Diferentemente do ano passado, a indústria brasileira abre
este ano com resultados positivos. De fato, se em janeiro de 2012
a produção industrial caiu 2,1%, refletindo a retração
das atividades produtivas nos setores de bens de capital (–17,9%),
bens duráveis (–3,7%) e bens intermediários
(–2,2%) – no setor de bens semi e não duráveis,
a produção cresceu 0,7% naquele ano –, em
janeiro de 2013, a produção industrial cresceu 2,5%,
com expansão da produção em todos os seus
setores: no setor de bens de capital, o aumento foi de 8,2%; no
de bens duráveis, de 2,5%; no de bens intermediários,
de 0,9%; e no de bens semi e não duráveis, de 0,2%
– todas as taxas calculadas com relação ao
mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Esse crescimento
de 2,5% da produção industrial em janeiro, divulgado
hoje pelo IBGE, deve ser bem recebido. Ele representa uma reação
da indústria: dezoito dos vinte e sete ramos industriais
pesquisados pelo IBGE apresentaram crescimento da produção
em janeiro. Mas, ao mesmo tempo, ele deve ser interpretado com
cuidado, pois dois fatores estão “jogando para cima”
o desempenho da indústria brasileira neste início
de ano. O primeiro deles tem a ver com a baixa base de comparação.
O segundo está ligado ao desempenho específico de
alguns poucos setores.
Como se sabe,
a produção industrial fechou 2012 com forte retração
(–2,6%), com queda das atividades em grande parte de seus
ramos. E pior: ela terminou 2012 perdendo ritmo, ou melhor, no
último trimestre do ano, a produção industrial
assinalou retração. A indústria como um todo
trabalhou, portanto, com níveis relativamente baixos de
produção no ano passado, marcadamente nos seus últimos
meses, o que faz com que a produção de janeiro,
quando comparada a esse período, apresente um “salto”
maior.
No entanto,
mais significativo para explicar o aumento de janeiro último
é o desempenho de alguns ramos da indústria nacional.
O setor de bens de capital, por exemplo, cresceu 8,2% em janeiro
frente a dezembro (com ajuste sazonal) e 17,3% frente a janeiro
de 2012. São taxas expressivas, mas que refletem o comportamento
de um segmento específico. De fato, com relação
a janeiro do ano passado, o crescimento de 17,3% decorreu praticamente
da produção de bens de capital para transporte (aumento
de 61,3%!), já que, nos demais segmentos produtores de
bens de capital, com exceção de bens de capital
para energia (+8,6%), a produção recuou (–3,9%
na produção de bens de capital para a indústria;
–18,5% na produção de bens de capital para
a agricultura; –31,5% na produção de bens
de capital para a construção; –1,9% na produção
de bens de capital para uso misto). E esse amento de bens de capital
para transporte deveu-se, basicamente, à retomada da produção
de caminhões, que, em 2012, teve sua produção
reduzida por conta da antecipação das compras ocorridas
em 2011 (já que, em 2012, passariam a valer novas normas
técnicas para tais veículos).
Outro ramo
que merece ser destacado, pois também contribuiu muito
para o resultado de janeiro, é o de veículos automotores.
Em janeiro último, a produção de tal ramo
da indústria cresceu 4,7% frente a dezembro (com ajuste
sazonal) e 39,3% frente a igual mês do ano passado. Esse
ramo está se valendo, como se sabe, dos incentivos do IPI,
ou ainda, seu desempenho tem sido, em alguma medida, favorecido
por esse fator específico que tem data para terminar.
Esses dados
indicam que ainda é cedo para se falar que a indústria
entrou numa trajetória mais robusta de crescimento. O desempenho
do setor de bens intermediários até favoreceria
um pouco essa leitura, já que ele é o de maior peso
na indústria e teve aumento bastante satisfatório
de sua produção (+0,9%) em janeiro com relação
a dezembro (com ajuste sazonal). Mas, mesmo assim, cabe esperar
e observar a evolução da produção
desse setor no primeiro trimestre para se afirmar algo nesse sentido.
De qualquer modo, como visto acima, o que se pode afirmar é
que o setor de bens de capital (e, portanto, os investimentos)
ainda não entrou, definitivamente, no caminho da recuperação.
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