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O custo dos bens de inversão não é o único
fator levado em conta e muito menos é preponderante nas
decisões de investir. Os empresários avaliam o futuro
e se a rentabilidade esperada é favorável podem
tender para a efetivação do investimento mesmo com
custos altos dos bens de capital e de construção.
No Brasil, onde o custo do investimento não para de crescer,
a força do seu mercado interno e as perspectivas de ganhos
em atividades domésticas é fator para que a inversão
progrida, embora a um ritmo que todos sabem é insatisfatório.
Mesmo assim o país perde, porque diante de alternativas
de aplicação de capital em outras economias de menor
custo o Brasil especializa-se em atrair inversões para
as últimas etapas das cadeias produtivas, visando as vendas
de bens finais em seu mercado.
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O
Brasil registrava em 1985, um dos menores preços do investimento
(índice de 30,8, o mais baixo dentre 52 países),
menor inclusive que o da China;
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Em
2000, o preço do investimento estava em 48,9, já
equivalente ao trigésimo nono mais alto de um total de
54 países. O índice era um pouco abaixo do registrado
pela África do Sul, mas superava os patamares observados
pelos demais países dos BRICS, bem como pelos países
do ASEAN-4 – Filipinas, Indonésia, Malásia
e Tailândia;
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De
2003 em diante o preço do investimento passou a crescer,
mesmo com apreciação cambial, que costuma baratear
os bens de capital transacionáveis – máquinas
e equipamentos, de modo que, em 2008, alcançou 83,4,
então o segundo maior patamar registrado desde 1950,
ficando aquém apenas do observado em 1953;
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Em
2010, o preço da inversão atingiu 94,3, superando
o nível de 2008 e colocando o Brasil como “país
caro” para se investir, posicionando-se no décimo
terceiro mais elevado em 54 países, acima do registrado
por quatro países do G7 (EUA, Alemanha, Itália
e Reino Unido) e dos Tigres Asiáticos, dos integrantes
do ASEAN-4 (exceto Indonésia) e dos demais BRICS.
Cabe observar
que os dados mais recentes das contas nacionais acusam incremento
do deflator da FBCF e mesmo da FBCF em máquinas e equipamentos,
indicando que o encarecimento do investimento no Brasil vem tendo
continuidade. Como atenuante, de 2009 a 2011, o deflator de M&E
tem subido menos do que o da FBCF em geral. Em 2012, o deflator
da FBCF em M&E, certamente refletindo a desvalorização
do Real, subiu 4,4%, enquanto o da FBCF como um todo, 4,2%. Na
média de 2009 a 2012 o deflator de M&E aumentou por
ano 2,4% e o da FBCF, 4,9%, denotando a necessidade de que para
interromper e reverter o processo de crescente aumento do custo
de investir o Brasil deve se debruçar sobre a evolução
do preço da FBCF que não máquinas e equipamentos,
vale dizer, em construção e instalação.
Deve também redobrar esforços para baratear o investimento
em máquinas e equipamentos e compensar o Real menos valorizado
através de políticas de redução de
custos de bens de capital, depreciação acelerada
para os investimentos em máquinas e equipamentos e menores
custos de financiamento.
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