Os dados da produção industrial regional divulgados
hoje pelo IBGE trazem uma nova luz para a análise da evolução
recente da indústria nacional e abrem novas perspectivas
para este ano. Ao se tomar a série que compara trimestre
com trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal, observa-se
que a produção no estado de São Paulo cresce
desde o terceiro trimestre do ano passado: 1,5%, 1,1% e 1,1%,
respectivamente, no terceiro e quarto trimestres de 2012 e primeiro
trimestre deste ano. Caminhando nesse ritmo, a produção
da indústria paulista fechará o ano de 2013 com
crescimento em torno de 4,0%, uma taxa que, se não é
tão exuberante, já que viria para recompor a retração
de 3,8% registrada na produção da indústria
de São Paulo em 2012, é uma taxa que deixa claro
que o maior parque industrial do País está reagindo
e, provavelmente, entrando numa trajetória de expansão
mais consistente de suas atividades produtivas.
Movimento
semelhante também pode ser visto no Rio de Janeiro, também
um dos maiores centros industriais do País. Na mesma comparação,
qual seja, trimestre com relação ao trimestre imediatamente
anterior com ajuste sazonal, a produção industrial
do estado fluminense também vem crescendo desde o terceiro
trimestre do ano passado: 1,9%, 1,9% e 1,7%, nessa ordem, no terceiro
e quarto trimestres de 2012 e primeiro trimestre deste ano. Nesse
passo, a produção industrial no Rio fecharia o ano
de 2013 com expansão em torno de 5,5%, uma taxa que também
recomporia a forte queda registrada em 2012 (–4,7%).
A pergunta
que aparece aqui é a seguinte: se esses dois centros industriais
(São Paulo e Rio de Janeiro), com expressiva participação
na produção industrial do País, já
dão sinais mais claros de melhoras, por que tais sinais
não aparecem nos resultados da indústria brasileira
como um todo? A resposta encontra-se, por um lado, no desempenho
das indústrias regionais do Nordeste e Sul no final do
ano passado e, por outro, no desempenho das indústrias
de Minas Gerais e do Espírito Santo no início deste
ano.
De fato, no
último trimestre do ano passado, a produção
industrial caiu 1,0% no Nordeste (–1,3% no Ceará
e –5,4% em Pernambuco), 3,2% no Paraná e 4,1% no
Rio Grande do Sul – todas as taxas calculadas com relação
ao trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal. No primeiro
caso, ou seja, no Nordeste, as principais influências negativas
vieram dos segmentos de metalurgia básica, alimentos e
bebidas e têxteis. No Paraná e Rio Grande do Sul,
os ramos industriais que mais puxaram para baixo o resultado do
quarto trimestre de 2012 foram: caminhões, chassis de caminhões,
autopeças e livros, no primeiro estado; e carne de aves
e bovina, automóveis, refino de petróleo, metalurgia
e calçados, no estado gaúcho.
Em Minas,
a produção industrial vinha apresentando o melhor
desempenho do segundo semestre de 2012: 2,5% e 2,6% no terceiro
e quarto trimestres, respectivamente. Neste início de ano,
sobretudo devido ao desempenho desfavorável dos segmentos
de metalurgia, extrativa mineral (notadamente minério de
ferro) e automóveis, a produção da indústria
mineira recuou 5,9% no primeiro trimestre de 2013. Por sua vez,
no Espírito Santo, a produção caiu 5,6% no
acumulado dos três primeiros meses deste ano (após
crescer 3,8% no quarto trimestre de 2012), também devido,
em grande medida, aos reveses da indústria extrativa e
da metalurgia – uma vez mais, todas as taxas calculadas
com relação ao trimestre imediatamente anterior
com ajuste sazonal.
Ou seja, se
considerarmos os resultados positivos de São Paulo e Rio
de Janeiro, já que são estados que possuem indústrias
mais diversificadas, a perspectiva para a indústria brasileira
como um todo neste ano de 2013 começa a ficar melhor. No
entanto, o exposto acima deixou clara a importância das
indústrias regionais para o bom desempenho do setor industrial
do País. Além disso, evidencia-se também
que a indústria nacional vem refletindo, em boa parte,
a evolução da produção de estados
em que o peso das commodities industriais é forte (Minas
e Espírito Santo), a qual está, com se sabe, mais
sujeita às oscilações que ocorrem nos mercados
internacionais desse tipo de bem.
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aqui o texto completo desta Análise.