1º de agosto de 2013

Indústria
Cenário fraco, com aumento
dos investimentos


  

 
Com crescimento de 1,9% em junho (frente a maio, com ajuste sazonal), a produção física da indústria brasileira fechou o primeiro semestre deste ano com expansão de 1,9%. Como pode ser observado na série de dados do IBGE, a produção industrial apresentou um movimento de gangorra nos primeiros seis meses deste ano, subindo e descendo mês após mês: 2,7%, –2,2%, 0,9%, 1,8%, –1,8%, 1,9%, nessa ordem, de janeiro a junho.

Esse movimento é explicado por fatores pontuais (como, por exemplo, os incentivos de IPI para automóveis e a retomada da produção de caminhões após a paralisação, devido a normas técnicas, ocorrida no ano passado), bem como por um ciclo de ajustes de estoques nos mais diferentes segmentos da indústria nacional, o qual está refletindo uma avaliação muito tênue dos empresários sobre a economia brasileira e mesmo sobre o setor externo, ou ainda, esse ciclo de ajustes de estoques está ligado a expectativas ainda nada firmes do empresariado industrial.

Portanto, a análise dos resultados da produção industrial na margem (mês contra mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal), ainda que seja sempre relevante para sinalizar tendências, pode não ser a melhor opção para se traçar o caminho da indústria neste momento. É preciso reafirmar que a produção industrial está numa trajetória de crescimento, mas muito tímida (está avançando a uma taxa média entre 0,2% e 0,3% ao mês, algo mais próximo do que vem ocorrendo com o setor de bens intermediários) e bastante frágil (não se percebe um crescimento mais generalizado e consistente). É provável que a produção industrial feche ao ano com expansão de 2,5%, uma taxa não muito favorável, pois somente “devolve” a queda de 2,6% registrada em 2012.

Alguns pontos do desempenho da indústria no primeiro semestre de 2013 devem ser destacados. O aumento de 4,9% da produção do setor de bens duráveis no acumulado dos seis primeiros meses deste ano reflete, em grande parte, os incentivos do governo dados ao segmento de automóveis e outros bens duráveis. Isso mostra que tais incentivos surtiram efeitos positivos. Mas, hoje, tais efeitos de disseminação para outros ramos da indústria são menos significativos do que em outros tempos.

No setor de bens semi e não duráveis, houve um crescimento importante da produção da ordem de 2,9% no mês de junho com relação a maio, com ajuste sazonal. É um resultado robusto e que pode sinalizar uma retomada da produção desse setor, o qual vinha amargando resultados negativos ou fracos desde o início do ano – somente os resultados dos próximos meses poderão confirmar essa retomada. No acumulado do primeiro semestre, a produção de bens semi e não duráveis apresenta retração de 0,6%, o que espelha a queda da renda real decorrente da inflação.

A produção do setor de bens intermediários, o de maior peso dentro da indústria, cresceu 0,4% no acumulado do primeiro semestre deste ano. O desempenho fraco desse setor decorre da forte concorrência com o produto importado e das dificuldades de exportação, algo que ficou mais evidente neste ano para a indústria brasileira como um todo e, particularmente, para bens intermediários.

Por fim, a produção do setor de bens de capital avançou 13,8% nos seis primeiros meses deste ano. Para além do fator “baixa base de comparação” (já que, no mesmo período de 2012, a produção desse setor havia caído 12,5%) e do efeito “caminhões”, esse é um resultado que deve ser considerado significativo e indicativo de que os investimentos na economia voltaram neste primeiro semestre. Esse avanço do setor de bens de capital é o principal destaque da indústria nacional no primeiro semestre deste ano. A expectativa é que, no segundo semestre, esse setor continue se expandindo em praticamente todos seus segmentos.
 

 
Segundo dados do IBGE, a indústria brasileira avançou 1,9% em junho comparativamente maio, na série com dados dessazonalizados. Na comparação com junho de 2012, houve avanço da produção industrial em 3,1%, terceira taxa positiva consecutiva nesse tipo de comparação. No acumulado de 2013, a indústria brasileira assinalou expansão de 1,9% e, no acumulado dos últimos doze meses até junho frente a igual período imediatamente anterior, a produção industrial mostrou expansão de 0,2%, mantendo a trajetória ascendente iniciada em dezembro do ano passado.

Dentre as categorias de uso, na comparação com maio, a produção de bens de capital avançou 6,3%. Os segmentos de bens consumo duráveis (3,6%) e bens de consumo semi e não duráveis (2,9%) também obtiveram variação positivas nesse mês. Já a produção do setor de bens de consumo intermediários ficou estagnada.

No confronto com igual mês do ano anterior, bens de capital (18,0%) e bens de consumo duráveis (4,5%) foram os que mais cresceram, seguidos de bens de consumo semi e não duráveis (2,3%) e de bens intermediários (0,4%).

No acumulado de 2013, a produção de bens de capital (13,8%) e bens de consumo duráveis (4,9%) também apresentou taxas de variação expressivas. A produção de bens intermediários (0,4%) apontou ligeira variação positiva, enquanto a de bens de consumo semi e não duráveis, com redução de 0,6%, assinalou o único resultado negativo no índice acumulado dos seis primeiros meses do ano.

 

 
Em comparação com maio de 2013, com dados dessazonalizados, foi verificado crescimento no nível de produção em 22 dos 27 ramos produtivos contemplados na pesquisa do IBGE. Os destaques positivos ficaram em farmacêutica (8,8%), máquinas e equipamentos (3,2%), outros equipamentos de transporte (8,3%) e veículos automotores (2,0%). Outras contribuições positivas relevantes vieram de máquinas para escritório e equipamentos de informática (11,4%), indústrias extrativas (2,4%), celulose, papel e produtos de papel (2,9%), produtos de metal (3,5%) e alimentos (0,9%). Por outro lado a principal pressão negativa sobre a média da indústria foi registrado por refino de petróleo e produção de álcool (–4,1%).

Na comparação com o mesmo mês de 2012, a indústria avançou 3,1%, com expansão em 13 das 27 atividades pesquisadas. Os principais impactos positivos ocorreram no ramo de veículos automotores (15,4%), máquinas e equipamentos (10,0%), refino de petróleo e produção de álcool (5,9%), borracha e plástico (9,7%) e de outros produtos químicos (4,4%). Entre as 14 atividades que reduziram a produção, os principais impactos negativos foram em edição, impressão e reprodução de gravações (–6,7%), bebidas (–5,4%), indústrias extrativas (–2,7%) e produtos de metal (–4,2%).

No acumulado do ano, a indústria cresceu 1,9%, com aumento da produção em 15 dos 27 ramos investigados. Os principais impactos positivos foram observados em veículos automotores (14,9%), refino de petróleo e produção de álcool (8,7%), máquinas e equipamentos (4,7%), outros equipamentos de transporte (7,3%), borracha e plástico (5,7%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (7,1%). Entre as 12 atividades que reduziram a produção, os principais impactos foram em indústrias extrativas (–6,4%), edição, impressão e reprodução de gravações (–10,0%), metalurgia básica (–3,8%) e farmacêutica (–3,5%).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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