A indústria brasileira voltou a trilhar o caminho do crescimento,
como mostram os dados do IBGE divulgados hoje. No entanto, a intensidade
dessa retomada deve ser vista com ressalvas, pois ela está
“inflada”, ou ainda, ela reflete efeitos de fatores
pontuais que estão “jogando para cima” os resultados
da atividade industrial.
A nova trajetória
de crescimento é marcada pelo segundo resultado positivo
da produção industrial em abril (1,8%), após
o aumento de 0,8% em março – taxas de variação
calculadas com relação ao mês imediatamente
anterior, com ajuste sazonal. Na comparação com
abril de 2012, a atividade produtiva da indústria avançou
8,4% em abril deste ano.
Observa-se
também que o último mês de abril foi positivo
para todos os grandes setores da indústria: a produção
de bens de capital cresceu 3,2%; a de bens duráveis, 1,1%;
a de bens intermediários 0,4%; e a bens semi e não
duráveis, 0,9% – taxas com relação
ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. E mais:
a produção de bens de capital cresceu, na margem,
pelo terceiro mês consecutivo; e as produções
dos setores de bens duráveis e de bens intermediários
apresentaram aumento, também na margem, pelo segundo mês
consecutivo.
Se, portanto,
há um conjunto de dados que mostram que a indústria
está de fato recuperando seu crescimento, cabe indagar
se existem fatores que tiram o brilho dessa reativação.
Pode-se dizer que alguns índices estão eivados por
fatores específicos. A produção de bens de
capital reflete, em boa medida, o crescimento espetacular de caminhões
que vem sendo registrado desde o início deste ano (em contraposição
ao também espetacular recuo ocorrido no início de
2012). No setor de bens duráveis, os bons índices
de produção ainda refletem os incentivos fiscais
à produção de veículos.
Por outro
lado, o movimento de retomada da produção industrial
ainda não é generalizado: dos vinte e sete segmentos
pesquisados pelo IBGE, em dez a produção recuou
ou ficou estagnada em abril frente março, com ajuste sazonal.
Além
disso, ao se comparar abril deste ano com abril de 2012, os resultados
exuberantes da produção (24,4% em bens de capital;
14,9% em bens duráveis; 5,2% em bens semi e não
duráveis; e 5,0% em bens intermediários) se devem
à baixa base de comparação e ao fato de que
o quarto mês deste ano tem dois dias úteis a mais
do que o mesmo mês do ano passado.
Em suma, ainda
que com menos vivacidade do que alguns de seus índices
sugerem, a indústria nacional retomou sua trajetória
de crescimento. É mais provável que a produção
industrial esteja crescendo no ritmo do setor nuclear da indústria,
qual seja, o setor de bens intermediários, cujas taxas
de crescimento foram de 0,5% e 0,4%, respectivamente, em março
e abril – taxas calculadas com relação ao
mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Algo não
tão espetacular, mas muito bem-vindo.
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