30 de agosto de 2013

PIB
O maior crescimento do segundo trimestre não remove as fragilidades da economia


   

 
O crescimento de 1,5% do PIB no segundo trimestre (com relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal) mostra um quadro não tão ruim da economia brasileira, como faziam crer boa parte das avaliações dos analistas. Não se está dizendo com isso que os resultados abrem uma trajetória de crescimento robusto para o País ainda neste ano. A economia brasileira continua caminhando a passos lentos (aumento de 2,6% no primeiro semestre) e frágeis, o que implicará um aumento do PIB em 2013 bem abaixo do que ela pode crescer. Mas, no segundo trimestre houve uma inquestionável melhora de quase todos os indicadores agregados do País.

Entre esses indicadores, destaque especial para os investimentos. Se, no primeiro trimestre deste ano, o forte aumento de 4,7% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) estava “contaminado” pelo efeito da retomada da produção de caminhões e, portanto, colocava dúvidas sobre o real desempenho dos investimentos na economia, o crescimento de 3,6% da FBCF no segundo trimestre (taxas de variação calculadas com relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal) sinaliza que tais investimentos estão apresentando um novo dinamismo que vai além de fatores pontuais.

Com isso, a expectativa de um novo padrão de crescimento da economia brasileira baseado nos investimentos ganha força. Para favorecer essa análise, o IBGE destaca que o aumento de 9,0% da FBCF no segundo trimestre deste ano frente a igual período de 2012 decorreu da produção interna de bens de capital. Ainda nesta direção, vale sublinhar a evolução da taxa de investimento, que passou de 17,9% no segundo trimestre de 2012 para 18,6% no segundo trimestre deste ano. Foi um aumento significativo, mas ainda muito aquém da taxa que se almeja para o País. O caminho dos investimentos pode ser barrado pelo pessimismo dos empresários que vem se elevando nos últimos meses. O índice de confiança da indústria recuou 0,6% em agosto sobre julho após ter caído 4% em julho com relação a junho.

Pelo lado da oferta, o destaque foi a agropecuária, cujo valor adicionado, após crescer 9,4% no primeiro trimestre, apresentou expansão de 3,9% no segundo trimestre (taxas de variação com relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal) e fechou o primeiro semestre deste ano com aumento de 14,7%, deixando para trás os resultados negativos de 2012.

A indústria também se destaca no segundo trimestre deste ano, mas não de um modo tão favorável. Ela conseguiu sair do vermelho no segundo trimestre em comparação com o primeiro trimestre, com um crescimento do valor adicionado de 2,0%. Notar, contudo, que no acumulado do primeiro semestre de 2013 o aumento foi de somente 0,8% e que até o primeiro trimestre é registrada uma queda de 1,4%. Na indústria, o segmento de transformação reagiu (aumento de 1,7% com relação ao primeiro trimestre) e a construção apresentou um crescimento bastante significativo de 3,8%, o qual contrasta com o desempenho tímido ou mesmo negativo como aqueles que vinham sendo observados nos últimos trimestres.

Por fim, o lado externo da economia brasileira continua preocupante. O aumento de 6,9% das exportações de bens e serviços no segundo trimestre “devolveu” a queda de mesma magnitude registrada no primeiro trimestre. As importações cresceram 0,6% no segundo trimestre, após uma expansão de 5,7% no primeiro – todas essas taxas calculadas com relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Como resultado, as exportações atingiram um crescimento pífio de 0,5% nos primeiros seis meses deste ano, enquanto as importações fecharam o primeiro semestre com crescimento de 7,6%.

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