4 de junho de 2013

Indústria
Sem dúvida, a volta do crescimento


  

 
A indústria brasileira voltou a trilhar o caminho do crescimento, como mostram os dados do IBGE divulgados hoje. No entanto, a intensidade dessa retomada deve ser vista com ressalvas, pois ela está “inflada”, ou ainda, ela reflete efeitos de fatores pontuais que estão “jogando para cima” os resultados da atividade industrial.

A nova trajetória de crescimento é marcada pelo segundo resultado positivo da produção industrial em abril (1,8%), após o aumento de 0,8% em março – taxas de variação calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Na comparação com abril de 2012, a atividade produtiva da indústria avançou 8,4% em abril deste ano.

Observa-se também que o último mês de abril foi positivo para todos os grandes setores da indústria: a produção de bens de capital cresceu 3,2%; a de bens duráveis, 1,1%; a de bens intermediários 0,4%; e a bens semi e não duráveis, 0,9% – taxas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. E mais: a produção de bens de capital cresceu, na margem, pelo terceiro mês consecutivo; e as produções dos setores de bens duráveis e de bens intermediários apresentaram aumento, também na margem, pelo segundo mês consecutivo.

Se, portanto, há um conjunto de dados que mostram que a indústria está de fato recuperando seu crescimento, cabe indagar se existem fatores que tiram o brilho dessa reativação. Pode-se dizer que alguns índices estão eivados por fatores específicos. A produção de bens de capital reflete, em boa medida, o crescimento espetacular de caminhões que vem sendo registrado desde o início deste ano (em contraposição ao também espetacular recuo ocorrido no início de 2012). No setor de bens duráveis, os bons índices de produção ainda refletem os incentivos fiscais à produção de veículos.

Por outro lado, o movimento de retomada da produção industrial ainda não é generalizado: dos vinte e sete segmentos pesquisados pelo IBGE, em dez a produção recuou ou ficou estagnada em abril frente março, com ajuste sazonal.

Além disso, ao se comparar abril deste ano com abril de 2012, os resultados exuberantes da produção (24,4% em bens de capital; 14,9% em bens duráveis; 5,2% em bens semi e não duráveis; e 5,0% em bens intermediários) se devem à baixa base de comparação e ao fato de que o quarto mês deste ano tem dois dias úteis a mais do que o mesmo mês do ano passado.

Em suma, ainda que com menos vivacidade do que alguns de seus índices sugerem, a indústria nacional retomou sua trajetória de crescimento. É mais provável que a produção industrial esteja crescendo no ritmo do setor nuclear da indústria, qual seja, o setor de bens intermediários, cujas taxas de crescimento foram de 0,5% e 0,4%, respectivamente, em março e abril – taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Algo não tão espetacular, mas muito bem-vindo.
 

 
Segundo dados do IBGE, a indústria brasileira avançou 1,8% em abril comparativamente ao mês anterior, na série com dados dessazonalizados, após alta de 0,8% em março. Na comparação com abril de 2012, houve avanço da produção industrial em 8,4%. No acumulado dos quatro meses iniciais de 2013, a indústria brasileira assinalou expansão de 1,6% e, no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em abril frente a igual período imediatamente anterior, a produção industrial mostrou redução no ritmo de queda frente às marcas registradas em fevereiro (–1,9%) e março (–2,0%).

Dentre as categorias de uso, na comparação com março e com ajuste sazonal, a produção de bens de capital (3,2%) obteve a expansão mais elevada em abril. Os segmentos de bens consumo duráveis (1,1%) e de bens de consumo semi e não duráveis (0,9%) também apresentaram crescimento em abril. O setor produtor de bens intermediários (0,4%) apontou o avanço mais moderado nesse mês.

No confronto com igual mês do ano anterior, bens de capital (24,4%) e bens de consumo duráveis (14,9%) apontaram as taxas mais positivas no índice mensal. A produção de bens de consumo semi e não duráveis (5,2%) e de bens intermediários (5,0%) também mostraram crescimento significativo.

No acumulado de 2013 até abril, a produção de bens de capital (13,4%) e de bens de consumo duráveis (4,5%) foram as categorias com maior variação. A produção de bens intermediários (0,4%) apontou avanço menos acentuado que o da média da indústria (1,6%), enquanto o segmento de bens de consumo semi e não duráveis, com redução de 1,6%, assinalou o único resultado negativo no índice acumulado no ano.

 

 
Em comparação a março de 2013, com dados dessazonalizados, foi verificado alta no nível de produção em 17 dos 27 ramos produtivos contemplados na pesquisa do IBGE. Os destaques positivos ficaram em veículos automotores (8,2%), máquinas e equipamentos (7,9%) e alimentos (4,8%). Outras contribuições positivas relevantes vieram de edição, impressão e reprodução de gravações (4,6%), perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (9,0%), celulose, papel e produtos de papel (1,8%) e outros produtos químicos (1,0%). As principais pressões negativas sobre a média da indústria vieram de bebidas (–5,9%) e material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–6,5%).

Na comparação com o mesmo mês de 2012, a indústria avançou 8,4%, com expansão em 23 das 27 atividades pesquisadas. Os principais impactos positivos ocorreram nos ramos de veículos automotores (23,9%), máquinas e equipamentos (18,1%), refino de petróleo e produção de álcool (11,7%), alimentos (7,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (18,9%), borracha e plástico (13,3%), outros equipamentos de transportes (16,1%), outros produtos químicos (4,2%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (19,5%) e equipamentos de instrumentação médico–hospitalar, ópticos e outros (23,7%). Entre as quatro atividades que reduziram a produção, os principais impactos negativos vieram de: indústrias extrativas (–8,3%), edição, impressão e reprodução de gravações (–5,8%) e metalurgia básica (–2,1%).

No acumulado do ano até abril, o avanço de 1,6% da produção global da indústria cresceu 1,6% refletiu o crescimento em 13 dos 27 ramos investigados. Os principais impactos positivos foram observados em veículos automotores (15,2%), refino de petróleo e produção de álcool (8,4%), outros equipamentos de transporte (8,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (8,4%), máquinas e equipamentos (2,7%) e borracha e plástico (5,2%). Entre as 13 atividades que reduziram a produção, os principais impactos foram em indústrias extrativas (–6,5%), edição, impressão e reprodução de gravações (–9,1%) e metalurgia básica (–5,7%).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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