O IEDI vem assinalando em seus estudos que o ajuste da indústria
brasileira relativamente aos padrões de concorrência
internacionais gerados no pós crise de 2008 passa por vários
processos. Dentre eles: a) a modernização e atualização
industrial do ponto de vista da atração de segmentos
representativos de etapas mais recentes de industrialização,
b) a redução de custos sistêmicos e c) o reposicionamento
do câmbio.
O primeiro
tem dimensão de longo prazo e depende da execução
de uma adequada política industrial; o segundo demanda
tempo e providências complexas, como a definição
de novos projetos de inversão em infraestrutura; o terceiro
está em curso. É muito importante que não
seja desperdiçada a oportunidade que se apresenta para
que o setor produtivo desfrute de uma referência cambial
minimamente competitiva, algo que faltou no contexto médio
das duas últimas décadas e atrasou sobremaneira
o desenvolvimento industrial.
O IEDI vem
insistindo também em outro ponto: o aumento de produtividade
é tão ou mais decisivo do que os anteriores para
que a indústria recupere seu dinamismo. Uma pequena mostra
disso vem dos dados da indústria nesse primeiro semestre
de 2013. A recuperação da produção
industrial (+1,9%), embora ainda tímida e oscilante, permitiu
que a produtividade crescesse 2,8%, saindo de uma retração
de 0,7% no ano de 2012. Os indicadores de horas pagas e emprego
apresentaram retração de 0,9% e 0,7%, respectivamente.
O aumento
de produtividade acomodou praticamente todo o aumento da folha
média real por trabalhador que apresentou expansão
de 3,5% (5,8% em 2012). Ou seja, o custo unitário da mão
de obra que crescera extraordinariamente no ano passado (6,6%)
evoluiu muito menos na primeira metade desse ano (0,6%). O ajuste
via produtividade está começando a ocorrer, mas
somente virá de forma sustentada e com maior força
quando o investimento industrial em novos ativos e em inovação
crescer mais.
Dois outros
breves comentários:
1)
Em termos de tendência de crescimento, observa-se que na
comparação de média móvel de 12 meses
a produtividade da Indústria de Transformação
sinaliza para uma ligeira recuperação, e a Indústria
Extrativa ainda aponta para forte decréscimo.
2) No recorte regional o incremento da produtividade de 2,8% no
primeiro semestre foi determinado principalmente pelo bom desempenho
de São Paulo (2,9%), pois Rio de Janeiro (1,1%) teve um
desempenho abaixo da média nacional e Minas Gerais (-0,6%)
uma variação negativa. Nas demais unidades da federação
os destaques foram Bahia (11,8%), Rio Grande do Sul (8,2%) e Pernambuco
(8,0%). No caso da Bahia foram expressivos tanto o aumento da
produção física (5,9%) quanto a queda das
horas pagas (-5,3%). As maiores marcas negativas foram de Espírito
Santo (-5,5%) e Santa Catarina (-1,0%). Cabe destacar a forte
recuperação da indústria do Rio Grande do
Sul, que fechou o ano de 2012 com uma queda de produtividade de
-2,0% e em junho desse ano está com a segunda maior taxa
dos locais pesquisados (8,2%).