9 de maio de 2013

Indústria Regional
A relevância dos centros
industriais regionais


   

 
Os dados da produção industrial regional divulgados hoje pelo IBGE trazem uma nova luz para a análise da evolução recente da indústria nacional e abrem novas perspectivas para este ano. Ao se tomar a série que compara trimestre com trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal, observa-se que a produção no estado de São Paulo cresce desde o terceiro trimestre do ano passado: 1,5%, 1,1% e 1,1%, respectivamente, no terceiro e quarto trimestres de 2012 e primeiro trimestre deste ano. Caminhando nesse ritmo, a produção da indústria paulista fechará o ano de 2013 com crescimento em torno de 4,0%, uma taxa que, se não é tão exuberante, já que viria para recompor a retração de 3,8% registrada na produção da indústria de São Paulo em 2012, é uma taxa que deixa claro que o maior parque industrial do País está reagindo e, provavelmente, entrando numa trajetória de expansão mais consistente de suas atividades produtivas.

Movimento semelhante também pode ser visto no Rio de Janeiro, também um dos maiores centros industriais do País. Na mesma comparação, qual seja, trimestre com relação ao trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal, a produção industrial do estado fluminense também vem crescendo desde o terceiro trimestre do ano passado: 1,9%, 1,9% e 1,7%, nessa ordem, no terceiro e quarto trimestres de 2012 e primeiro trimestre deste ano. Nesse passo, a produção industrial no Rio fecharia o ano de 2013 com expansão em torno de 5,5%, uma taxa que também recomporia a forte queda registrada em 2012 (–4,7%).

A pergunta que aparece aqui é a seguinte: se esses dois centros industriais (São Paulo e Rio de Janeiro), com expressiva participação na produção industrial do País, já dão sinais mais claros de melhoras, por que tais sinais não aparecem nos resultados da indústria brasileira como um todo? A resposta encontra-se, por um lado, no desempenho das indústrias regionais do Nordeste e Sul no final do ano passado e, por outro, no desempenho das indústrias de Minas Gerais e do Espírito Santo no início deste ano.

De fato, no último trimestre do ano passado, a produção industrial caiu 1,0% no Nordeste (–1,3% no Ceará e –5,4% em Pernambuco), 3,2% no Paraná e 4,1% no Rio Grande do Sul – todas as taxas calculadas com relação ao trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal. No primeiro caso, ou seja, no Nordeste, as principais influências negativas vieram dos segmentos de metalurgia básica, alimentos e bebidas e têxteis. No Paraná e Rio Grande do Sul, os ramos industriais que mais puxaram para baixo o resultado do quarto trimestre de 2012 foram: caminhões, chassis de caminhões, autopeças e livros, no primeiro estado; e carne de aves e bovina, automóveis, refino de petróleo, metalurgia e calçados, no estado gaúcho.

Em Minas, a produção industrial vinha apresentando o melhor desempenho do segundo semestre de 2012: 2,5% e 2,6% no terceiro e quarto trimestres, respectivamente. Neste início de ano, sobretudo devido ao desempenho desfavorável dos segmentos de metalurgia, extrativa mineral (notadamente minério de ferro) e automóveis, a produção da indústria mineira recuou 5,9% no primeiro trimestre de 2013. Por sua vez, no Espírito Santo, a produção caiu 5,6% no acumulado dos três primeiros meses deste ano (após crescer 3,8% no quarto trimestre de 2012), também devido, em grande medida, aos reveses da indústria extrativa e da metalurgia – uma vez mais, todas as taxas calculadas com relação ao trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal.

Ou seja, se considerarmos os resultados positivos de São Paulo e Rio de Janeiro, já que são estados que possuem indústrias mais diversificadas, a perspectiva para a indústria brasileira como um todo neste ano de 2013 começa a ficar melhor. No entanto, o exposto acima deixou clara a importância das indústrias regionais para o bom desempenho do setor industrial do País. Além disso, evidencia-se também que a indústria nacional vem refletindo, em boa parte, a evolução da produção de estados em que o peso das commodities industriais é forte (Minas e Espírito Santo), a qual está, com se sabe, mais sujeita às oscilações que ocorrem nos mercados internacionais desse tipo de bem.
 

