1º de março de 2013

PIB
O que os últimos números
do PIB projetam para 2013


   

 
Os dados das Contas Nacionais Trimestrais divulgadas hoje pelo IBGE mostram dois pontos muito positivos. Em primeiro lugar, o consumo das famílias fechou o ano de 2012 em expansão – crescimento de 1,2% no quarto trimestre frente o terceiro, com ajuste sazonal –, o que mostra que esse “pilar” da economia brasileira se mantém firme. Em segundo lugar, observa-se, que teve lugar, ainda modestamente, a tão almejada reação dos investimentos. De fato, após três trimestres de taxas negativas (–2,2%, -0,9% e –1,9%, respectivamente, no primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2012), a Formação Bruta de Capital Fixo da economia nacional cresceu 0,5% no último trimestre do ano passado – todas as taxas calculadas com relação ao trimestre anterior, com ajuste sazonal.

Para 2013, olhando-se por esse lado da demanda, nossas expectativas são de que, ao consumo das famílias, vão se juntar os investimentos como outro pilar importante para o desempenho. No primeiro caso, projetamos um crescimento médio trimestral de 1,2% ao longo de 2013 (ou seja, mantém-se a taxa do quarto trimestre de 2012), o que resultaria numa taxa anual de cerca de 5,0% do consumo das famílias. Para os investimentos, uma perspectiva conservadora seria uma evolução em 2013 da mesma ordem da queda em 2012, ou seja, 4%, ou aproximadamente 1% de acréscimo em média a cada trimestre. Essas taxas de crescimento do consumo das famílias e dos investimentos são compatíveis com uma evolução da ordem de 3,0% do PIB em 2013 – ou até mais: algo como 3,5% se não houver um excessivo vazamento do dinamismo interno para fora do país através do descompasso entre o crescimento das importações e das exportações, como ocorreu nos últimos anos e, em menor medida, em 2012.

Os dados do IBGE também mostram um lado negativo da economia brasileira. Ao se observar o ano de 2012, fica claro onde o Brasil claudicou. Do ponto de vista da demanda, o entrave vem dos investimentos: queda de 4,0% da Formação Bruta de Capital Fixo. Do ponto de vista setorial, os setores da Agropecuária (–2,3%) e da Indústria (–0,8%) puxaram o PIB de 2012 para baixo. Vale destacar que, dentro da Indústria, o valor adicionado da Indústria de Transformação recuou 2,5%, um dos piores resultados dos últimos quinze anos, e o da Extrativa Mineral caiu 1,1% – o valor adicionado do setor de Produção e Distribuição de Eletricidade Gás e Água e do setor da Construção (os outros dois componentes da Indústria) cresceram, respectivamente, 3,6% e 1,4%; portanto, foram esses dois setores que “impediram” uma retração maior do valor adicionado da Indústria como um todo em 2012.

Em 2013, espera-se uma reação do setor Agropecuário, uma reação que mais do que compense a queda de 2012. Por sua vez, se, no ano passado, o desempenho da Extrativa Mineral assustou, a expectativa é que haja uma recuperação em 2013, devido à melhoras, sobretudo, no cenário internacional. Já a Indústria de Transformação também deverá crescer em 2013 (algo em torno de 2,5%), o que não a deixará em posição muito confortável, já que vem de um crescimento pífio em 2011 (0,1%) e desastroso em 2012 (–2,5%, como supracitado). Uma preocupação vem da Construção, já que se observa uma nítida desaceleração de suas atividades. Após um crescimento exuberante de 11,6% em 2010, o valor adicionado da Construção cresceu 3,6% em 2011 e aumentou somente 1,4% em 2012. O agravante é que, no último trimestre do ano passado frente ao imediatamente anterior (com ajuste sazonal), o valor adicionado da Construção caiu 0,5%, ou seja, as atividades desse segmento vieram perdendo ritmo nos últimos anos e fecharam 2012 com queda.

Por fim, mas não menos importante, vale destacar a retração de 9,1% de Máquinas e Equipamentos no ano de 2012. Esse principal componente da Formação Bruta de Capital Fixo (com participação de 50% – a Construção é o segundo componente, com participação de 44% na FBCF) não somente reflete grande parte dos investimentos conduzidos pelo setor privado industrial, mas também nos diz o que ocorreu com a produtividade da indústria nacional. Em outras palavras, a queda de 9,1% de Máquinas e Equipamentos explica, em boa medida, a produtividade negativa do setor industrial brasileiro em 2012 e, dada sua magnitude, dá a dimensão do esforço que deverá ser realizado pela Indústria em 2013 para reverter um quadro que já lhe é desfavorável.
  

