Com exceção de 1992 e 2009, anos em que o PIB brasileiro
caiu, a retração de 2,7% da produção
industrial em 2012 é o pior resultado registrado na série
histórica do IBGE, iniciada em 1992. Ou seja, desconsiderando
aqueles dois anos de recessão da economia brasileira, a
indústria não amargava, nos últimos vinte
anos, uma queda de sua produção da dimensão
e da natureza (retração generalizada) como a vista
no ano passado.
É uma
crise profunda, explicitada pela perda de parcelas do mercado
interno para os produtos importados (estudo do Banco Central mostra
que, em 2011, 100% da expansão dos mercados internos de
bens manufaturados foi capturada pelo bem importado – e
muito provavelmente isso não mudou em 2012) e pelo encolhimento
das exportações nacionais de bens tipicamente produzidos
pela indústria manufatureira (segundo estudo do IEDI, tais
exportações recuaram 2,6% em 2012).
Vale dizer,
em 2012, viu-se a continuação da forte concorrência
do produto importado no mercado doméstico, ao que se somou
uma queda das exportações da indústria nacional
– derivada não somente pelo fraco desempenho dos
mercados externos no mundo, mas também pelo acirramento
da concorrência nesses mercados –, os quais são
indicadores da baixa competitividade de nossa indústria.
Além
disso, a retração de aproximadamente 4,0% dos investimentos
na economia brasileira em 2012 contribuiu decididamente para o
desempenho negativo da produção, já que todo
investimento é “carregado” de produtos da indústria.
Para piorar
esse cenário, no final de 2012, a indústria nacional
não melhorou. Na passagem de novembro para dezembro, a
produção ficou estagnada (0,0%), com retração
nos setores de bens de capital (–0,8%), bens intermediários
(–0,1%) e bens de consumo duráveis (–0,5%)
– somente o setor de bens de consumo semi e não duráveis
apresentou variação positiva, de 0,9% (todas as
taxas calculadas com ajuste sazonal).
E havia a
expectativa de que o quarto trimestre de 2012 fosse melhor, assim
como fora o terceiro. Mas isso não ocorreu: no último
trimestre do ano passado, a produção encolheu 0,3%
frente ao terceiro (com ajuste sazonal). Isso significa que a
indústria não somente teve um dos piores anos de
sua história recente, como encerrou 2012 sem mostrar uma
reação mais consistente de sua produção
– mesmo diante das medidas do governo para estimular a atividade
industrial, sem as quais o desempenho do setor seria ainda mais
adverso.
Ou seja, o
final de 2012 não projeta uma trajetória de crescimento
mais robusto da indústria em 2013. O que esperar para este
ano? Avaliamos que a indústria não irá repetir
o resultado do ano passado. O corrente ano será mais positivo
para a produção industrial, sobretudo em razão
dos ajustes de estoques que já foram realizados em diferentes
segmentos industriais, com exceção de bens de capital,
e diante da perspectiva da retomada dos investimentos da economia
brasileira, tal como indica o forte aumento das consultas de novos
financiamentos junto ao BNDES.
Isso não
significa dizer que a indústria viverá um ano de
bonança, pois a pressão do produto estrangeiro no
mercado interno e em mercados de exportação brasileiros
deverá ser mantida, muito embora comecem a aparecer os
primeiros resultados das medidas de redução de custos
adotadas pelo governo em 2012. Um crescimento modesto –
como 2,5% – nos parece ser o mais indicativo das tendências
atuais. Mas, sobretudo, o que deve ser sublinhado é que
2013 ainda está em aberto para a indústria nacional.
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