram perda de dinamismo, com destaque para: Bahia (de –5,4% para –7,0%), Região Nordeste (de –3,8% para –5,2%), Ceará (de –0,5% para –1,7%), Região Norte e Centro–Oeste (de 1,0% para –0,1%), Minas Gerais (de 0,0% para –1,1%) e Paraná (de 0,5% para –0,6%).

No acumulado dos nove primeiros meses de 2013 contra o mesmo período de 2012, o contingente de trabalhadores apresentou taxas negativas em 11 dos 14 locais: a Região Nordeste (–4,6%) apontou o principal impacto negativo no total da indústria, vindo a seguir Rio Grande do Sul (–2,2%), Pernambuco (–7,2%), Bahia (–5,6%) e São Paulo (–0,4%). Por outro lado, Santa Catarina (1,0%) e Paraná (0,5%) exerceram as pressões positivas mais importantes no acumulado dos nove meses do ano.

 

 
Em temos setoriais, no índice mensal, o total do pessoal ocupado assalariado recuou em 14 dos 18 ramos pesquisados, com destaque para as pressões negativas vindas de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–5,7%), produtos de metal (–4,3%), calçados e couro (–4,7%), produtos têxteis (–4,2%), máquinas e equipamentos (–2,2%), outros produtos da indústria de transformação (–3,1%), refino de petróleo e produção de álcool (–6,2%), madeira (–5,7%) e minerais não–metálicos (–1,9%). Por outro lado, os principais impactos positivos sobre a média da indústria foram observados nos setores de borracha e plástico(4,8%), meios de transporte (0,9%) e produtos químicos (1,4%).

Na variação trimestral, 11 dos 18 setores mostraram desaceleração, com destaque para fumo (de 5,5% no período abril–junho para –0,5%), produtos de metal (de 0,3% para –4,2%), refino de petróleo e produção de álcool (de –1,5% para –5,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (de –2,0% para –4,2%), produtos têxteis (de –2,3% para –4,0%), alimentos e bebidas (de 2,2% para 0,8%) e indústrias extrativas (de 1,3% para –0,1%).

No ano até setembro, 11 dos 18 setores investigados registraram queda no pessoal ocupado industrial. As contribuições negativas mais relevantes foram: calçados e couro (–5,3%), vestuário (–3,1%), outros produtos da indústria de transformação (–4,0%), produtos têxteis (–3,8%),máquinas e equipamentos (–1,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–2,1%) emadeira (–5,2%), enquanto os setores de alimentos e bebidas (1,5%) e de borracha e plástico (3,1%) responderam pelas principais influências positivas.

Número de Horas Pagas. No mês de setembro, o número de horas pagas na indústria, indicador que reflete perspectivas de novas contratações para os meses posteriores, decresceu 0,6% em comparação com o mês anterior na série com ajuste sazonal. Frente a setembro de 2012, o número de horas pagas assinalou um recuo de 1,5%. No ano, a indústria apresentou uma redução desta variável de 1,0%, a mesma variação dos últimos doze meses.

Folha de Pagamento Real. Depois avançar 2,3% em agosto, a folha de pagamento real destinada aos trabalhadores na indústria obteve queda de 1,6% em setembro na comparação com o mês anterior, na série com dados já dessazonalizados. Com relação a setembro do ano passado, houve crescimento de 2,5%. No ano, o crescimento foi de 2,5%, enquanto nos últimos doze meses, a variável acumulou crescimento de 3,8%.

 

 

 

 

 

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