28 de janeiro de 2013

Investimento
Melhores perspectivas para o investimento


  

 
Dados divulgados pelo BNDES mostram uma evolução expressiva de seus recursos liberados para os projetos entre 2011 e 2012: 12,2% ou, em termos reais, 5,4%. Os desembolsos alcançaram R$ 156 bilhões no ano passado e R$ 139 bilhões no ano anterior. O ponto que deve ser salientado, contudo, diz respeito aos números das consultas feitas pelas empresas ao BNDES para fins de obtenção de recursos. A evolução das consultas reflete a intenção de investir dos empresários, sendo, portanto, um indicador do investimento futuro. As sondagens ao BNDES por parte dos empresários abrangem desde inversões curtas, até as que serão efetivadas em um período longo de tempo. Acreditamos que um prazo médio como um ano seja razoável como referência entre consultas e inicio da realização do investimento, entendida a realização do investimento como a produção do ativo ou do bem de inversão objeto da decisão de investir.

Pois bem, o valor das consultas em 2012 aumentou nada menos do que 60% com relação a 2011, com grande aceleração no segundo semestre (variação de 85%). Entre o primeiro e o segundo semestre do ano passado a elevação chegou a 65%, em parte porque o governo reduziu a taxa de referência dos financiamentos do BNDES (a TJLP) e diminuiu a taxa de programas incentivados pelo Banco, como o “PSI” (Programa de Sustentação do Investimento, criado na crise de 2009), que teve sua taxa de juros fixada em apenas 2,5%. A elevação desta taxa para 3,5% em 1º de janeiro foi um fator adicional de corrida ao banco no segundo semestre do ano passado. Outro fator extra de pedidos de financiamento originou-se de uma ação anticíclica que levou à criação do Programa de Financiamento dos Investimentos dos Estados (o Proinvest).

Ainda que se leve em consideração esses fatores, o aumento das intenções de contratação de financiamento foi muito expressivo e generalizado entre os setores da indústria e dos serviços, levando a um otimismo maior quanto a uma possível aceleração do investimento na economia brasileira no corrente ano. Vai na mesma direção o aumento das operações de financiamento para compra de bens de capital (Finame) nos últimos meses do ano. Os dados sugerem uma aceleração maior no segundo semestre. Reforça essa tendência a constatação de que há um nítido reforço da demanda de financiamento de grandes projetos junto ao BNDES, denotando que os setores mais intensivos em capital retornam com grandes programas de inversão.

São exemplos, os ramos de extração e derivados de petróleo (programas da Petrobrás); setor farmoquímico e farmacêutico; equipamento de informática, eletrônico e ótico; outros equipamentos de transporte; saneamento; eletricidade e gás; transporte aéreo; transporte aquaviário e telecomunicações. Grandes ausências são notadas no setor de veículos, para o qual a política industrial anunciou um regime todo especial (o Regime Automotivo).

Também se nota a ausência em ramos produtores de insumos fundamentais (como celulose e papel, metalurgia, química, minerais não metálicos) nos quais a política industrial resiste em atuar. Em insumos básicos o IEDI vem defendendo uma forte política orientada para o barateamento dos seus custos. Sendo a base de diversas outras cadeias produtivas, a redução de custos nesse caso aumentaria a competitividade não só dos ramos do próprio setor como em bens finais – bens de capital e bens de consumo – que, por isso, poderiam conviver com níveis menores de tarifas de importação, o que, por seu turno, colaboraria uma rodada à frente para o barateamento adicional do investimento e da produção realizada no país. Como o governo vem adotando uma política de desoneração tributária, poderia passar a eleger a área de insumos básicos como prioridade número um para este fim. Esta seria uma diretriz que do nosso ponto de vista teria maior abrangência e eficácia do que incentivar a compra de bens de consumo ou mesmo desonerar a folha de salários que, indubitavelmente, traz benefícios ao setor produtivo.

Para algumas interpretações, a ação do BNDES em 2012 tão somente deslocou financiamento de outras fontes. Contudo, a análise dos números de seu desempenho sugere que a atuação do banco de fomento foi além, concorrendo para que projetos antes engavetados estejam sendo revisitados pelos empresários.
 

 

 

 

 

 

 

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