10 de abril de 2013

Emprego Industrial
Em compasso de espera


   

 
Pelo segundo mês consecutivo, o emprego industrial medido pelo IBGE ficou estagnado. De fato, após variação nula em janeiro, o número de ocupados na indústria brasileira também não saiu do lugar no mês de fevereiro – comparações feitas com o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal.

Como resultado, no primeiro bimestre deste ano, o emprego industrial acumula queda de 1,2% frente ao mesmo período de 2012, caracterizando um movimento que vai num sentido contrário daquele observado na produção industrial no acumulado de janeiro-fevereiro, cuja expansão foi de 1,1%.

Para ser mais preciso, o cenário de início de ano da indústria é o seguinte: a produção apresentou forte oscilação (pois marcada por fatores pontuais), com ligeira tendência de crescimento, ainda muito tímido; o emprego manteve a evolução que vem sendo registrada, mais claramente, desde o segundo semestre de 2012, qual seja, de estagnação com ligeira tendência de queda.

O que se tem observado nos últimos dois anos até o momento é que a produção tenta sair dos níveis baixíssimos em que se encontra (vale lembrar, uma vez mais, que o nível de produção de fevereiro último ainda permaneceu aquém daquele registrado em setembro de 2008, quando do agravamento da crise financeira internacional) e o emprego tenta se segurar e não ceder tanto ao andamento da produção, na expectativa de um cenário mais promissor num futuro próximo.

Nos próximos meses, o mais provável é que o emprego industrial continuará apresentando esse mesmo desempenho, esperando uma retomada mais consistente das atividades produtivas da indústria. Se tal retomada demorar muito, ou seja, se ela não ficar mais evidente ainda neste semestre, então é mais provável que o emprego ceda mais e entre numa trajetória mais declinante ao longo deste ano.

Em alguns segmentos da indústria, o recuo do emprego no primeiro bimestre foi muito mais dramático. A ocupação apresentou quedas significativas nos ramos de vestuário (–6,8%), têxtil (–5,7%), madeira (–5,4%), refino de petróleo e gás (–4,6%) e calçados e couros (–4,3%). E o movimento de encolhimento da ocupação é generalizado nesse período: em onze dos dezoito ramos pesquisados pelo IBGE, o emprego industrial recuou.

Por sua vez, das catorze localidades que fazem parte da pesquisa do IBGE, em onze houve retração da ocupação industrial no primeiro bimestre deste ano – sempre na comparação com igual bimestre de 2012. As principais influências negativas vieram da Região Nordeste (–5,0%), puxada pela queda, principalmente, da ocupação no segmento de alimentos e bebidas; São Paulo (–1,0%); Rio Grande do Sul (–3,1%), em grande medida, pelo recuo do emprego nos segmentos de máquinas e equipamentos e de calçados e couro; Pernambuco (–9,5%), muito devido ao recuo dos ocupados no segmento de alimentos e bebidas; e Bahia (–4,3%), influenciada, sobretudo, pela retração do emprego em calçados e couro.
 

 
Em fevereiro, o total dos ocupados na indústria geral ficou estagnado em relação ao mês anterior, a partir de dados livres dos efeitos sazonais. No confronto entre fevereiro 2013 e fevereiro 2012, verificou–se queda dos ocupados assalariados em 1,2%, a décima sétima variação negativa consecutiva. No primeiro bimestre de 2013, a variação foi de –1,2%. Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, a ocupação na indústria total decresceu 1,5%.

Regionalmente, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve decréscimo do pessoal assalariado ocupado na indústria em dez dos quatorze locais pesquisados. O principal impacto negativo ocorreu na região Nordeste (–5,3%), seguida por São Paulo (–1,0%), Rio Grande do Sul (–3,1%), Pernambuco (–10,5%) e Bahia (–4,4%). O Paraná (1,4%) apontou a contribuição positiva mais relevante sobre o emprego industrial do país.

No acumulado do ano, frente o mesmo período de 2012, onze locais apresentaram queda da ocupação industrial, com destaque para região Nordeste (–5,0%) apontou o principal impacto negativo, seguida por São Paulo (–1,0%), Rio Grande do Sul (–3,1%), Pernambuco (–9,5%) e Bahia (–4,3%). Paraná (1,7%) exerceu a pressão positiva mais importante.

Em termos setoriais, em fevereiro, o total do pessoal ocupado assalariado recuou em 11onze dos dezoito ramos pesquisados, com destaque para as pressões negativas vindas de vestuário (–6,3%), têxtil (–6,0%), calçados e couro (–5,2%), outros produtos da indústria de transformação (–4,1%), madeira (–5,1%), meios de transporte (–1,3%) e refino de petróleo e produção de álcool (–5,0%). Os principais impactos positivos sobre a média da indústria foram observados nos setores de alimentos e bebidas (0,7%) e de borracha e plástico (2,7%).

  

 
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas na indústria, na passagem de janeiro para fevereiro, apresentou resultado positivo (0,1%), após registrar queda de 0,2% em janeiro, em comparação feita a partir de dados livres de efeitos sazonais. No confronto com igual mês do ano passado, o número de horas pagas recuou 2,3% em fevereiro. No primeiro bimestre, frente o mesmo período de 2012, a queda foi de 1,8%.

Folha de Pagamento Real. Na passagem entre janeiro para fevereiro de 2013, a folha de pagamento real registrou alta de 2,8%. O indicador mensal (mês/mesmo mês do ano anterior) assinalou acréscimo de 2,5%. No acumulado do ano até fevereiro, houve alta de 1,6% e no acumulado dos últimos 12 meses, de 3,8%.

 

 

 

 

 

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