Se, ao longo dos sete primeiros meses deste ano, o movimento de
gangorra – o sobe e desce – da produção
industrial mostrou que a indústria brasileira não
vai bem, ou ainda, que ela não consegue apresentar resultados
mais consistentes, mais firmes, essa história sofrida não
foi diferente no oitavo mês do ano.
De acordo
com o IBGE, em agosto com relação a julho, a taxa
de variação da produção industrial
nacional foi igual a zero – calculada com ajuste sazonal.
Ou seja, a indústria brasileira em geral ficou estagnada
em agosto.
É um
resultado muito adverso e que comprometerá o desempenho
do setor em 2013. Se, no início deste ano, projetava-se
que a indústria poderia crescer em torno de 2,5% –
algo nada exuberante, pois tal crescimento apenas “devolveria”
a retração da produção industrial
registrada em 2012, que foi de –2,6% – agora é
hora de rever aquela projeção.
Os números
do IBGE mostram que, até agosto, a produção
industrial acumula variação de 1,6% no ano e de
0,7% em doze meses. Portanto, mantido esse caminhar trôpego
que vem sendo observado mês a mês, a produção
industrial está mais para um crescimento de 2,0% em 2013.
As maiores
dificuldades da indústria nacional estão presentes
no setor de bens intermediários e de bens semi e não
duráveis. No período janeiro-agosto deste ano, registrou-se
um pífio crescimento de 0,1% na produção
de bens intermediários e uma queda de 0,2% na produção
de bens semi e não duráveis – vale lembrar
que, de janeiro a agosto de 2012, período que está
servindo aqui de base de comparação, a produção
nesses dois setores era negativa: de –1,9% para intermediários
e de –0,4% para semi e não duráveis.
No primeiro
caso, evidencia-se o fraco dinamismo da indústria nacional,
já que o setor de intermediários representa, sobretudo,
as transações realizadas entre os diferentes ramos
industriais. Além disso, esse desempenho sofrível
da produção de intermediários também
reflete a forte presença de insumos importados utilizados
como componentes na produção industrial doméstica.
Os importados
também explicam, em boa medida, a queda (–0,2%) da
produção de bens semi e não duráveis.
O fato é que, nos últimos dez anos, período
muito longo no qual se observou uma valorização
da moeda nacional, foram estabelecidas novas relações
comerciais com fornecedores estrangeiros, tanto para compra de
insumos como para bens finais. Essas relações não
são facilmente reversíveis, mesmo com a atual desvalorização
do real.
Bens duráveis
e bens de capital mostraram melhores resultados ao longo deste
ano. No acumulado janeiro-agosto, a produção aumentou
2,3% e 13,5%, respectivamente, nos setores de bens duráveis
e de bens de capital. Embora não seja motivo para soltar
rojões, já que, no período janeiro-agosto
de 2012, a produção desses setores amargava elevadíssima
retração (–7,2% em bens duráveis e
–12,2% em bens de capital), a evolução deste
ano mostra que eles estão reagindo. O destaque fica para
a reação do setor de bens de capital, em praticamente
todos os seus ramos, o que indica que parte importante dos investimentos
na economia está sendo retomada.
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