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Nos quatro anos e um trimestre que nos separam da eclosão
da grande crise mundial (em setembro de 2008) o PIB teve aumento
de 9,3%, o que não pode ser considerada uma marca pujante.
A composição desse crescimento, mais do que o seu
quantitativo, é reveladora de tendências nada confortantes
da economia brasileira. Qual é a economia que está
sendo desenhada?
Consumo
x investimento.
Os últimos
dados do PIB revelam uma economia que apóia seu (baixo)
dinamismo no consumo (que cresceu 19,7% entre o terceiro de 2008
e o último trimestre de 2012) e não no investimento
que cresceu apenas 6,1% no mesmo período e caiu -2,6% nos
dois últimos anos.
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Para crescer mais e de modo mais prolongado, teria que ser o
inverso, ou seja, com muito maior dinamismo para o investimento.
Exportação
e importação
Não
é por falta de dinamismo das importações
que a economia e a indústria (que é a grande importadora
do país) não vão para frente. As importações
de bens e serviços tiveram aumento de 34,8%. Do outro lado,
a despeito de toda pujança de nossas exportações
de commodities, é dramática a timidez das nossas
exportações que tiveram aumento de somente 5,9%
Investimento
e poupança
Sendo uma
economia pouco investidora e pouco exportadora, a economia brasileira
tem também baixa poupança. Em 2012, a taxa de investimento
sobre o PIB foi de 18,1%, inferior à de 2011, 19,3%. A
taxa de poupança de 17,2% de 2011 cedeu lugar a 14,8% em
2012.
Macro
setores
A análise
do desempenho dos macro setores mostra que o país se especializa
progressivamente em serviços. Este evoluiu 11,6%. Serviços
é um setor decisivo porque, dentre outras vantagens, é
grande empregador. Seu dinamismo é, portanto, muito positivo.
Mas, uma economia onde os demais grandes setores industrial e
agropecuário caminham na contramão (o primeiro teve
aumento de apenas 2% e o segundo experimentou retração
de 0,1%) acabará sofrendo em serviços as consequências
disto.
A
festa da atividade financeira
Nosso modelo
de crescimento, apoiado no consumo e em serviços, fez a
festa do crédito e da atividade financeira. Esse segmento
liderou o crescimento em serviços (aumento de 22%, mas,
notar que nos dois últimos anos a variação
foi de apenas 1,7%). Entretanto, outros serviços de qualidade
também tiveram evolução, embora bem menor,
a exemplo, de serviços de informação (14,2%)
e educação e saúde pública (10,2%).
É muito importante que os serviços de qualidade
mantenham dinamismo, o que dependerá do melhor desempenho
dos setores produtivos demandantes de serviços.
Desindustrialização
A desindustrialização,
um fenômeno para o qual diversos autores já vinham
chamando a atenção, tornou-se um inquestionável.
A indústria de transformação, o coração
do sistema industrial, acumulou queda de 5,9% no período.
Este retrocesso decorre do modelo de alto consumo e baixo investimento
e exportação, sem que políticas industriais
e ações compensatórias no câmbio e
na competitividade industrial tenham sido implementadas exceto
nos dois últimos anos, cujos resultados ainda são
incertos e devem demorar em seus efeitos.
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