2 de abril de 2013

Indústria
Quase nada


  

 
A produção da indústria brasileira apresentou um movimento de gangorra neste início de ano. Após um aumento de 2,6% em janeiro, a produção industrial recuou 2,5% em fevereiro – taxas relativas ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal. E mais: se, em janeiro, dezoito dos vinte e sete ramos industriais pesquisados pelo IBGE apresentaram crescimento da produção, em fevereiro, ocorreu um movimento contrário, com quinze ramos assinalando queda da produção.

Como explicar esse início de ano? Como se sabe, o expressivo crescimento de janeiro decorreu, em grande medida, dos desempenhos dos setores de bens de capital e de bens duráveis – no primeiro caso, influenciado quase que exclusivamente pela retomada da produção de bens de capital para transporte (caminhões), e, no segundo caso, pelos incentivos do IPI concedidos a veículos automotores.

Já, em fevereiro, enquanto a produção do ramo de bens de capital para transporte permaneceu avançando – ainda num processo de recomposição de estoques –, a de bens duráveis caiu, puxada pela retração de 9,1% das atividades produtivas do ramo de veículos automotores (dada a perspectiva da redução dos incentivos do IPI) – taxa também calculada com relação ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal.

Ou seja, há fatores pontuais que, em boa medida, tornaram mais volátil a série de dados da produção industrial neste início de ano. De qualquer modo, pode-se observar que o cenário da indústria nacional ainda é muito desfavorável no limiar de 2013. De fato, ao se tomar os resultados da produção dos setores de bens intermediários e de bens semi e não duráveis, os quais estão, relativamente, menos “contaminados” por tais fatores pontuais, observa-se que a indústria foi muito mal no primeiro bimestre ou, se tanto, teve uma melhora diminuta ou quase nada.

No caso de bens intermediários, após o aumento de 1,2% em janeiro, a produção recuou 1,3% em fevereiro. No setor de bens semi e não duráveis, o pequeno crescimento de 0,2% em janeiro foi sucedido por uma queda forte de 2,1%. No primeiro bimestre, acumulam-se quedas de 0,3% e 1,5%, respectivamente, nesses dois setores.

Mas, o que esperar para os próximos meses deste ano? Permanece a perspectiva de que a indústria apresentará melhores resultados ainda neste primeiro semestre, fechando o ano com resultados positivos em boa parte de seus ramos produtivos, com destaque para a retomada do setor de bens da capital (em boa parte de suas modalidades), do segmento de veículos automotores e, dentro de bens intermediários, do segmento de refino de petróleo e produção de álcool. Tal perspectiva é traçada levando-se em consideração uma evolução mais robusta da economia brasileira neste ano, como também um cenário externo mais benigno.

Leia aqui o texto completo desta Análise.