Os dados das Contas Nacionais Trimestrais divulgadas hoje pelo
IBGE mostram dois pontos muito positivos. Em primeiro lugar, o
consumo das famílias fechou o ano de 2012 em expansão
– crescimento de 1,2% no quarto trimestre frente o terceiro,
com ajuste sazonal –, o que mostra que esse “pilar”
da economia brasileira se mantém firme. Em segundo lugar,
observa-se, que teve lugar, ainda modestamente, a tão almejada
reação dos investimentos. De fato, após três
trimestres de taxas negativas (–2,2%, -0,9% e –1,9%,
respectivamente, no primeiro, segundo e terceiro trimestres de
2012), a Formação Bruta de Capital Fixo da economia
nacional cresceu 0,5% no último trimestre do ano passado
– todas as taxas calculadas com relação ao
trimestre anterior, com ajuste sazonal.
Para 2013,
olhando-se por esse lado da demanda, nossas expectativas são
de que, ao consumo das famílias, vão se juntar os
investimentos como outro pilar importante para o desempenho. No
primeiro caso, projetamos um crescimento médio trimestral
de 1,2% ao longo de 2013 (ou seja, mantém-se a taxa do
quarto trimestre de 2012), o que resultaria numa taxa anual de
cerca de 5,0% do consumo das famílias. Para os investimentos,
uma perspectiva conservadora seria uma evolução
em 2013 da mesma ordem da queda em 2012, ou seja, 4%, ou aproximadamente
1% de acréscimo em média a cada trimestre. Essas
taxas de crescimento do consumo das famílias e dos investimentos
são compatíveis com uma evolução da
ordem de 3,0% do PIB em 2013 – ou até mais: algo
como 3,5% se não houver um excessivo vazamento do dinamismo
interno para fora do país através do descompasso
entre o crescimento das importações e das exportações,
como ocorreu nos últimos anos e, em menor medida, em 2012.
Os dados do
IBGE também mostram um lado negativo da economia brasileira.
Ao se observar o ano de 2012, fica claro onde o Brasil claudicou.
Do ponto de vista da demanda, o entrave vem dos investimentos:
queda de 4,0% da Formação Bruta de Capital Fixo.
Do ponto de vista setorial, os setores da Agropecuária
(–2,3%) e da Indústria (–0,8%) puxaram o PIB
de 2012 para baixo. Vale destacar que, dentro da Indústria,
o valor adicionado da Indústria de Transformação
recuou 2,5%, um dos piores resultados dos últimos quinze
anos, e o da Extrativa Mineral caiu 1,1% – o valor adicionado
do setor de Produção e Distribuição
de Eletricidade Gás e Água e do setor da Construção
(os outros dois componentes da Indústria) cresceram, respectivamente,
3,6% e 1,4%; portanto, foram esses dois setores que “impediram”
uma retração maior do valor adicionado da Indústria
como um todo em 2012.
Em 2013, espera-se
uma reação do setor Agropecuário, uma reação
que mais do que compense a queda de 2012. Por sua vez, se, no
ano passado, o desempenho da Extrativa Mineral assustou, a expectativa
é que haja uma recuperação em 2013, devido
à melhoras, sobretudo, no cenário internacional.
Já a Indústria de Transformação também
deverá crescer em 2013 (algo em torno de 2,5%), o que não
a deixará em posição muito confortável,
já que vem de um crescimento pífio em 2011 (0,1%)
e desastroso em 2012 (–2,5%, como supracitado). Uma preocupação
vem da Construção, já que se observa uma
nítida desaceleração de suas atividades.
Após um crescimento exuberante de 11,6% em 2010, o valor
adicionado da Construção cresceu 3,6% em 2011 e
aumentou somente 1,4% em 2012. O agravante é que, no último
trimestre do ano passado frente ao imediatamente anterior (com
ajuste sazonal), o valor adicionado da Construção
caiu 0,5%, ou seja, as atividades desse segmento vieram perdendo
ritmo nos últimos anos e fecharam 2012 com queda.
Por fim, mas
não menos importante, vale destacar a retração
de 9,1% de Máquinas e Equipamentos no ano de 2012. Esse
principal componente da Formação Bruta de Capital
Fixo (com participação de 50% – a Construção
é o segundo componente, com participação
de 44% na FBCF) não somente reflete grande parte dos investimentos
conduzidos pelo setor privado industrial, mas também nos
diz o que ocorreu com a produtividade da indústria nacional.
Em outras palavras, a queda de 9,1% de Máquinas e Equipamentos
explica, em boa medida, a produtividade negativa do setor industrial
brasileiro em 2012 e, dada sua magnitude, dá a dimensão
do esforço que deverá ser realizado pela Indústria
em 2013 para reverter um quadro que já lhe é desfavorável.
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