2 de outubro de 2013

Indústria
Sem dinamismo e
enfraquecida pelos importados


  

 
Se, ao longo dos sete primeiros meses deste ano, o movimento de gangorra – o sobe e desce – da produção industrial mostrou que a indústria brasileira não vai bem, ou ainda, que ela não consegue apresentar resultados mais consistentes, mais firmes, essa história sofrida não foi diferente no oitavo mês do ano.

De acordo com o IBGE, em agosto com relação a julho, a taxa de variação da produção industrial nacional foi igual a zero – calculada com ajuste sazonal. Ou seja, a indústria brasileira em geral ficou estagnada em agosto.

É um resultado muito adverso e que comprometerá o desempenho do setor em 2013. Se, no início deste ano, projetava-se que a indústria poderia crescer em torno de 2,5% – algo nada exuberante, pois tal crescimento apenas “devolveria” a retração da produção industrial registrada em 2012, que foi de –2,6% – agora é hora de rever aquela projeção.

Os números do IBGE mostram que, até agosto, a produção industrial acumula variação de 1,6% no ano e de 0,7% em doze meses. Portanto, mantido esse caminhar trôpego que vem sendo observado mês a mês, a produção industrial está mais para um crescimento de 2,0% em 2013.

As maiores dificuldades da indústria nacional estão presentes no setor de bens intermediários e de bens semi e não duráveis. No período janeiro-agosto deste ano, registrou-se um pífio crescimento de 0,1% na produção de bens intermediários e uma queda de 0,2% na produção de bens semi e não duráveis – vale lembrar que, de janeiro a agosto de 2012, período que está servindo aqui de base de comparação, a produção nesses dois setores era negativa: de –1,9% para intermediários e de –0,4% para semi e não duráveis.

No primeiro caso, evidencia-se o fraco dinamismo da indústria nacional, já que o setor de intermediários representa, sobretudo, as transações realizadas entre os diferentes ramos industriais. Além disso, esse desempenho sofrível da produção de intermediários também reflete a forte presença de insumos importados utilizados como componentes na produção industrial doméstica.

Os importados também explicam, em boa medida, a queda (–0,2%) da produção de bens semi e não duráveis. O fato é que, nos últimos dez anos, período muito longo no qual se observou uma valorização da moeda nacional, foram estabelecidas novas relações comerciais com fornecedores estrangeiros, tanto para compra de insumos como para bens finais. Essas relações não são facilmente reversíveis, mesmo com a atual desvalorização do real.

Bens duráveis e bens de capital mostraram melhores resultados ao longo deste ano. No acumulado janeiro-agosto, a produção aumentou 2,3% e 13,5%, respectivamente, nos setores de bens duráveis e de bens de capital. Embora não seja motivo para soltar rojões, já que, no período janeiro-agosto de 2012, a produção desses setores amargava elevadíssima retração (–7,2% em bens duráveis e –12,2% em bens de capital), a evolução deste ano mostra que eles estão reagindo. O destaque fica para a reação do setor de bens de capital, em praticamente todos os seus ramos, o que indica que parte importante dos investimentos na economia está sendo retomada.
 

 
Segundo dados do IBGE, a indústria brasileira mostrou variação nula (0,0%) em agosto comparativamente ao mês anterior, na série com dados dessazonalizados, após queda de 2,4% em julho. Na comparação com agosto de 2012, houve queda de 1,2% da produção industrial. No acumulado de 2013 até agosto, a indústria brasileira assinalou expansão de 1,6% e, no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em agosto, frente a igual período imediatamente anterior, a produção industrial mostrou expansão de 0,7%.

Dentre as categorias de uso, na comparação com julho e com ajuste sazonal, a produção de bens de capital assinalou a expansão (2,6%) mais acentuada em agosto. Os setores produtores de bens intermediários (0,6%) e de bens de consumo duráveis (0,2%) também obtiveram crescimento. Por outro lado, a produção de bens de consumo semi e não duráveis apresentou queda de 0,3%.

No confronto com igual mês do ano anterior, os segmentos que assinalaram recuo mais intenso em agosto deste ano foram: bens de consumo duráveis (–6,3%), bens intermediários (–2,0%) e bens de consumo semi e não duráveis (–1,6%). Por outro lado, o setor de bens de consumo duráveis avançou 11,8%.

No acumulado de 2013 até agosto, a produção de bens de capital (13,5%) e de bens de consumo duráveis (2,3%) foram as que mais se expandiram, seguida pela de bens intermediários (0,1%). Por outro lado, bens de consumo semi e não duráveis assinalou o único resultado negativo (–0,2%) no índice acumulado no ano.

 

 
Em agosto com relação a julho, com dados dessazonalizados, foi verificado crescimento da produção em quinze dos vinte e sete ramos produtivos contemplados na pesquisa do IBGE. Os destaques positivos foram registrados na produção de alimentos (2,5%) e de veículos automotores (1,7%). Outras contribuições positivas relevantes vieram de máquinas e equipamentos (1,2%), vestuário e acessórios (7,2%), edição, impressão e reprodução de gravações (2,1%) e metalurgia básica (1,0%). Por outro lado as principais pressões negativas sobre a média da indústria vieram da indústria farmacêutica (–5,6%), de bebidas (–3,1%), de outros equipamentos de transporte (–3,7%), de perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (–5,1%) e de fumo (–7,7%).

Na comparação com o mesmo mês de 2012, a indústria recuou 1,2%, com redução em dezoito das vinte e sete atividades pesquisadas. Os principais impactos negativos ocorreram nos ramos da indústria farmacêutica (–22,0%), edição, impressão e reprodução de gravações (–6,5%), fumo (–30,3%), bebidas (–6,6%), alimentos (–1,8%), outros produtos químicos (–2,1%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (–8,8%), indústrias extrativas (–2,0%) e perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (–6,2%). Entre as nove atividades que ampliaram a produção, os principais impactos positivos vieram de máquinas e equipamentos (9,3%) e refino de petróleo e produção de álcool (7,4%).

No acumulado do ano até agosto, houve crescimento em catorze dos vinte e sete ramos investigados. Os principais impactos positivos foram observados em veículos automotores (11,0%), refino de petróleo e produção de álcool (8,6%), de máquinas e equipamentos (5,6%), de outros equipamentos de transporte (6,8%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (6,8%) e de borracha e plástico (3,9%). Entre as 13 atividades que reduziram a produção, os principais impactos vieram de edição, impressão e reprodução de gravações (–9,7%), indústrias extrativas (–5,2%), farmacêutica (–6,9%) e metalurgia básica (–3,0%).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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