 
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro atingiu R$4,4 trilhão a preços de mercado em 2012. No quarto trimestre frente ao trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal, o PIB assinalou incremento de 0,6%. Frente ao quarto trimestre de 2011, a alta foi 1,4%. No acumulado do ano, o PIB brasileiro acumulou um avanço de 0,9%.

Ótica da oferta. No quarto trimestre frente ao terceiro trimestre de 2012, com dados livres dos efeitos da sazonalidade, o valor adicionado (VA) do setor de Serviços cresceu 1,1%. Nessa mesma comparação, o valor adicionado da Indústria cresceu bem menos (0,4%) e o da Agropecuária registrou queda de 5,2%%.

Em relação ao quarto trimestre de 2011, o valor adicionado da Agropecuária decresceu 7,5% no último trimestre do ao passado, devido ao desempenho dos produtos agrícolas cujas safras são significativas no período e que registraram variação negativa na estimativa de produção anual de 2012 foram: trigo (–23,3%), fumo (–15,6%), cana (–5,6%), laranja (–4,3%) e mandioca (–4,0%).
O valor adicionado da Indústria manteve-se praticamente estável (0,1%), resultado decorrente do aumento de 4,1% do VA do setor de Produção e Distribuição de Eletricidade Gás e Água; do recuo de 0,2% do VA da Construção; da queda de 0,5% do VA da Indústria de Transformação; e da forte retração do VA da indústria extrativa (–1,9%). O valor adicionado dos Serviços assinalou alta de 2,2% na mesma comparação, impulsionada pelas atividades de: Outros serviços (3,8%), Serviços de informação (2,8%) e Administração, saúde e educação pública (2,5%), Serviços imobiliários e aluguel (1,3%) e comércio (1,1%).

No ano de 2012, o valor adicionado caiu nos setores da Agropecuária (–2,3%) e da Indústria (–0,8%); nos setor de Serviços houve aumento (1,7%) do VA em 2012.

Ótica da Demanda. Na passagem do terceiro trimestre para o quarto trimestre de 2012, com dados dessazonalizados, a Despesa de Consumo da Administração Pública e a Despesa de Consumo Das Famílias cresceram, respectivamente, 0,8% e 1,2%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF), por sua vez, teve alta de 0,5%. Em relação ao setor externo, as importações de bens e serviços obtiveram alta em 8,1% e as exportações, de 4,5%.

Já no quarto trimestre de 2012 frente ao mesmo período de 2011, a Despesa de Consumo da Administração Pública apresentou crescimento de 3,1% e a Despesa de Consumo Das Famílias, de 3,9%. A Formação Bruta de Capital Fixo, por sua vez, registrou queda de 4,5%. Pelo lado da demanda externa, tanto as exportações (2,1%) quanto as importações de bens e serviços (0,4%) apresentaram aumento.

No ano de 2012, o Consumo do governo cresceu 3,2%, seguido pelo consumo de famílias (3,1%). A Formação Bruta de Capital Fixo apresentou forte retração em 2012 (–4,0%). Em relação a demanda externa, tanto as exportações (0,5%) como as importações (0,2%) apresentaram ligeiras taxas de crescimento.

 

 
Participação no PIB. Pela ótica da oferta, entre o terceiro trimestre de 2012 e o quarto trimestre de 2012, destaca–se o setor de Serviços, que partiu de uma participação de 57,5% e chegando a 59,5%. A Agropecuária, por sua vez, reduziu sua participação de 4,2% para 3,3%. O setor industrial, decresceu 0,4 p.p. ,obtendo participação de 22,4%.

Já na ótica da demanda, o maior destaque no quarto trimestre é Consumo o governo obteve alta de 0,8 p.p. em relação ao PIB. O maior componente continua sendo o Consumo das Famílias com 61,7% do PIB, seguido pelo Consumo do Governo (25,0%) e FBKF (17,7 %).

 

 

 

 

 

 

 

 

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