19 de agosto de 2013

Indústria
Relevância do ajuste via produtividade


  

 
O IEDI vem assinalando em seus estudos que o ajuste da indústria brasileira relativamente aos padrões de concorrência internacionais gerados no pós crise de 2008 passa por vários processos. Dentre eles: a) a modernização e atualização industrial do ponto de vista da atração de segmentos representativos de etapas mais recentes de industrialização, b) a redução de custos sistêmicos e c) o reposicionamento do câmbio.

O primeiro tem dimensão de longo prazo e depende da execução de uma adequada política industrial; o segundo demanda tempo e providências complexas, como a definição de novos projetos de inversão em infraestrutura; o terceiro está em curso. É muito importante que não seja desperdiçada a oportunidade que se apresenta para que o setor produtivo desfrute de uma referência cambial minimamente competitiva, algo que faltou no contexto médio das duas últimas décadas e atrasou sobremaneira o desenvolvimento industrial.

O IEDI vem insistindo também em outro ponto: o aumento de produtividade é tão ou mais decisivo do que os anteriores para que a indústria recupere seu dinamismo. Uma pequena mostra disso vem dos dados da indústria nesse primeiro semestre de 2013. A recuperação da produção industrial (+1,9%), embora ainda tímida e oscilante, permitiu que a produtividade crescesse 2,8%, saindo de uma retração de 0,7% no ano de 2012. Os indicadores de horas pagas e emprego apresentaram retração de 0,9% e 0,7%, respectivamente.

O aumento de produtividade acomodou praticamente todo o aumento da folha média real por trabalhador que apresentou expansão de 3,5% (5,8% em 2012). Ou seja, o custo unitário da mão de obra que crescera extraordinariamente no ano passado (6,6%) evoluiu muito menos na primeira metade desse ano (0,6%). O ajuste via produtividade está começando a ocorrer, mas somente virá de forma sustentada e com maior força quando o investimento industrial em novos ativos e em inovação crescer mais.

Dois outros breves comentários:

1) Em termos de tendência de crescimento, observa-se que na comparação de média móvel de 12 meses a produtividade da Indústria de Transformação sinaliza para uma ligeira recuperação, e a Indústria Extrativa ainda aponta para forte decréscimo.

2) No recorte regional o incremento da produtividade de 2,8% no primeiro semestre foi determinado principalmente pelo bom desempenho de São Paulo (2,9%), pois Rio de Janeiro (1,1%) teve um desempenho abaixo da média nacional e Minas Gerais (-0,6%) uma variação negativa. Nas demais unidades da federação os destaques foram Bahia (11,8%), Rio Grande do Sul (8,2%) e Pernambuco (8,0%). No caso da Bahia foram expressivos tanto o aumento da produção física (5,9%) quanto a queda das horas pagas (-5,3%). As maiores marcas negativas foram de Espírito Santo (-5,5%) e Santa Catarina (-1,0%). Cabe destacar a forte recuperação da indústria do Rio Grande do Sul, que fechou o ano de 2012 com uma queda de produtividade de -2,0% e em junho desse ano está com a segunda maior taxa dos locais pesquisados (8,2%).
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI no site do IEDI


Leia no site do IEDI: A Multiplicação dos Acordos Preferenciais de Comércio e o Isolamento do Brasil - Estudo acerca de acordos comerciais internacionais e a posição brasileira.