 
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de fevereiro para março, a produção industrial aumentou em oito dos catorze locais pesquisados. Os avanços mais acentuados foram registrados nos estados de Paraná (5,4%), Minas Gerais (4,4%), Pernambuco (2,6%), Rio de Janeiro (2,5%) e Amazonas (2,5%). Os estados da Bahia (0,8%), São Paulo (0,6%) e região Nordeste (0,5%) apresentaram também variações positivas. Por outro lado, os recuos podem ser observados nos estados de: Pará (–3,8%), Goiás (–2,8%), Rio Grande do Sul (–1,3%) e Ceará (–1,0%) – todas as taxas calculadas com ajuste sazonal.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, onze dos catorze locais mostraram queda na produção em março. Os recuos mais intensos foram observados nos estados do Pará (–14,0%) e no Espírito Santo (–13,1%), pressionadas pelo comportamento negativo principalmente dos setores extrativos, metalurgia básica e celulose. Outros estados que também apontaram queda foram: Ceará (–6,8%), Santa Catarina (–6,2%), Rio Grande do Sul (–5,3%), Paraná (–4,4%), Minas Gerais (–4,0%) e Pernambuco (–3,7%), Goiás (–3,2%), São Paulo (–2,6%) e região Nordeste (–2,6%). Por outro lado, Amazonas (1,6%), Bahia (1,4%) e Rio de Janeiro (1,1%) apontaram as taxas positivas.

A produção industrial acumulada no primeiro trimestre de 2013 apresentou recuou em nove das catorze localidades. Os recuos mais intensos foram observados nos estados do Espírito Santo (–11,5%), Pará (–5,7%), Paraná (–4,6%). Pernambuco (–2,6%), Santa Catarina (–2,5%), Minas Gerais (–1,5%), Amazonas (–1,1%), Rio Grande do Sul (–1,0%) e região Nordeste (–0,9%), completam a regiões que apresentaram queda. Por outro lado, os avanços podem ser observados nos estados de: Rio de Janeiro (5,7%), Bahia (2,2%) e Ceará (1,7%) assinalaram os avanços mais intensos no acumulado dos três meses do ano, enquanto São Paulo (0,4%) e Goiás (0,4%) registraram taxas positivas mais moderadas.

Nos últimos doze meses até março, a produção industrial acumula queda em dez das catorze localidades. As localidades que registram as maiores quedas são: Espírito Santo (–8,5%), Amazonas (–6,8%), Paraná (–6,0%) e Rio Grande do Sul (–4,7%), enquanto Bahia (2,9%) e região Nordeste (0,4%).

 

 
Pará. Em março, frente janeiro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial paraense apresentou recuo de 3,8%. No confronto com março de 2012, constatou–se recuo de 14,0%, taxa influenciada principalmente pelos setores: indu´strias extrativas (–14,2%), metalurgia ba´sica (–16,6%), celulose, papel e produtos de papel (–38,7%) e madeira (–20,1%). No acumulado no ano de 2013 a produção industrial recuou (5,7%), com destaque para a queda nos setores de: celulose, papel e produtos de papel (–32,0%), madeira (–24,4%) e metalurgia básica (–9,7%).

Espírito Santo. Em março, a indústria capixaba apresentou recuo de (0,3%), com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 13,1%, taxa impulsionada pelos setores de: metalurgia ba´sica (–42,2%), alimentos e bebidas (–28,2%) e indu´strias extrativas (–5,6%). No acumulado no ano de 2013 a produção industrial recuou (11,5%), com destaque para a queda nos setores de:
metalurgia ba´sica (–38,7%), alimentos e bebidas (–24,5%), celulose, papel e produtos de papel (–8,0%) e minerais na~o–meta´licos (–4,4%).

Amazonas. Em março, frente fevereiro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial amazonense apresentou alta de 2,5%. No confronto com março de 2012, constatou–se avanço de 1,6%, taxa influenciada pelos setores: alimentos e bebidas (27,7%), máquinas e equipamentos (16,2%) e refino de petróleo e produção de álcool (13,5%). No acumulado do ano em 2013 a produção industrial atingiu alta de (0,4%), destaque para a alta no setor de alimentos e bebidas (9,3%).

 

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI na seção Economia e Indústria do site do IEDI


Leia no site do IEDI: Efeitos da Dupla Assimetria Cambial na Indústria Brasileira – Estudos de Casos - Estudo que mostra as consequências, do ponto de vista dos empresários da indústria brasileira, da dupla assimetria cambial existente na economia brasileira, que possui moeda apreciada ao mesmo tempo em que compete com países concorrentes que praticam uma política cambial agressiva, com taxa de câmbio real sobre-desvalorizada.